Protesto

Oposição na Venezuela realiza paralisação contra Constituinte

Desde a madrugada de ontem, moradores se reuniram em algumas partes de Caracas para bloquear vias com lixo, pedras e faixas, enquanto alguns estabelecimentos permaneceram fechados

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37
Com greve, homem caminha em rua deserta na cidade de Caracas
Com greve, homem caminha em rua deserta na cidade de Caracas (Com greve, homem caminha em rua deserta na cidade de Caracas)

CARACAS - Os adversários do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, iniciaram ontem uma paralisação nacional de dois dias em um esforço final para pressioná-lo a abandonar a eleição do fim de semana para formar uma Assembleia Constituinte, que veem como uma ameaça à democracia e à economia do país.

Milhões de pessoas participaram de uma greve de 24 horas na semana passada, em que empresas fecharam as portas, famílias permaneceram dentro de casa e ruas foram fechadas ou ficaram vazias em várias partes da Venezuela.

Desde a madrugada de ontem, moradores se reuniram em algumas partes de Caracas para bloquear vias com lixo, pedras e faixas, enquanto alguns estabelecimentos permaneceram fechados. Entretanto, houve ainda assim um fluxo de pessoas a caminho do trabalho.

"Nós precisamos paralisar todo o país", disse Flor Lanz, de 68 anos, enquanto bloqueava, com um grupo de mulheres, a entrada de uma rodovia no leste de Caracas com cordões e placas de ferro.

"Eu vou ficar aqui durante 48 horas. É o único jeito de mostrar que nós não estamos com o Maduro. Eles são poucos, mas eles têm armas e dinheiro", acrescentou a decoradora Cletsi Xavier, de 45 anos.

A oposição, que tem apoio majoritário após anos na sombra do Partido Socialista durante o mandato do predecessor de Maduro, Hugo Chávez, diz que a Assembleia Constituinte planejada pelo presidente é uma farsa, elaborada somente para mantê-lo no poder.

O presidente, de 54 anos, insiste que a votação de domingo,30, acontecerá, apesar de intensa pressão no país e no exterior, incluindo uma ameaça de sanções econômicas pelos Estados Unidos.

UE preocupada

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, expressou sua preocupação pelos informes sobre as violações dos direitos humanos na Venezuela, onde os opositores devem iniciar nesta quarta-feira uma greve de 48 horas contra a Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro.

"Os inúmeros informes sobre as violações dos direitos humanos, o uso excessivo da força, as prisões em massa e os julgamentos de civis por tribunais militares são uma fonte de preocupação", indicou Mogherini em uma declaração em nome da União Europeia.

Sanções dos EUA

Os Estados Unidos anunciaram ontem sanções contra 13 atuais e ex-funcionários do governo da Venezuela. Entre os alvos estão o ministro da Educação, Elías Jaua, e a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena. OS EUA também ameaçaram impor sanções àqueles que se unirem à Assembleia Constituinte, que foi convocada pelo presidente Nicolás Maduro e cuja eleição será no próximo domingo.

O pacote de sanções se concentra em atuais e ex-funcionários "associados com as eleições ou por minar a democracia, assim como a violência generalizada contra manifestantes da oposição e corrupção", afirma o comunicado do ministério do Tesouro.

As sanções também atingem funcionários da estatal de petróleo PDVSA e outras empresas geridas pelo governo, segundo os EUA, como um esforço para reprimir a corrupção e o mercado negro na Venezuela.

As sanções congelam qualquer bem que os indivíduos tenham nos Estados Unidos e impede que americanos façam negócio com eles.

O secretário Steven Mnuchin acrescentou que os EUA podem impor novas sanções caso Maduro

"Qualquer um que for eleito pela Assembleia Nacional Constituinte deve saber que seu papel em minar os processos e instituições democráticos na Venezuela poderá expô-los a potenciais sanções dos Estados Unidos", diz o secretário Steven Mnuchin na nota.

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