Tensão

Kim Jong-un recua e afasta plano para disparar mísseis contra Guam

Líder norte-coreano afirmou ontem que irá suspender por tempo indeterminado seus planos de atacar com mísseis a ilha de Guam, no Pacífico, onde os EUA têm uma base militar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Kim Jong-un adia planos de atacar o território americano de Guam
Kim Jong-un adia planos de atacar o território americano de Guam ( Kim Jong-un adia planos de atacar o território americano de Guam)

PYONGYANG - O líder norte-coreano, Kim Jong-Un, recuou e se distanciou ontem do plano para lançar mísseis contra os arredores da ilha americana de Guam, onde os EUA têm bases militares, mas advertiu que "é necessário que os Estados Unidos adotem a opção correta", segundo a France Presse.

Alguns analistas sugeriram que as declarações de Kim abrem o caminho para suspender a escalada crescente crise provocada pelas declarações belicosas do presidente americano Donald Trump e do líder norte-coreano.

Kim "analisou o plano durante um longo tempo" e "o discutiu" com as autoridades militares na segunda-feira,14, durante uma inspeção ao Comando de Forças Estratégicas, encarregado do programa de mísseis, indicou a agência de notícias norte-coreana (KCNA, na sigla em inglês), de acordo com a France Presse.

A pequena ilha de Guam, no Pacífico, abriga duas grandes bases militares dos EUA, com mais de 6 mil homens. Localizada a 3.500 km da Coreia do Norte, com população total de 162 mil pessoas e está equipada com o escudo antimísseis THAAD.

'Conduta tola e estúpida'

O líder norte-coreano disse que antes de dar qualquer ordem "vai seguir observando um pouco mais a conduta tola e estúpida dos ianques enquanto passam por um momento difícil a cada minuto de sua miserável sina".

"A fim de desarmar as tensões e evitar um conflito militar perigoso na península coreana, é necessário que os EUA façam uma opção apropriada primeiro e demonstrá-la com ações, pois cometeu provocações após introduzir um enorme equipamento estratégico nuclear nas proximidades da península", disse Kim, citado pela KCNA.

Para Adam Mount, analista do Center for American Progress em Washington, "este é um convite direto para falar das reservas recíprocas em relação aos exercícios militares e aos lançamentos de mísseis".

John Delury, professor na Universidade Yonsei de Seul, afirmou que Kim está "desescalando, colocando o plano de Guam no congelador", ao menos neste momento.

Guerra retórica

A escalada da tensão começou depois que a Coreia Norte testou dois mísseis balísticos intercontinentais no mês passado, indicando que seria capaz de atingir o território americano.

Após o país asiático detalhar seu plano de atacar Guam, Donald Trump vem ameaçando a Coreia do Norte.

Na terça-feira da semana passada, 8, Trump usou a expressão "fogo e fúria", ao comentar ameaças norte-coreanas, quando declarou: "É melhor que a Coreia do Norte não faça mais ameaças aos Estados Unidos. Enfrentarão fogo e fúria como o mundo nunca viu".

O general norte-coreano Kim Rak Gyom afirmou que a declaração do presidente americano era "um monte de bobagem". "Parece que ele não entendeu o recado. Diálogo saudável não é possível com um sujeito tão desprovido de razão e apenas força absoluta pode funcionar sobre ele", disse o general.

Como o tom bélico não caiu após a forte declaração de Trump, o presidente avaliou na quinta,10, que sua declaração não tinha sido “forte o suficiente”. E a Coreia do Norte voltou a contra-atacar afirmando que os EUA irão "sofrer uma derrota vergonhosa e uma condenação final" caso "persistam em suas aventuras militares, sanções e pressões extremas".

Na sexta,11, o presidente disse que a resposta militar americana para um eventual ataque da Coreia do Norte já está pronta.

“As soluções militares estão agora totalmente instaladas, guardadas e carregadas, se a Coreia do Norte atuar imprudentemente. Espero que Kim Jong Un encontre outro caminho!”, afirmou no Twitter.

Na segunda,14, o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, disse que se a Coreia do Norte disparar um míssil contra os EUA, a situação pode se transformar em guerra. "Se eles dispararem contra os Estados Unidos, (a situação) pode escalar para uma guerra muito rapidamente", disse Mattis. Ele afirmou que os EUA reconheceriam a trajetória de um míssil norte-coreano rapidamente.

Sanções da China

Em meio a um clima de tensão entre os dois países, o governo da China — principal aliada do governo de Pyongyang – anunciou, na segunda-feira,14, que vai parar com as importações de uma lista de produtos produzidos pelos norte-coreanos.

O posicionamento da China acontece em respeito às novas sanções aprovadas por unanimidade pela Organização das Nações Unidas (ONU), no último dia 5 de agosto. De acordo com o anúncio, a partir de ontem, os chineses não importarão produtos que vão desde o ferro, chumbo e até frutos do mar.

A nota do Ministério do Comércio, divulgada pela emissora “CGTN”, diz ainda que a importação do carvão continua suspensa até o fim deste ano. Os produtos que chegaram até ontem, no entanto, serão processados e entrarão no país. O governo chinês também aprovou as sanções do Conselho de Segurança da ONU por conta de dois novos testes de mísseis balísticos feitos pelo regime de Kim Jong-un .

Quem também tentou tranquilizar a situação foi o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, H.R. McMaster, que destacou que o governo quer "desnuclearizar" a Coreia do Norte e que o risco de um conflito "não está mais próximo do que estava há uma semana".

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