Ministério Público

Na presença de Temer, Raquel Dodge reafirma compromisso com o combate à corrupção

Nova procuradora-geral da República tomou posse sem a presença do antecessor, Rodrigo Janot

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
Raquel Dodge tomou posse em frente ao presidente Michel Temer
Raquel Dodge tomou posse em frente ao presidente Michel Temer (Michel Temer)

BRASÍLIA - A nomeada procuradora-geral da República, Raquel Dodge, tomou posse nesta segunda-feira, 18, às 8h. Ela substitui Rodrigo Janot, que deixa o cargo após quatro anos na chefia do Ministério Público Federal (MPF). Inicialmente, a posse estava prevista para as 10h30, mas o horário foi alterado para garantir a presença do presidente da República, Michel Temer, na cerimônia.

O termo de posse foi assinado por ela e Temer, em cerimônia da PGR. O ex-procurador-geral, Rodrigo Janot não participou da cerimônia. "O Ministério Público deve promover justiça, zelar pela democracia, zelar pelo bem comum e pelo meio ambiente. Assegurar a voz a quem não tem e garantir que ninguém esteja acima da lei e ninguém esteja abaixo da lei", disse.

Em seu discurso de posse, Dodge disse que o Ministério Público tem "o dever de cobrar dos que gerenciam o gasto público que o façam de modo honesto, eficiente e probo, ao ponto de restabelecer a confiança das pessoas nas instituições de governança". Sobre este assunto, ela citou uma fala do papa Francisco, na qual o pontífice ensina que "a corrupção não é um ato, mas uma condição, um estado pessoal e social, no qual a pessoa se habitua a viver".

"O corrupto está tão fechado e satisfeito em alimentar a sua autossuficiência que não se deixa questionar por nada nem por ninguém. Constituiu uma autoestima que se baseia em atitudes fraudulentas. Passa a vida buscando os atalhos do oportunismo, ao preço de sua própria dignidade e da dignidade dos outros. A corrupção faz perder o pudor que protege a verdade, a bondade e a beleza", acrescentou.

“Estou certa de que o MP continuará a receber do Poder Executivo e do Congresso Nacional o apoio indispensável ao aprimoramento das leis e das instituições republicanas e para o exercício de nossas atribuições."

Ela destacou que o MP tem o dever desempenhar bem todas suas funções. "A situação continua difícil, pois [os brasileiros] estão expostos à violência e à insegurança pública, recebem serviços públicos precários, pagam impostos elevados, encontram obstáculos no acesso à Justiça, sofrem os efeitos da corrupção, têm dificuldade de se auto-organizar, mas ainda almejam um futuro de prosperidade e paz social."

Logo após a posse, o presidente Michel Temer embarcou em viagem oficial aos Estados Unidos. Lá, ele se encontra com o presidente norte-americano, Donald Trump, e participará na terça-feira (19) da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

Na noite da chegada, Michel Temer janta com o presidente norte-americano, Donald Trump. Também participarão do encontro os presidentes peruano, Pedro Pablo Kuczynski, e colombiano, Juan Manuel Santos.

Na terça-feira, 19, Temer participa da 72ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque. Ele será o primeiro entre os líderes mundiais a discursar, seguindo tradição mantida desde 1947, quando o ministro das Relações Exteriores brasileiro Oswaldo Aranha foi o primeiro a presidir o encontro.

Delação de Joesley visava derrubar Temer

O procurador da República Ângelo Goulart Villela, em entrevista para a Folha de S. Paulo, a primeira após deixar a prisão, disse que Rodrigo Janot fez o acordo de delação com a JBS com o objetivo de derrubar o presidente Michel Temer e impedir a nomeação de Raquel Dodge para substituí-lo no cargo de procurador-geral.

De acordo com ele, em uma conversa com Janot, o ex-procurador afirmou: “A minha caneta pode não fazer meu sucessor, mas ainda tem tinta suficiente para que eu consiga vetar um nome”. Segundo Villela, Janot “tinha pressa e precisava derrubar o presidente". "O Rodrigo [Janot] tinha certeza que derrubaria."

Villela ficou preso por 76 dias sob a suspeita de vazar informações do Ministério Público para a JBS. Ele deixou a cadeia no dia 1º de agosto. “A desonra dói muito mais que o cárcere”, disse ao jornal. Ele foi alvo da Operação Patmos, na qual foi denunciado por corrupção passiva, violação de sigilo funcional e obstrução de Justiça.

Em sua delação, Joesley Batista, da JBS, disse que Villela teria recebido uma "ajuda de custo" de R$ 50 mil por mês para vazar informações. Depois, porém, afirmou não saber se o dinheiro chegava ao procurador.

Villela integrava a força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga um suposto esquema de uso irregular de recursos de fundos de pensão.

Na entrevista à Folha, ele negou ter recebido propina e disse ter se aproximado da JBS para negociar delação. Segundo ele, que se disse amigo de Janot, o ex-procurador-geral chamava Dodge de "bruxa" em conversas reservadas.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.