Atrasos

Demora na entrega de mercadorias via Correios revolta consumidores

Como os produtos não chegam em suas casas, as pessoas têm ido ao centro de distribuição para solucionar o problema; mas muitas vezes não têm sucesso

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Pessoas que não conseguem receber suas mercadorias reclamam no Centro de Distribuição dos Correios
Pessoas que não conseguem receber suas mercadorias reclamam no Centro de Distribuição dos Correios (Correios)

SÃO LUÍS - O Centro de Distribuição dos Correios, localizado no bairro Jordoa, em São Luís, se tornou alvo da reclamação dos consumidores. Demora na entrega das mercadorias e até mesmo casos de extravios foram denunciados pelas pessoas, situação que vem causando a insatisfação de todos que se dirigem ao local em busca das informações.

As pessoas que adquirem mercadorias pela internet ou direto do fabricante, por via postal, têm ido constantemente ao centro de distribuição por causa da demora da chegada a seus endereços e muitas vezes se deparam com amontoados de produtos no depósito, como se não houvesse critério para separação e distribuição dos produtos

Problemas

Na manhã de sexta-feira, dia 25, O Estado esteve no local e, logo na entrada da recepção, havia várias pessoas que se estavam lá para obter esclarecimentos sobre os motivos da não entrega das suas mercadorias em suas residências. Na parte de dentro, a aglomeração era ainda maior. Senhas foram distribuídas para organizar o atendimento.

No entanto, as pessoas reclamavam da demora desse atendimento e, quando eram recebidas, nem sempre tinham uma resposta positiva, pois as mercadorias não estavam no espaço. Houve pessoas que estiveram no local mais de uma vez.

Foi o caso do militar Felipe Serejo, que relatou problemas no recebimento da sua mercadoria. Na quinta-feira, dia 24, esteve no local para recebê-la, mas não conseguiu. Teve de retornar na sexta-feira na esperança de tê-la. “O atendimento está demorando muito. Deveria melhorar para atender todos”, relatou.

Por situação ainda pior passou Carlos Magno Torres, que trabalha com móveis planejados. Ele disse que há 10 dias foi ao centro de distribuição para tentar receber uma encomenda que havia sido postada para ele em São Paulo no dia 24 de julho e já deveria ter chegado, mas não conseguiu. Na sexta-feira, ele foi ao local novamente, com o mesmo objetivo.

“Eles disseram que foram em casa e não foram atendidos, mas tinha gente lá em casa no horário. É complicada demais essa situação, pois ligamos e os Correios dizem que não sabem”, afirmou o consumidor.

O motorista Pedro Leandro Almeida também teve problemas para o recebimento da sua mercadoria. Depois de esperar por vários dias o produto que não chegava, ele foi ao centro de distribuição e, no local, recebeu a informação de que os Correios foram à sua residência deixar o produto, mas não tinha ninguém para recebê-lo. Contudo, o motorista disse que sempre há pessoas em sua casa.

Em outro dia, Pedro Leandro retornou ao centro de distribuição e foi informado de que a sua mercadoria estava dentro do caminhão pronta para ser entregue. Como ele estava no local, questionou se não poderia receber o produto na hora, mas não foi atendido.

“Eu retornei para casa para esperar e nada. No site estava escrito que a entrega não foi realizada porque não tinha ninguém na residência”, contou. Apenas após várias tentativas ele conseguiu obter o seu produto.

Coagidos

Enquanto O Estado estava no local conversando com os consumidores que relatavam as sua insatisfação com os serviços prestados pela empresa, um funcionário, identificado apenas como Ruy, e que se apresentou como o gerente, tentou impedir o trabalho jornalístico que estava sendo feito pela equipe de reportagem, não querendo que os problemas da empresa fossem denunciados e se tornassem de conhecimento público.

Porém, a tentativa de cerceamento desse funcionário não obteve sucesso. Insatisfeito, ele ainda fez registros fotográficos do veículo em que a equipe de reportagem estava, em uma clara tentativa de intimidação, que também não teve êxito. Até mesmo um vigilante do local, cuja responsabilidade é fazer a segurança do estabelecimento, tentou intimidar a equipe de reportagem, mas fracassou. Durante todo o momento, O Estado permaneceu do lado de fora da recepção conversando com as pessoas que ali se encontravam. Questionado sobre as reclamações das pessoas, o gerente informou que apenas falaria sobre o assunto se tivesse autorização para isso.

Posicionamento

Por meio de nota, a superintendência regional dos Correios informou que o atraso na entrega de alguns objetos postais se deve a um volume maior de carga destinada ao Maranhão. Até que a situação seja normalizada, a empresa disse que está realizando um plano de contingência para regularizar a distribuição, contando, inclusive, com uma força-tarefa dos empregados da área administrativa.

Outra ação informada pela superintendência foi a ampliação do horário de atendimento ao público no Centro de Entrega de Encomendas de São Luís (CEE), que, desde o início de agosto, passou a funcionar das 10h às 16h, visando tornar o atendimento interno dos Correios mais conveniente aos seus clientes. Quanto aos clientes que relataram casos de extravio de encomendas, os Correios informaram que estes devem entrar em contato com a empresa por meio de seus Canais de Atendimento ao Cliente para a apuração de cada caso, podendo haver indenização, caso o extravio seja confirmado.

A Central de Atendimento dos Correios pode ser feita por meio do telefone 3003-0100 (capitais e regiões metropolitanas) ou 0800 725 7282 (demais localidades). Pelo site, o endereço eletrônico é: www.correios.com.br/falecomoscorreios.l

SAIBA MAIS

Os Correios enfrentam uma severa crise econômica e medidas para reduzir gastos e melhorar a lucratividade da estatal estão em pauta. Ausência de funcionários e fechamentos de empresas são alguns dos reflexos. Nos últimos dois anos, a empresa apresentou prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões e desse total 65% correspondem a despesas de pessoal. Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI), visando atingir a meta de 8 mil servidores. No entanto, apenas 5,5 mil trabalhadores aderiram ao programa, segundo as informações divulgadas pela própria estatal. A atual direção geral dos Correios justifica que a atividade postal está em decadência, que as tarifas postais ficaram anos congeladas por causa da inflação e que a empresa não avançou para outra área de atuação como fizeram as do mesmo ramo no mundo. Por conta de toda a situação, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações já admitiu a possibilidade de privatizar a estatal.

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