JBS

“Foi um ato de covardia do Janot”, diz Joesley Batista, sobre prisão

Empresário-delator diz que só está preso porque decidiu mexer com poderosos e criticou a Justiça Federal, que negou pedido de Habeas Corpus em seu favor

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
Joesley Batista prestou depoimento sobre supsota fraude da JBS
Joesley Batista prestou depoimento sobre supsota fraude da JBS (joesley)

BRASÍLIA - Em depoimento à 6ª Vara da Justiça Federal em São Paulo, o empresário Joesley Batista, do grupo JBS, criticou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na sexta-feira, 15. "Eu fui mexer com os poderosos, com os donos do poder, e estou aqui agora", afirmou.

Joesley participou de audiência de custódia na investigação sobre uso de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro.

"Acho que o procurador foi muito questionado pelo motivo da nossa imunidade. Acho que foi um ato de covardia dele. Nós fizemos a maior a mais importante colaboração da história", acrescentou em depoimento.

Depois da declaração, o juiz questionou o empresário sobre o motivo do comentário, já que a audiência é sobre o processo da bolsa de valores e ações da J&F: "É a primeira vez que estou tendo oportunidade de falar", respondeu.

Eu fui mexer com os poderosos, com os donos do poder, e estou aqui agora"Joesley Batista, delator da JBS

Antes da audiência ter início, o advogado de defesa de Joesley, Pierpalo Bottini, adiantou que o empresário “pretende narrar, mais uma vez, a impressão deles dos fatos". Bottini também criticou a decisão do Tribunal Regional Federal 3, que negou na sexta-feira os dois pedidos de habeas corpus para os irmãos. De acordo com o advogado, a defesa entende a prisão dos dois como "absolutamente frágil”.

“Estamos impetrando hoje um habeas corpus no STJ [Superior Tribunal de Justiça] para tentar rever e corrigir a ilegalidade dessa prisão".

Para Bottini, ocorre um excesso da Justiça. "Não há qualquer elemento novo que justifique essa prisão. Todos os elementos que foram usados para decretar a prisão já eram do conhecimento do MP [Ministério Público] e do juiz há meses e nunca foi decretada essa prisão. Teve busca e apreensão, eles se apresentaram à Justiça, prestaram depoimento, entregaram todos os documentos, de forma que não há qualquer razão para a decretação [da prisão] nesse momento."

O advogado disse ainda não saber, ainda, para onde seu cliente será levado após a audiência. "Mas o fundamental é garantir a segurança dele. Ele é um colaborador. Colocá-lo em sistema prisional comum é temerário. Por isso, pedimos que ele fique na PF."

Joesley Batista chegou por volta das 15h30 à Justiça Federal, onde foi ouvido em audiência de custódia. A audiência começou as 16h30 e durou cerca de meia hora. Joesley reafirmou inocência. Segundo o empresário, a empresa vendeu ações no mercado no dia após a divulgação dos áudios contra Temer "como faz naturalmente". "Vendi porque precisava de caixa", explicou, negando que a intenção tenha sido obter lucro.

STF dá prazo para manifestação sobre rescisão da delação

BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin concedeu prazo de dez dias para que a defesa do empresário Joesley Batista, um dos sócios do grupo J&F, e do ex-executivo do grupo Ricardo Saud se manifeste sobre a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que anulou a imunidade penal concedida aos acusados. Apesar da decisão da Janot, a recisão precisa ser homologada pelo ministro para ter validade.

O benefício, que é a renúncia por parte da procuradoria a processar os acusados, foi anulado porque Janot concluiu que Batista e Saud omitiram da PGR informações durante o processo de assinatura do acordo de delação premiada.

Com a anulação, Joesley e Saud foram denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF) no mesmo processo que envolve o presidente Michel Temer e integrantes do PMDB. “O procurador-geral da República concluiu que houve omissão deliberada, por parte dos referidos colaboradores, de fatos ilícitos que deveriam ter sido apresentados por ocasião da assinatura do acordo”, diz trecho da denúncia.

O processo de revisão dos benefícios concedidos aos delatores da J&S foi aberto no dia 4 deste mês. Na ocasião, Janot explicou que um áudio entregue pelos advogados da empresa narra supostos crimes que teriam sido cometidos por pessoas ligadas à PGR. A gravação foi entregue, por descuido dos advogados, como uma nova etapa do acordo.

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