EUA impõem sanções contra o presidente Nicolás Maduro

Ativos do presidente da Venezuela sujeitos à jurisdição dos EUA estão congelados, e americanos estão proibidos de fazer negócios com ele; Maduro convocou eleição de Assembleia Constituinte

Venezuela

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Presidente Nicolás Maduro foi o primeiro a votar domingo passado
Presidente Nicolás Maduro foi o primeiro a votar domingo passado (Presidente Nicolás Maduro foi o primeiro a votar domingo passado)

ESTADOS UNIDOS - O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou ontem sanções contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro. Segundo comunicado, todos os ativos de Maduro que estejam sujeitos à jurisdição dos EUA estão congelados, e todos os americanos estão proibidos de fazer negócios com ele.

"As eleições ilegítimas de domingo confirmam que Maduro é um ditador que ignora a vontade do do povo venezuelano", disse o secretário do Tesouro, Steven T. Mnuchin, ao anunciar que todos os ativos do mandatário "sob a jurisdição dos Estados Unidos estão congelados".

As sanções são anunciadas um dia após a eleição para a Assembleia Constituinte na Venezuela, a qual os EUA já tinham manifestado sua oposição. Países ao redor do mundo, incluindo o Brasil, denunciaram a votação.

A Assembleia Constituinte será formada por 545 deputados, que vão reescrever a Constituição do país. Segundo Maduro, a medida trará paz à Venezuela. De acordo com a oposição, seu objetivo é manter o presidente no poder. Dez pessoas morreram durante a votação e ao menos 58 foram detidas.

Enquanto o governo diz que 8 milhões de venezuelanos foram às urnas eleger os deputados que redigirão a nova Constituição (ou 41,53% dos eleitores venezuelanos, segundo o Conselho Nacional Eleitoral), a oposição afirma que foram 2,5 milhões (12,4% de participação, segundo a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática).

Mais protestos

A oposição venezuelana convocou protestos para amanhã contra a eleição de uma Assembleia Constituinte, que ocorreu domingo. Dez pessoas morreram durante a votação e ao menos 58 foram detidas.

O oposicionista Henrique Capriles afirmou que haverá marchas em todo o país contra o "massacre" e a "fraude" que teria sido a votação convocada pelo presidente Nicolás Maduro. Amanhã, os eleitos para a Assembleia Constituinte tomarão posse em Caracas, capital da Venezuela.

"Não reconhecemos este processo fraudulento. Para nós, é nulo, não existe", afirmou Capriles, ao convocar as marchas. "A última cartada foi dada por Nicolás Maduro. Ele colocou a corda no pescoço e agora começa uma nova etapa de luta de não reconhecimento dessa fraude", declarou ele no domingo. Governador do estado de Miranda, Capriles disputou – e perdeu – a eleição de 2013 contra Maduro.

Maduro

A oposição teme que uma nova Constituição torne o governo mais autoritário, crie regras que persigam a oposição e prolongue o mandato de Maduro. Novas eleições presidenciais estão previstas para o final de 2018. Já as eleições regionais e municipais deveriam ter ocorrido no final de 2016, mas continuam pendentes.

Em seu primeiro discurso após a eleição, Maduro afirmou que medidas poderão ser tomadas contra o Parlamento, a Ministério Público, os líderes da oposição e os meios privados.

Maduro assegurou que a nova Assembleia assumirá suas funções nas próximas horas e "retirará a imunidade parlamentar de quem tiver que retirar", agirá contra a "burguesia parasitária" para solucionar a crise econômica e assumirá o comando da Promotoria "para que haja Justiça".

Repercussão internacional

A União Europeia condenou ontem "o excessivo e desproporcional uso da força pelas forças de segurança" na Venezuela e expressou sua preocupação sobre o destino da democracia no país.

O governo brasileiro divulgou no domingo uma nota na qual pediu que a Venezuela suspenda sua Constituinte, apesar da eleição. No documento, o Itamaraty também condenou a violência no país, afirmando que o governo venezuelano não respeitou o desejo de seu povo e lamentando que os pedidos da comunidade internacional para que a eleição fosse cancelada não tenham sido atendidos.

Outros países se manifestaram dizendo que não irão reconhecer o resultado das eleições. A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikky Haley, postou mensagem no Twitter onde diz que a eleição é "uma farsa" e "outro passo de Maduro em direção à ditadura".

México, Costa Rica, Espanha e Panamá também divulgaram comunicados dizendo que não irão reconhecer o resultado das eleições. O processo foi condenado ainda pelo Chile e pelo Canadá. Todos pediram o retorno do diálogo democrático e o fim da violência no país.

O Ministério das Relações Exteriores do Peru convocou uma reunião em 8 de agosto, em sua sede, para discutir a situação da Venezuela após a realização das eleições. O país diz que há previsão de participação de representantes de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá e Paraguai.

Frase

"As eleições ilegítimas de domingo confirmam que Maduro é um ditador que ignora a vontade do do povo venezuelano"

Steven T. Mnuchin

Secretário do Tesouro dos EUA

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