Fauzi Beydoun - Cantor e apicultor

Entre a música e a paixão pela apicultura e a natureza

Líder da Banda Tribo de Jah vive em refúgio em sítio no Maracanã, onde passa a maior parte do tempo cuidando da criação de abelhas e outros, plantando hortaliças e frutas e fazendo suas composições

Marcio Henrique Sales / O Estado do Maranhão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Fauzi Beydoun:
Fauzi Beydoun: "Eu brinco que, apesar de não ser ludovicense, sou o único integrante da banda que não mora em São Paulo"

SÃO LUÍS - Dividido entre o reggae e a natureza. Assim é hoje a vida do paulista Fauzi Beydoun, líder da banda Tribo de Jah, fundada em São Luís em 1986 e que difundiu o reggae roots para o Brasil e o mundo. Há quase 30 anos na estrada, a banda prepara o lançamento de um DVD com 17 canções inéditas, intitulado “Confissões de um velho regueiro”. Tudo isso, enquanto administra a paixão que tem pela apicultura.

Em São Luís, o refúgio de Fauzi Beydoun é um sítio no Maracanã, onde passa a maior parte do seu tempo cuidando da criação de animais e plantando hortaliças e frutas e fazendo suas composições. “Sempre gostei da vida no campo. Tenho um sítio em São Luís e outro em São Paulo. Nunca gostei de apartamento. Sempre gostei de mexer com a terra e plantar alimentos e criar bichos”, lembra.

Aos 58 anos, Fauzi Beydoun se considera um apicultor. “Nos dois sítios que tenho crio abelhas. Sou um apicultor profissional, eu tenho até a roupa de apicultor. Adoro produzir mel. É um alimento rico e natural”, diz.

No refúgio na zona rural de São Luís, ele conhece todos os recantos e anda com desenvoltura de um lado a outro, por caminhos estreitos entre as plantas, para detalhar como funcionam as criações e plantações. “Eu gosto do campo. Aqui no sítio, além das abelhas, eu crio galinha, pato, marreco e peixes e planto batata doce, macaxeira, café, feijão, juçara e algumas frutas. Adoro, comer comida natural. Só não gosto de carne vermelha. Como muito peixe e vegetais”, explicou.

Apesar do grande sucesso da Tribo de Jah no país, o músico prefere morar em São Luís. “Eu tenho uma identificação muito grande com São Luís. Eu brinco que, apesar de não ser ludovicense, sou o único integrante da banda que não mora em São Paulo. Até meu filho Pedro Beydoun, que é maranhense e toca na banda, mora em São Paulo. Eu amo meu sítio, porque fica em um terreno de brejo cheiro de juçareiras. É simplesmente lindo”, destacou.

Sou um apicultor profissional, eu tenho até a roupa de apicultor. Adoro produzir mel. É um alimento rico e natural"

Do seu sitio no Maracanã, Fauzi Beydoun não se distancia do reggae. “A música e a natureza combinam. É no sítio que busco inspiração para a maioria das minhas composições. Eu estou no sítio, mas não estou longe da música. Aqui em São Luís, desenvolvo parcerias com outros cantores, onde misturo reggae com jazz, blus, roupa nova e outros ritmos”, comentou.

Cantor Fauzi Beydoun posa em meio a canteiros que cultiva em sítio na zona rural de São Luís
Cantor Fauzi Beydoun posa em meio a canteiros que cultiva em sítio na zona rural de São Luís

Influência
Nascido na pequena cidade paulista de Assis, em 24 de setembro de 1958, quem pensou que o gosto do artista ia parar nas canções caipiras se enganou. Assim que veio morar em São Luís, em 1994, logo foi influenciado pelo reggae roots. “Eu sempre gostei de música, mas vim para o Maranhão trabalhar como executivo de uma multinacional na área de portos. Mas, depois que conheci o reggae roots me apaixonei e decidi largar tudo para viver de música. O reggae tocado em São Luís é diferente de tudo. E a forma como se dança (agarradinho). Me encantei e disse que queria viver de música, em especial o reggae roots”, sentenciou.

Fauzi Beydoun é filho de italianos com libaneses e já morou por quatro anos na Costa do Marfim. Poliglota, o artista fala fluentemente espanhol, francês e inglês, e suas canções são compostas nesses três idiomas, além do português. Em São Luís, ele se tornou um dos maiores locutores de rádio do Maranhão.

“Eu queria trabalhar com música e (o radialista) Ademar Danilo me convidou para participar de um programa de rádio. Um ano depois apresentava o Reggae Point, na Rádio Mirante FM e o Rádio Reggae, na Rádio Mirante AM. Um ano depois, os dois programas eram os de maior audiência na rádio maranhense. Como não tinha muita internet na época, me tornei conhecido no Maranhão inteiro pela minha voz”, lembrou.

Eu gosto do campo. Aqui no sítio, além das abelhas, eu crio galinha, pato, marreco e peixes e planto batata doce, macaxeira, café, feijão, juçara e algumas frutas. Adoro, comer comida natural."

A Tribo de Jah foi formada 1986. “Para comprar os instrumentos da banda tive que pedir demissão da rádio para utilizar a indenização para adquirir os instrumentos com um sargento em São Paulo. Aí, faltavam os músicos. Já tinha visto a Banda Reflexo, formada por estudantes da Escola de Cegos do Maranhão, que tocava na Praia da Ponta d’Areia reggae, lambada, dance, serestas, merengues etc, e, após um ano ensaiando, começamos a tocar reggae roots, mas levamos cinco anos para gravar o primeiro LP (na época não existia CD). Depois veio o sucesso e somos conhecidos no Brasil inteiro e no mundo”, comentou.

A banda hoje é inspiração. “Isso me enche de orgulho, porque o reggae do Maranhão é diferente de tudo e conseguimos levar ele para o mundo inteiro. Quando a Tribo de Jah começou só existiam duas bandas de reggae no Brasil. Hoje, tem bandas em praticamente todo o país e muitas delas dizem que se inspiraram em nós. Isso me enche de orgulho”, destacou.

Além dos shows no exterior, a banda gravou os CDs “In Version” em Interlaken, na Suíça; “Reggae’n Blues” em San Diego, na Califórnia, com a participação dos músicos que acompanharam Peter Tosh, como o baixista Geroge Fullwood, o baterista Santa Davis, o guitarrista Tony Chin, entre outros. Gravou também um CD todo em inglês para o mercado externo, intitulado “Love tothe World, Peace tothe People”.

“Um dos fatos marcantes da nossa carreira é poder tocar em vários lugares do mundo e levar o reggae roots para muitos países. Já tocamos Marley Day, que é o maior festival de reggae do mundo”, recordou.

Produção
O último DVD, de 2008, gravado em Belém/PA, teve sua canção principal e título do trabalho, “Live in Amazon”, um apelo global para a questão ecológica: “Cease the fire in the forestor we allshallburn (Cessem o fogo na floresta ou vamos todos nos queimar)”, que trouxe a participação do cantor jamaicano Clinton Fearon, ex-Gladiators.

“Essa era uma lacuna que existia na nossa carreira. A Tribo não tinha um DVD gravado em São Luís e conseguimos realizar esse sonho profissional. Além do DVD do show conseguimos gravar um documentário contando a história do reggae do Maranhão, que será lançado em três idiomas”, informou.

A turnê internacional que acontecerá em 2018 já tem apresentações confirmadas na Índia, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, México entre outros"

Já o último CD, intitulado “Pedra de Salão”, lançado em 2014, fez uma reimersão na essência da cultura reggae do Maranhão como uma volta a sua origem, tentando resgatar essa cultura para os seus fãs de todo o mundo.

Em comemoração aos 30 anos da Tribo de Jah, será lançado em 2018 o DVD “Confissões de um velho regueiro”, com 17 composições inéditas e que terá uma turnê internacional.

“Queremos mostrar com esse trabalho que a banda está em seu melhor momento com o lançamento de um DVD apenas com composições inéditas e gravado em três idiomas. A turnê internacional que acontecerá em 2018 já tem apresentações confirmadas na Índia, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, México entre outros”, finalizou.

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