Ameaça

Trump diz que vai destruir Coreia do Norte se ''não tiver escolha''

Na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente dos EUA chamou regime norte-coreano de depravado e pediu que comunidade internacional se esforce para isolar Coreia do Norte até que ''comportamento hostil'' acabe

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
Donald Trump discursa durante 72ª Assembleia Geral das Nações Unidas
Donald Trump discursa durante 72ª Assembleia Geral das Nações Unidas (Donald Trump discursa durante 72ª Assembleia Geral das Nações Unidas)

NOVA YORK - O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que vai "destruir totalmente" a Coreia do Norte, caso não tenha outra escolha, em seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, ontem.

"Os Estados Unidos têm grande força e paciência, mas se forem forçados a defender a si ou a seus aliados, não teremos outra escolha além de destruir totalmente a Coreia do Norte", disse.

Trump, que chamou o regime de Kim Jong-Un de "depravado", afirmou que "é hora de Coreia do Norte aceitar que a desnuclearização é o único futuro possível". Ele agradeceu à China e à Rússia por terem votado a favor de impor sanções contra o regime, após um teste nuclear realizado no mês de setembro.

Trump ainda defendeu que a comunidade internacional deve "fazer mais" contra a Coreia do Norte. "É hora de as nações trabalhem juntas para isolar o regime de Kim até que ele cesse seu comportamento hostil", afirmou, chamando o comportamento de Kim de "missão suicida".

Em sua fala, que durou 41 minutos, Trump disse que o desenvolvimento de mísseis balísticos e armas nucleares por parte da Coreia do Norte "ameaça o mundo todo".

Crítica à China

Em uma crítica velada à China, o presidente disse: "É um ultraje que algumas nações não só façam comércio com esse regime, mas forneçam armas, suprimentos e apoio financeiro a um país que põe o mundo em risco".

De acordo com a agência Reuters, apenas um diplomata da delegação norte-coreana ficou dentro da sala enquanto Trump fazia seu discurso. Ja Song Nam, embaixador da Coreia do Norte na ONU, foi visto saindo do local antes da fala do líder norte-americano.

Interesses nacionais

Em sua fala, Trump também foi categórico ao dizer que vai defender os interesses dos Estados Unidos acima de tudo.

"Sempre colocarei a América primeiro. Assim como vocês, líderes de seus países, devem sempre colocar seus países em primeiro lugar."

"Todos os líderes têm a obrigação de servir os seus cidadãos", disse, pedindo que os países-membro da ONU trabalhem em conjunto e em harmonia, mas enfatizando que os Estados Unidos não vão permitir que outros "tirem vantagem" do país.

'America first'

Conforme o que foi adiantado pela Casa Branca, o discurso de Trump marca sua mais recente tentativa de expor sua visão "América Primeiro" – em contraste ao multilateralismo defendido pela ONU.

A fala de Trump defende uma política externa norte-americana focada em reduzir burocracias globais, baseando alianças em interesses compartilhados e desviando Washington de exercícios de construção de Estados no exterior.

O mandatário enfatizou, em sua fala, os tempos "perigosos" e as novas ameaças que o mundo vive, ao afirmar que os terroristas e extremistas chegaram a todos os cantos do planeta.

Trump também fez uma crítica aos regimes "desonestos", que apoiam terrorismo e ameaçam outros países, sem mencionar diretamente nenhuma nação. "Nações soberanas permitem que as pessoas tenham controle do seu próprio destino."

Após o seu discurso, Trump tem um encontro com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e também com o emir do Qatar – país que vem sofrendo um intenso embargo de vizinhos do Oriente Médio, por supostamente apoiar grupos terroristas.

Crítico

Trump criticou a ONU em diversas ocasiões, especialmente durante sua campanha eleitoral. "Onde se veem as Nações Unidas? Alguma vez consertaram algo? É só como um jogo político", disparou Trump em um comício no ano passado. O republicano também é contrário ao "tratamento que a ONU destina a Israel", especialmente no caso de assentamentos.

Já como presidente eleito, ele defende uma reforma no sistema da organização, com o objetivo central de reduzir a contribuição norte-americana para a ONU, e não deixou de falar disso em seu discurso, chamando de "injusto" o financiamento do organismo.

Os Estados Unidos são o principal financiador da ONU, criada no final da Segunda Guerra Mundial, mas Trump ameaça reduzir drasticamente esses fundos. Hoje, os EUA contribuem com 28,5% do orçamento das operações de paz, de US$ 7,3 bilhões, e com 22% dos US$ 5,4 bilhões do orçamento que mantém a organização funcionando.

Para o secretário-geral da ONU, a medida criaria "um problema insolúvel" para a instituição. Segundo alguns diplomatas, por exemplo, uma redução pela metade do orçamento do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), que depende em 40% da contribuição americana, ficaria inoperante.

Frase

“Se formos forçados, teremos que destruir totalmente a Coreia do Norte”

Donald Trump
Presidente dos Estados Unidos

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Correlata

Temer diz que reformas tornarão Brasil 'mais aberto'

Presidente brasileiro fez o discurso de abertura da 72ª assembleia geral da ONU. 'Novo Brasil que está surgindo das reformas é um país mais aberto ao mundo', afirmou

NOVA YORK - O presidente Michel Temer afirmou que houve uma redução de mais de 20% no desmatamento da Amazônia no último ano no discurso de abertura da 72ª assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na manhã de ontem, em Nova York.

Ele declarou que o "novo Brasil" que está surgindo das reformas será "mais aberto" ao mundo. Temer também falou sobre a Coreia do Norte, a crise na Venezuela e negociações de paz no Oriente Médio.

"O Brasil orgulha-se de ter a maior cobertura de florestas tropicais do planeta. O desmatamento é questão que nos preocupa, especialmente na Amazônia. Nessa questão temos concentrado atenção e recursos. Pois trago a boa notícia de que os primeiros dados disponíveis para o último ano já indicam diminuição de mais de 20% do desmatamento naquela região. Retomamos o bom caminho e nesse caminho persistiremos”, declarou. Leia discurso de Temer na íntegra.

A afirmação na ONU acontece após o seu governo ser acusado por organizações não-governamentais e ambientalistas de ceder a interesses comerciais em detrimento do meio ambiente com a publicação do decreto sobre a extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) e liberação da exploração mineral em parte da área.

A reserva, entre os estados do Amapá e do Pará, foi criada em 1984 e tem mais de 4 milhões de hectares. A região tem potencial para exploração de ouro e outros minerais, entre os quais ferro, manganês e tântalo. Após as críticas, o governo fez um novo decreto, com algumas mudanças práticas, embora tenha mantido a extinção da reserva e a liberação da exploração mineral em parte da área.

'Novo Brasil'

O presidente brasileiro também destacou as reformas que seu governo está implementando. "O Brasil atravessa momento de transformações decisivas. Com reformas estruturais, estamos superando uma crise econômica sem precedentes. Estamos resgatando o equilíbrio fiscal. E, com ele, a credibilidade da economia. Voltamos a gerar empregos. Recobramos a capacidade do Estado de levar adiante políticas sociais indispensáveis em um país como o nosso", afirmou.

"Aprendemos e estamos aplicando, na prática, esta regra elementar: sem responsabilidade fiscal, a responsabilidade social não passa de discurso vazio. O novo Brasil que está surgindo das reformas é um país mais aberto ao mundo", completou.

Coreia do Norte

Temer afirmou que os recentes testes nucleares da Coreia do Norte constituem uma grave ameaça, "à qual nenhum de nós pode estar indiferente". "É urgente definir encaminhamento pacífico para situação cujas consequências são imponderáveis", observou.

O chefe de estado brasileiro, que tem encontros previstos com o premiê israelense e o Presidente da Autoridade Palestina, ressaltou que Brasil defende a criação de um estado palestino. "Amigo de palestinos e israelenses, o Brasil segue favorecendo a solução de dois Estados convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas e mutuamente acordadas."

Venezuela

Temer ainda elogiou a lei brasileira que prevê a acolhida de refugiados. "Temos, hoje, uma das leis de refugiados mais modernas do mundo. Acabamos de modernizar também nossa lei de migração, pautados pelo princípio da acolhida humanitária. Temos concedido vistos humanitários a cidadãos haitianos e sírios".

"É crucial reconhecer o nexo entre segurança e desenvolvimento", diz Temer

O presidente, que participou de um jantar com líderes americanos para discutir a questão da Venezuela, destacou que o Brasil tem recebido "milhares de migrantes e refugiados" venezuelanos.

"A situação dos direitos humanos na Venezuela continua a deteriorar-se. Estamos ao lado do povo venezuelano, a que nos ligam vínculos fraternais. Na América do Sul, já não há mais espaço para alternativas à democracia. É o que afirmamos no Mercosul, é o que seguiremos defendendo", afirmou.

Ainda sobre a América Latina, Temer falou da liderança brasileira da missão de paz da ONU no Haiti (Minustah), encerada no início de setembro.

"É crucial reconhecer o nexo entre segurança e desenvolvimento. O reconhecimento desse nexo guiou a participação do Brasil na Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti. Nesta hora em que a Minustah encerra seu mandato, a comunidade internacional deve manter o compromisso com o povo haitiano. O Brasil certamente o fará.

Comércio

Temer também defendeu um sistema de "comércio internacional aberto e baseado em regras". No fim de agosto, a Organização Mundial do Comércio (OMC) pediu que o Brasil tire em 90 dias subsídios industriais, após queixas da União Europeia e Japão contra uma série de incentivos do governo a setores da indústria nacional.

A OMC considerou inconsistentes com as regras internacionais sete medidas adotadas em maior parte durante o governo de Dilma e mantidas pelo governo Temer.

Reformas

Temer defendeu a reforma das Nações Unidas e mencionou indiretamente uma antiga reivindicação da política externa brasileira: um lugar no Conselho de Segurança.

"Não por outra razão, sustentamos, ao lado de tantos países, o imperativo de reformar as Nações Unidas. É particularmente necessário ampliar o Conselho de Segurança, para ajustá-lo às realidades do século 21. Urge ouvir o anseio da grande maioria desta Assembleia", disse.

Antes de Temer, se pronunciaram o secretário-geral da ONU, o português António Guterres, e o presidente da Assembleia Geral, o eslovaco Miroslav Lajcák.

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