Benefício à população

Projeto do IFMA leva água encanada para comunidade de SL

Cerca de 80 moradores de São Raimundo do Gapara são beneficiados; Projeto Oficina Comunitária “Rede de distribuição de água” começou em 2016

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36

[e-s001]Um projeto de extensão desenvolvido por alunos e pesquisadores do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) instalou uma rede de abastecimento de água potável na comunidade de São Raimundo do Gapara, localizada na zona rural de São Luís. Na última sexta-feira, 11, os moradores comemoraram a iniciativa ao lado da equipe do IFMA e de outros colaboradores.

O Projeto Oficina Comunitária “Rede de distribuição de água”, elaborado e coordenado pelo professor André Silva, que é engenheiro mecânico, teve início em 2016. As ações foram divididas em algumas etapas. Preliminarmente, foram oferecidos para os moradores de São Raimundo do Gapara e de outras comunidades do Bacanga os cursos de Formação Inicial Continuada (FIC) de Desenhista Mecânico e de Instalador Hidráulico Residencial - um total de 25 alunos.

Após as aulas, tiveram início as oficinas laborais de instalação hidráulica. Em seguida, foi realizada a elaboração de projeto conceitual de hidráulica. Por fim, a implantação de rede de distribuição de água na comunidade foi iniciada.
A comunidade é formada por nove ruas, 40 casas e tem cerca de 80 moradores. A maioria das moradias é de taipa. As vias são de terreno arenoso, sem pavimentação. Por causa da erosão, algumas ruas são de difícil acesso. Apesar das dificuldades, o projeto já está quase concluído. Atualmente, metade das casas do bairro já recebe água encanada. A outra metade deverá ter o sistema até o início de setembro.

Antes da implantação do sistema, a comunidade só tinha fornecimento por meio de poços, sem um sistema de caixas d’água, bombas e canos que auxiliasse no abastecimento direto das casas. Para ter água em casa, os moradores eram obrigados a carregar, às vezes por alguns quilômetros de distância, baldes e latas cheios do líquido. É o que explicou a moradora Rafaela Nunes, presidente da Associação dos Produtores Rurais do São Raimundo do Gapara. “Para piorar a situação, a maioria dos poços, por não serem tão profundos, secavam durante o período de estiagem em São Luís, o que limitava o acesso à água”, relatou.

Programa de extensão
Para a execução do projeto, os pesquisadores e alunos tiveram o suporte financeiro dos programas de extensão do IFMA. Segundo o professor André Silva, cerca de R$ 28 mil foram empregados em todas as etapas. “Esse valor foi empregado para a compra de materiais das oficinas de construção da rede, aquisição da tubulação, das caixas d’água, do material elétrico, o funcionamento dos cursos FIC e todos os serviços necessários”, afirmou.

Durante o encontro com os moradores, o pró-reitor de Extensão do IFMA, Fernando Lima, destacou que a missão do Instituto é levar para a comunidade o que é tratado em sala de aula. “Tudo começou com uma pesquisa do professor André Silva, que buscava desenvolver um sistema de abastecimento que funcionasse em alto e baixo relevo. O estudo se transformou em um projeto que tem impacto na comunidade. Conseguimos envolver o poder público, a comunidade e nossos alunos. Esse é o papel da extensão”, salientou.

Transferência de tecnologia
O professor André Silva explicou que o objetivo dos cursos foi capacitar os moradores para que fossem capazes de cuidar e fazer a manutenção do sistema de água da comunidade. “Precisávamos de mão de obra para fazer o trabalho. Além disso, não queríamos apenas criar uma rede de abastecimento. Queríamos que os próprios moradores a construíssem e pudessem mantê-la. Só assim eles poderiam garantir a continuidade no fornecimento de água de suas casas”, disse.

Boa parte das escavações para a instalação dos tubos foi realizada manualmente pelos próprios moradores, que tiveram participação ativa no projeto. Devido a algumas dificuldades encontradas, como a existência de rochas no solo, foi necessário o auxílio de máquinas para a construção das valas. Também foram os moradores que construíram os pilares de sustentação das caixas d’água. O poço já existia no local, mas precisava ser limpo. Para isso, o professor André Silva pediu a colaboração da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema).

[e-s001]Solidariedade
A motivação inicial do projeto foi desenvolver um sistema de abastecimento para melhorar a qualidade de vida dos moradores. A ideia surgiu a partir de uma visita da aluna Estela Garcia à comunidade, por meio da igreja que a estudante frequenta. “É uma comunidade rural que, apesar de estar situada em São Luís, não tinha acesso a saneamento”, disse a estudante.

Outro aluno participante do projeto, Josias Silva Lima, que cursa Engenharia Civil no IFMA e já tem graduação em Física, forneceu apoio técnico para a instalação da rede. Ele é coordenador operacional do sistema de abastecimento da Caema no Anjo da Guarda e ajudou nos esforços de limpeza do poço e serviço de escavação. “Cresci em comunidade carente, na Vila Isabel. Sei da importância desse projeto para os moradores desta localidade e da importância de ter água na torneira em casa”, comentou.

A solidariedade dos alunos do IFMA foi destacada pelo vereador Chico Carvalho, que forneceu cimento para a comunidade construir os pilares de sustentação da caixa d’água. “Parabenizo a aluna do IFMA pela sensibilidade em perceber a carência do bairro e por ter se mobilizado para trazer algo realmente necessário para a vida dessas pessoas”, disse.

Coletividade
Um dos moradores mais antigos da comunidade, o trabalhador rural Eulálio Teixeira, informou que a rotina no bairro já mudou bastante, por conta do poço e da caixa d’água. “Está facilitando muito a vida de todo mundo aqui. Antes, puxava a água do fundo do poço e carregava balde d’água na cabeça, duas vezes por dia. Já moro aqui há 35 anos, e é como eu digo: antes tarde do que nunca”, disse.

Para a tesoureira da Associação dos Produtores Rurais do São Raimundo do Gapara, Rosângela Oliveira, o maior benefício que os alunos e professores do IFMA deixaram para a comunidade foi a lição de esperança. “Cheguei a esta comunidade há seis anos. Todo esse tempo carregando lata d’água na cabeça. Mas hoje tenho água no chuveiro e na torneira da minha casa”, contou. “Reconheço o trabalho do IFMA, mas, em especial, o dos moradores da comunidade, que se empenharam nas obras, inclusive as mulheres, que bateram concreto para encher os pilares, tudo para benefício coletivo de São Raimundo do Gapara”, agradeceu.

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