Provocação

Coreia do Norte promete ''mais pacotes de presente'' para os EUA

O embaixador da Coreia do Norte nas Nações Unidas, Ham Tae Song diz que ameaças nucleares vão continuar enquanto Estados Unidos segurem ''recorrendo a provocações imprudentes e tentativas fúteis de colocar pressão''

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
O líder da Coréia do Norte Kim Jong Un é visto com oficiais militares
O líder da Coréia do Norte Kim Jong Un é visto com oficiais militares ( O líder da Coréia do Norte Kim Jong Un é visto com oficiais militares )

PYONGYANG - A Coreia do Norte disse ontem que endereçou recentemente um "pacote de presente" aos Estados Unidos, e que mais virão em seguida.

Han Tae Song, embaixador da Coreia do Norte na Organização das Nações Unidas, em Genebra, fez a declaração em pronunciamento à Conferência do Desarmamento promovida pela ONU, dois dias depois que seu país conduziu seu sexto e maior teste nuclear até o momento.

"As recentes medidas de autodefesa do meu país são pacotes de presente endereçados a ninguém mais que os EUA", disse Han, ao fórum. "Os Estados Unidos continuarão a receber mais pacotes de presente do meu país enquanto continuarem recorrendo a provocações imprudentes e tentativas fúteis de colocar pressão na Coreia do Norte", disse, segundo a Reuters.

Em sua conta no Twitter, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que vai permitir a venda de uma grande quantidade de "equipamentos militares sofisticados" ao Japão e à Coreia do Sul, aliados norte-americanos que estão geograficamente perto da Coreia do Norte.

Na segunda-feira, 4, os EUA pediram "as medidas mais duras possíveis" contra a Pyongyang. "Apenas as sanções mais duras vão nos possibilitar resolver esse problema pela diplomacia", alegou a embaixadora dos EUA na organização, Nikki Haley, em uma reunião de emergência do órgão, segundo a France Presse.

"Essa crise vai além da ONU", disse Haley, que indicou que os EUA considerarão os países que façam negócios com a Coreia do Norte como órgãos que "prestam ajuda às temerárias e perigosas intenções nucleares de Pyongyang".

Tensões

A escalada de tensões entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos começa a expor diferenças na condução da resolução do conflito. Declarações de dirigentes e representantes de países mostram um posicionamento pro-diplomacia e outro mais severo com mais pressões e sanções.

Entre os que defendem a pressão, os aliados Coreia do Sul, Estados Unidos e o Japão. Perante a Organização das Nações Unidas (ONU), a representante dos EUA, embaixadora Nikki Haley, pediu novas sanções e disse que a paciência dos Estados Unidos não é “ilimitada”, ao mencionar que o país não descarta uma ameaça militar.

Ontem, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Sigmar Gabriel, disse que o mundo está diante de uma grande ameaça, e que se a Coreia do Norte prevalecer, outros países também vão começar a adquirir armas nucleares.

“Não podemos deixar que se crie um precedente. Por isso, precisamos urgentemente aumentar a pressão sobre a Coreia do Norte, para tentar negociar depois a fim de desarmar o país”, disse em Berlim, Alemanha.

Até agora, a pressão do Conselho de Segurança das Nações Unidas não fez com que o líder norte-coreano Kim Jong Un retrocedesse. Ao contrário, este ano ele realizou 14 testes de lançamento de mísseis balísticos e há uma semana um deles invadiu o espaço aéreo do Japão antes de cair no mar.

E com a suposta bomba de hidrogênio testada no domingo,3, a Coréia do Norte teria experimentado pela sexta vez uma bomba nuclear, em 11 anos.

Mais ameaças

O chanceler da França, Jean-Yves Le Drian, disse, em Paris, que os países integrantes do Conselho de Segurança acreditam que a Coreia do Norte ainda não consiga lançar um míssil que alcance a Europa e os Estados Unidos. “Mas eles já podem atingir os vizinhos, o Japão, a China”, afirmou.

Ele disse, entretanto, que a Coreia do Norte poderia conseguir lançar uma bomba nuclear para atingir a Europa em poucos meses. O ministro frisou que, embora a França tenha votado a favor das sanções contra a Coreia do Norte há um mês, é preciso encontrar um caminho para as negociações.

Já o presidente da Rússia Vladmir Putin também afirmou, em um artigo publicado no site do Kremilin, que pressionar “Pyongang é um erro!”. Ele defendeu o diálogo para a resolução do conflito.

Assim, a Rússia se aproxima do posicionamento da China, que reiteradas vezes defendeu a negociação pela via diplomática como a única via possível para a resolver o problema.

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, disse que para solucionar o conflito “a força militar nunca é uma opção e que as sanções por si só não oferecem uma saída”.

Ele afirmou que a China defende que sejam retomadas as negociações e espera que todas as partes evitem uma escalada da tensão.

Pior que Irã

O alerta sobre a real ameaça representada pela Coreia do Norte foi lançada segunda-feira,4, pelo diretor da Agência Internacional de Energia Atômica Nuclear, Yokiya Amano.

Ele afirmou que o país representa uma ameaça global e disse que a Coreia se comporta de maneira diferente e mais “difícil” que o Irã, por exemplo.

“A situação na Coreia do Norte é muito pior [do que no Irã]...Nós pensamos que esta é uma ameaça global. No passado, muitas pessoas acreditavam que essa era uma ameaça regional no noroeste do Pacífico ou nordeste da Ásia, mas é claro que agora é uma ameaça global”, disse o diretor da agência. Amano comparou os dois países e argumentou porque o problema da Coreia é pior.

“Eles se retiraram do Tratado de Não Proliferação de armas nucleares, expulsaram todos os inspetores da agência do país, estão desenvolvendo armas nucleares, mantêm testes de lançamento de mísseis e ameaçaram países”, explicou.

A seguir, ponderou que o país fez tudo isso apesar da existência de resoluções do Conselho de Segurança. “Tudo o que estão fazendo é contra as regras. Isso deve ser corrigido, mas sem mudar a abordagem, talvez seja difícil”, finalizou.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.