Ameaça

Coreia do Norte promete mais mísseis em direção ao Japão

Kim Jong-un ignora ONU e diz que o disparo de terça-feira é apenas um "prelúdio"; ontem, Trump descartou qualquer negociação diplomática

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Foto divulgada pelo governo norte-coreano mostra míssil sendo testado
Foto divulgada pelo governo norte-coreano mostra míssil sendo testado ( Foto divulgada pelo governo norte-coreano mostra míssil sendo testado)

PYONGYANG - O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, prometeu ontem novos lançamentos de mísseis em direção ao Japão e afirmou que o disparo de terça-feira –condenado pela ONU– é apenas um "prelúdio".

O lançamento do míssil de médio alcance Hwasong-12 representa uma nova escalada na crise norte-coreana, um mês depois de Pyongyang ter lançado dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) com potencial para alcançar parte do continente americano.

Na época, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou retaliar a Coreia do Norte com "fogo e fúria". Pyongyang rebateu, apresentando plano para atacar Guam, um território americano do Pacífico onde vivem 6.000 soldados dos EUA e que abriga instalações estratégicas.

Ontem, Trump descartou qualquer negociação diplomática com a Coreia do Norte, dizendo que "conversar não é a resposta" para a crise com o país asiático.

Na terça,29, Trump havia adotado tom mais diplomático, afirmando que "todas as opções" estão sobre a mesa. No mesmo dia, o Conselho de Segurança da ONU, que impôs recentemente nova série de sanções a Pyongyang, condenou o lançamento do míssil norte-coreano.

Pequim e Moscou, dois aliados de Pyongyang, apoiaram o texto da ONU, que não prevê um reforço imediato nas sanções contra a Coreia do Norte.

Resposta

O jornal estatal norte-coreano "Rodong Sinmun" publicou ontem cerca de 20 fotos do disparo do míssil que sobrevoou o Japão. Em uma das imagens, o ditador Kim Jong-un aparece rodeado por seus conselheiros, com um mapa do noroeste do Pacífico em seu escritório.

Em outra imagem, Kim Jong-un aparece observando o míssil lançado de Sunan, próximo a Pyongyang. O projétil percorreu 2.700 quilômetros, a uma altitude máxima de 550 km, antes de cair no Pacífico.

Em nota publicada ontem, a agência de notícias norte-coreana KCNA cita Kim anunciando "mais exercícios de disparos de mísseis balísticos no futuro, com seu alvo no Pacífico".

O lançamento de terça foi "um prelúdio importante para conter Guam, base avançada da invasão", declarou Kim. Ele disse ainda que há "avanço das contramedidas" frente às manobras militares que os Exércitos americano e sul-coreano realizam na Coreia do Sul.

Pyongyang considera que esses exercícios militares são um ensaio geral de uma invasão a seu território.

É a primeira vez que Pyongyang declara ter enviado um míssil sobre o território japonês. Em 1998 e em 2009, a Coreia do Norte havia lançado foguetes que sobrevoaram o Japão mas, em ambas as ocasiões, Pyongyang havia argumentado que se tratava de veículos espaciais.

Ações ameaçadoras

Após o lançamento da Coreia do Norte, milhares de habitantes do norte do Japão acordaram nesta terça com uma mensagem de alerta do governo. Algumas pessoas chegaram a buscar abrigo em estações de metrô.

"As ações ameaçadoras e desestabilizadoras apenas aumentam o isolamento do regime da Coreia do Norte na região e entre todas as nações do mundo", disse Trump. "Todas as opções estão sobre a mesa".

Pouco depois, a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, disse que o lançamento realizado pelos norte-coreanos é "inaceitável e irresponsável".

Os 15 países do Conselho de Segurança da ONU pediram a aplicação "estrita e plena" das resoluções das Nações Unidas, incluindo as que impõem sanções econômicas à Coreia do Norte.

Segundo fontes diplomáticas, a ONU contempla a possibilidade de sancionar ainda mais Pyongyang, deportando os trabalhadores norte-coreanos empregados no exterior, ou com medidas que afetem o setor do petróleo.

Segundo uma fonte diplomática de Washington, o principal desafio da ONU é mostrar que a unidade internacional se mantém –com Moscou e Pequim– e chegar a um acordo sobre uma resposta rápida após o disparo do míssil.

O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, indicou ontem que seu país está conversando com seus sócios do Conselho de Segurança sobre qual "reação" deve ser adotada. Yi ressaltou a importância de um consenso.

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