Cerimônia

Papa Francisco beatifica mártires colombianos vítimas da guerra

Mais de 400 mil pessoas prestigiaram a cerimônia na cidade de Villavicencio;Um dos beatificados foi o bispo Jesús Emilio Jaramillo, assassinado em 1989 por integrantes da guerrilha ELN

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Papa Francisco ao lado de imagem do bispo Jesús Emilio Jaramillo
Papa Francisco ao lado de imagem do bispo Jesús Emilio Jaramillo ( Papa Francisco ao lado de imagem do bispo Jesús Emilio Jaramillo)

BOGOTÁ - O papa Francisco beatificou, na sexta-feira.8, em Villavicencio, capital do Departamento de Meta, dois mártires colombianos vítimas da violência no país nas últimas décadas. A cerimônia foi assistida por mais de 400 mil pessoas. Como em Bogotá, o papa fez um sermão enfatizando a necessidade de "abandonar as trevas do desejo de vingança", da qual se alimentam aqueles que são contrários aos acordos de paz com as guerrilhas.

De cada lado do pontífice, durante o sermão, estavam quadros com as imagens dos dois mártires celebrados neste dia. Um dos beatificados foi o bispo Jesús Emilio Jaramillo, assassinado em 1989 por integrantes da guerrilha ELN (Exército de Liberação Nacional), com quem o Estado colombiano vem negociando um acordo de paz.

O outro é Pedro María Ramírez, que foi morto enquanto visitava doentes num hospital quando explodiu o chamado "Bogotazo", revolta popular motivada pelo assassinato do líder político Jorge Eliecer Gaitán, em 1948, inaugurando um longo período de enfrentamentos chamado de "La Violencia".

Nos últimos dias, Villavicencio foi recebendo visitantes que vieram do interior do Departamento, um dos mais atingidos pelos enfrentamentos entre a então guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), os paramilitares e o Exército. Várias famílias de pessoas deslocadas pelo conflito (os chamados "desplazados") que saíram de Meta para Bogotá ou outras capitais, também fizeram o caminho de volta à terra-natal nesta semana para ver o papa.

"Estou indo cheio de esperança, com minha mulher e sua irmã. Nossa ideia é voltar a viver em Meta, agora que a situação de violência deve melhorar e talvez possamos recuperar nosso rancho. Essa viagem para ver o papa será também para avaliarmos se já dá para nos instalarmos aí de novo", disse Willian Otero, 34, um "desplazado" de Meta que viveu os últimos dois anos em Bogotá e estava voltando para casa nesta semana, estimulado pela visita do papa.

Desde as primeiras horas da manhã, o parque onde se realizou a missa, em Catama, estava tomado por fiéis que se protegiam da leve chuva. Grupos de música folclórica local animavam os fieis à espera do pontífice.

Mais uma vez, houve quebra de protocolo na chegada do papamóvel ao local da missa, quando Francisco ordenou que o veículo parasse enquanto atravessava um corredor formado por indígenas de distintas comunidades, organizados para dar as boas-vindas.

O papa desceu do papamóvel e abraçou várias crianças indígenas, de quem também recebeu presentes.

Depois seguiu caminhando o trajeto até o local da missa. Uma variação do canto que se ouviu em Bogotá ("Francisco, hermano, ya eres colombiano") se fez ouvir em Villavicencio: "Francisco, amigo, el llano está contigo" (Francisco, amigo, a planície está contigo).

Na parte da tarde, o papa se reuniu com ex-guerrilheiros e familiares de vítimas, que fizeram relato do que sofreram.

Durante o sermão, Francisco se referiu a eles. "São a peça mais importante nesse momento de reconciliação. Quando uma vítima, ou o familiar de alguém que morreu num dos enfrentamentos vence a tentação da vingança, se transforma no principal personagem da construção da paz", disse.

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