Artigo

Políticas públicas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36

Os economistas clássicos do século XIX acreditavam nas forças automáticas de mercado e no pleno emprego dos fatores de produção. Hoje, não é mais assim.

John Maynard Keynes (1883-1946), ao estruturar a macroeconomia, discordou dos economistas clássicos afirmando que importante era o nível de equilíbrio da renda e, como consequência, os níveis de produção.

O funcionamento da economia não se dá de forma automática. Problemas de inflação, desemprego, equilíbrio fiscal, dívida pública, são complexos e interdependentes exigindo competência e perseverança na sua solução, requisitos que estão sendo exigidos do Brasil, doravante, cuja probabilidade de passar a conviver com déficits primários é possível inclusive no próximo mandato presidencial.

O instrumental teórico disponível não é mais o mesmo desde que Keynes, em 1936, escreveu a Teoria Geral, pois os bancos centrais, a partir da crise da “bolha”, defendidos por Ben Bernanke, então presidente do Federal Reserve-FED, e Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu-BCE, passaram a adotar práticas heterodoxas em relação à economia monetária, mas estão enfrentando dificuldades à uma “porta de saída”, o que será discutido na próxima reunião do FED, a ser realizada em Jackson Hole, Wyoming, USA.

A elaboração de políticas econômicas é um processo que consiste em combinar, de forma adequada, esse instrumental, mesmo em tempos de menor intervenção do Estado na economia, pois remanesce o seu poder regulador, que permanece carente.

Praticadas em países industrializados ou não, as políticas econômicas de combate à inflação, ao desemprego, à promoção do desenvolvimento foram, sempre, de natureza monetária e fiscal. Essas políticas, ora restritivas à demanda e preços, ora de ajustamento à conjuntura vigente, tiveram por base o desempenho do balanço de pagamentos, do mercado de câmbio e do fluxo de capitais.

A política monetária, combinada com tentativas de ajuste fiscal, tem sido largamente utilizada no contexto das políticas econômicas, principalmente em países do Terceiro Mundo às voltas com processos inflacionários crônicos.

Nas ações de natureza monetária o difícil tem sido compatibilizar os objetivos de pleno emprego, de equilíbrio da renda, com estabilidade de preços: é que restrições à expansão da moeda levam à recessão e, como decorrência, ao desemprego (foi isso que o FED teria procurado evitar com o “quantitative easing”-QE).

Os instrumentos tradicionais de política monetária – auxílio à liquidez, fixação da taxa de reservas e operações de mercado aberto - sempre foram arguidos quanto à sua maior ou menor eficácia. Entretanto, a restrição do crédito, via sistema bancário, combinada com a necessidade de o governo financiar o déficit aumentando a dívida pública, tornam esses instrumentos imprescindíveis.

Importante mesmo para uma eficiente política monetária seria que não gerasse incertezas quanto ao seu direcionamento e aplicação. Se assim fosse, as empresas poderiam almejar eficiência operacional e elaborar seu planejamento sem receios de mudanças repentinas, de recuos inesperados.

O assunto continua na pauta do governo brasileiro, que tem pouco tempo para reverter as expectativas e agir.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.