Economia

Ministério está propondo privatização da Eletrobras

Em comunicado, pasta das Minas e Energia informou que vai permitir mais competitividade e agilidade à empresa. Ministro espera que operação renda R$ 20 bilhões ao governo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36

BRASÍLIA - O Ministério de Minas e Energia informou ontem que vai propor ao governo federal a privatização da Eletrobras. Em comunicado enviado à imprensa, o ministério diz que comunicou a Eletrobras nesta terça que proporá ao conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) a "redução da participação da União" no capital da estatal.

O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que a proposta é que a participação da União na Eletrobras caia para 47% e que a expectativa é de arrecadar cerca de R$ 20 bilhões com a operação.

Segundo o ministro, será feito um aumento de capital da estatal na qual o governo não irá participar e, consequentemente, terá a participação reduzida.

Também no comunicado, o ministério aponta que, por conta da crise econômica e da situação das contas públicas, não há hoje "espaço para elevação de tarifas nem para aumento de encargos setoriais", e que "não é mais possível transferir os problemas para a população."

"A saída está em buscar recursos no mercado de capitais atraindo novos investidores e novos sócios. O governo permanecerá como acionista, recebendo dividendos ao longo do tempo. A empresa passará a dar lucro e não prejuízo, o que beneficiará estados e municípios com o aumento na arrecadação de impostos", diz o comunicado.

O texto diz ainda que "a União manterá poder de veto na administração da" Eletrobrás "garantindo que decisões estratégicas no setor sejam preservadas, tais como os encargos setoriais da CDE e o financiamento de projetos de revitalização do Rio São Francisco."

O valor de mercado da Eletrobras é estimado em R$ 19,5 bilhões, de acordo com dados da B3 considerando o fechamento das ações na sexta-feira,18.

Problemas

O Ministério de Minas e Energia afirma que a decisão de propor a redução da participação da União na Eletrobras ocorre "após profundo diagnóstico sobre o processo em curso de recuperação da empresa."

De acordo com a pasta, "as dívidas e ônus do passado se avolumaram e exigem uma mudança de rota para não comprometer o futuro da empresa."

A companhia terminou o 2º trimestre com uma dívida líquida de R$ 38,4 bilhões. Segundo a Economatica, a dívida da Eletrobras é a 4ª maior entre as empresas de capital aberto, perdendo só para Petrobras (R$ 295,3 bi), Vale (R$ 73,2 bi) e Oi (R$ 44,5 bi).

"Os problemas decorrem de ineficiências acumuladas nos últimos 15 anos, que impactaram a sociedade em cerca de um quarto de trilhão de reais, concorrendo pelo uso de recursos públicos que poderiam ser investidos em segurança, educação e saúde."

Papel da Eletrobras

A Eletrobras se transformou em um dos maiores agentes do setor elétrico brasileiro durante o governo dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

A estatal participou dos consórcios responsáveis por hidrelétricas como Belo Monte, o maior projeto do país nos últimos anos na área de geração de energia elétrica, além da construção de linhas de transmissão.

Entre o final de 2015 e outubro de 2016, a Eletrobras foi a estatal cujo valor de mercado mais cresceu: 240,6%, o equivalente a R$ 21,73 bilhões, na época, de acordo com a Economática. No final de 2015 a empresa tinha valor de mercado de 9,0 bilhões.

Entretanto, a Eletrobras registrou perdas nos últimos anos, devido à crise econômica e também às suspeitas de irregularidades em projetos em que estava envolvida - a empresa é alvo da Lava Jato, por exemplo, por indícios de desvios nas obras da usina nuclear de Angra 3.

No final do ano passado, em um desdobramento da Lava Jato, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) anunciou um acordo de leniência com a Andrade Gutierrez, executivos e ex-executivos da empreiteira, no qual eles admitem a participação em um cartel para o leilão e as obras de construção da hidrelétrica de Belo Monte.

Mais

Fique por dentro

- Hoje a União tem 51% das ações ordinárias (com direito a voto) e fatia de 40,99% no capital total da Eletrobras;

- Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e seu braço de investimentos, o BNDESPar, têm, juntos, 18,72% do capital total da empresa;

- O PPI é colegiado que trata de privatizações e concessões dentro do governo Michel Temer.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.