Reserva

Plano de manejo reforça proteção da maior Resex Marinha do país

Na Ilha de Guajeretiua, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, se reuniu com a comunidade e elogiou a campanha " Pesca para Sempre"; ele recebeu várias reivindicações, entre estas, a instalação de energia limpa

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Sarney Filho abraça Adriele Setubal, que falou em nome dos jovens
Sarney Filho abraça Adriele Setubal, que falou em nome dos jovens (Sarney Filho abraça Adriele Setubal, que falou em nome dos jovens)

CURURUPU - A Resex Marinha de Cururupu, no Maranhão, que foi visitada na sexta-feira, 4, pelo ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, é a maior área de manguezais preservados em unidades de conservação do Brasil, servindo de berçário para uma grande variedade de peixes e crustáceos, além de abrigar e alimentar mais de 325 mil aves migratória.

Na ilha de Guajeretiua, uma das 15 que compõem a Resex, o ministro elogiou o esforço da comunidade durante a campanha “Pesca para Sempre”. "Este foi um exemplo bem-sucedido de trabalho em defesa da pescada-amarela e os belos legados deste projeto, como a Casinha do Pescador e o Cine Escola que foram entregues à comunidade", disse.

O ministro recebeu várias reivindicações dos pescadores, destacando a instalação de energia limpa - eólica e solar- e também de um plano de manejo para a pescada amarela. "Acredito que os estudos e as ações realizados aqui, indicando a necessidade de proteção nos períodos de reprodução, vão ajudar a garantir os estoques pesqueiros, para que as famílias continuem a se beneficiar da comercialização desse peixe", afirmou Sarney Filho.

Sexta geração
Nessa região, vivem 5 mil pescadores, a maioria do Nordeste, que começaram a ocupar as ilhas da costa do Maranhão, fugindo das grandes secas do Nordeste no início do século passado. "Hoje temos aqui a sexta geração de pescadores, que apesar das dificuldades luta para melhorar as condições de vida, afirma Vagner Loureiro .

'Seu Vaguinho', como é conhecido, tem sempre as portas de sua casa aberta para os pesquisadores, visitantes e amigos , e vê com esperança os planos para a Resex, mas não esconde a sua angústia. "Minha preocupação maior é com os mais jovens, que saem para longe para estudar, depois da nona série, e muitos viram presas fáceis dos traficantes", desabafou.

Ele revela que às vezes chegam pessoas em Guareretiua pessoas suspeitas de envolvimento com o tráfico, mas a comunidade logo os identifica. "Vivemos numa área distante, que desperta o interesse do tráfico e da pesca predatória", explicou Vaguinho ao pedir mais apoio do ministério de do ICMbio.

"Precisamos oferecer estudo até o segundo grau aos jovens, desenvolver programas de capacitação, e dar condições de trabalho aqui mesmo nas ilhas", pediu Vaguinho. Assim ele acredita que adolescentes e jovens adultos não precisarão deixar suas famílias tão cedo.

O mesmo pedido feito ao ministro do ministro Meio Ambiente pela estudante Adriele Setubal, que falou em nome dos jovens das ilhas da Resex de Cururupu. "Nosso desejo é permanecer aqui e seguir os nossos estudos, com boas escolas e oportunidades", disse Adriele.


Campanha
Responsável pela campanha desenvolvida desde 2015, pela ONG Rare do Brasil, o diretor da entidade, Luis Lima, defende projetos que valorizem a cultura dos pescadores e ao mesmo tempo reforcem a proteção dos meio ambiente. "O programa Pesca para Sempre" tem esse olhar. A pesca costeira no Brasil está passando por um momento decisivo. Se continuar no ritmo atual, resultará numa gravíssima degradação dos ecossistemas dos pescadores", e um declínio aos meios de subsistência dos pescadores", alerta Lima.

"Na Resex Marinha do Delta do Parnaíba, a campanha que também conta com o apoio da Rare protege o robalo e em Cururupu o nosso foco é a pescada amarela, peixe nobre mais consumido pelos maranhenses", afirmou.
Josenilde Ferreira, que coordena o projeto em Cururupu, elogia os resultados da campanha, afirmando que ele trouxe mais conscientização sobre a necessidade de se proteger a pescada amarela. Além da sobrepesca para consumo, a espécie também passou a ser alvo do comércio internacional de barbatanas natatórias, que tem grande demanda do comércio de cosméticos e produtos para cirurgia (cola). A China é o maior comprador do produto, que tem o preço muito superior ao do peixe.


Plano de Manejo
O trabalho de implantação do Plano de Manejo é coordenado nacionalmente pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio, com o apoio das comunidades e entidades da sociedade civil. Em Cururupu abrange uma área de 186 mil hectares de zona costeira e marinha.

O diretor de Criação e Plano de Manejo do ICMBIO, Paulo Carneiro explicou que a Resex já dispõe de plano de gestão e de conselho consultivo. Com o plano de manejo, ela atinge um alto nível de implementação, tornando-se mais preparada para oferecer vida digna para os seus moradores e beneficiários, por meio do uso sustentável de seus recursos naturais”, disse Carneiro.


Agora será necessário realizar melhorias nas condições de infraestrutura da Reserva. "Esse é um trabalho contínuo e uma prioridade do Ministério do Meio Ambiente. Técnicos do Ministério e do ICMBio, altamente capacitados, irão avaliar as demandas de implantação de energia alternativa nas ilhas da Resex e de definição dos períodos de defeso da pescada amarela" afirmou o ministro Sarney Filho .

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