Sem auxílio

Sem espaços adequados, idosos padecem em São Luís

Único espaço em São Luís de atendimento a idosos suporta 30 usuários; MP está cobrando ação do Governo do Estado; centro de referência será construído

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36

SÃO LUÍS - “Eu tinha família quando tinha dinheiro”, diz Gregório dos Santos, de 64 anos, que mora em uma Kombi, próximo ao Anel Viário. Ele é mais um dos muitos idosos que não podem contar com nenhum espaço digno para passarem seus dias e noites. Em São Luís, o único centro de atenção especial a idosos, o Solar de Outono, comporta apenas 30 pessoas.

Com a falta de espaço para abrigar as centenas de idosos que necessitam de abrigo para receberem os cuidados necessários, muitos por terem sua aposentadoria furtada, outros por serem sozinhos, alguns recorrem às ruas e ao pedido de esmola para comprar sua alimentação e se manterem.

No centro da capital, O Estado encontrou uma dupla de idosas, que moram no bairro Jaracati e pediram para não ser identificadas, que encontraram nas igrejas do centro histórico um abrigo para passarem o dia e conseguir trocados para se sustentarem. Ficam ali durante a semana inteira, segundo elas.

Contra essa situação, o Ministério Público está atuando e cobrando ação do Governo do Estado, já que o atual e único espaço que atende esse público não tem estrutura suficiente para comportar todos os que precisam de ajuda.

Alguns casos
Gregório dos Santos mora naquela Kombi há pouco mais de 4 anos. “Fui procurado por uma equipe da Prefeitura de São Luís, que nunca mais voltou. Tenho medo de fazerem algo comigo. Tenho de catar latinhas para tirar meu sustento de todo dia, é o jeito”, disse.

Histórias de idosos sozinhos que poderiam estar utilizando de espaços de atendimento específico se repetem por toda a Grande Ilha. É o caso de Maria de Jesus Coêlho, de 87 anos, que está sempre procurando lugares onde tenham idosos para conversarem com ela. “Meu filho terminou a faculdade e foi chamado para o Acre. Logo depois meu marido morreu. Vim morar mais perto da minha família, mas sempre vou observar as pessoas que fazem atividades físicas, dançam e fico conversando com elas, quase todo dia”, relatou.

Outro caso é o do cadeirante Júlio Viana, de 64 anos, morador da Vila Industrial. Ele diz que sempre está fazendo tudo sozinho. “Não tenho filhos, não casei... Às vezes, falo com uns amigos, mas a maior parte do tempo eu faço tudo sozinho. Sempre tento fazer atividades físicas. Confio em Deus, porque sem Ele a gente não é nada”, frisou.

Dias melhores
O Ministério Público (MP) está atuando no sentido de cobrar do Executivo Estadual a construção de um novo Centro de Atenção à Pessoa Idosa que poderá comportar muito mais usuários que as instalações existentes hoje.

Em audiência pública realizada na quarta-feira, 23, o MP discutiu a necessidade da construção do Centro de Referência Regionalizado de Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa do Maranhão, para suprir necessidades de espaço que entenda com conforto a terceira idade.

O Centro
Na ocasião, foi apresentado o projeto arquitetônico do Centro de Referência, que será construído no espaço que abriga hoje o Centro Social Urbano da Cohab (CSU) e terá uma área construída com mais de 3.000 m², vagas de garagem e área verde, com espaços adaptados, consultórios médicos, refeitório, espaço de vivência, entre outros. O terreno, que é da Prefeitura de São Luís, está sendo doado para o Estado, que deverá celebrar o termo de posse até a próxima semana.

A instalação do Centro de Referência atende a uma determinação do Ministério da Saúde. No Maranhão, o Governo do Estado editou o Decreto Nº 32.659/2017, em fevereiro deste ano, que prevê a criação do centro.

De acordo com o decreto, o centro tem a finalidade de prestar atendimento multidisciplinar à pessoa idosa de toda a região metropolitana de São Luís, oriunda das unidades básicas de saúde dos quatro municípios (São Luís, São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar). Contará com profissionais, como geriatras, neurologistas, assistentes sociais, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, professores de dança, entre outros.

O espaço terá gestão compartilhada entre as Secretarias de Estado de Desenvolvimento Social (Sedes), de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) e Saúde (SES).

Segundo o promotor de Justiça José Augusto Cutrim, o Ministério Público convocou a audiência para que os gestores dos órgãos envolvidos informassem sobre os recursos, o projeto executivo, prazo para começar a obra e população beneficiada. “Enfim, buscamos aqui as informações necessárias para que possamos fazer o devido acompanhamento desse importante projeto em favor dos direitos dos idosos”, afirmou.

Assista ao vídeo:

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