A gente conta

O piauiense que não tem vergonha de trabalhar e que virou personagem do cotidiano da cidade

Vendedor de sucos de laranja há 17 anos e sempre instalado na Avenida Colares Moreira, seu Francisco foi alvo de uma campanha solidária

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37
Seu Francisco foi alvo de campanha solidária
Seu Francisco foi alvo de campanha solidária (Francisco Rosa vendedor de suco h)

Todos os dias, às 6 da manhã, é possível ver, lá pelas bandas da Av. Colares Moreira, em São Luís, um senhor ao lado de uma pequena banca verde e amarela e com uma garrafinha nas mãos. Quem já viu a cena pode não saber que seu Francisco Rosa está por lá cumprindo sua jornada há 17 anos, oferecendo da forma mais carismática e prestativa um delicioso e geladinho suco de laranja natural.

A rotina do aposentado de 71 anos de idade e nascido na pacata cidade piauiense de Alto Longá (distante 83 quilômetros da capital Teresina) é dura, difícil. E nem sempre rende frutos. “Tem dias que eu vendo muito pouco”, diz. Mesmo assim, ele sustenta a esposa dele e seis dos 12 filhos com o ganha-pão. “Tenho meus clientes mais fiéis e outros que confiam na qualidade do produto”, disse.

Antes de vender sucos, seu Francisco foi operador de produção, camelô e até vigia. O pouco ordenado recebido após 35 anos de contribuição previdenciária (cerca de um salário mínimo por mês) o fez manter a rotina de trabalho. Mas está enganado quem pensa que seu Francisco reclama. Apesar da hipertensão que o acompanha, ele diz que vender suco faz bem para a saúde. “Ah, meu filho, nos dias em que eu não vou trabalhar eu fico até mal!”, exclamou.

Freio

A dedicação e o amor ao que faz são tão grandes que seu Francisco, até o ano passado, ficava de domingo a domingo (incluindo até feriados) no mesmo ponto oferecendo seus sucos. De uns tempos pra cá, ele precisou puxar o freio de mão. “Eu agora vou de segunda a sábado, até para me poupar também”, disse em meio a risos.

Nos dias de renda baixa, seu Francisco não esconde que costuma desanimar. A tristeza estampada no rosto do vendedor foi vista por pessoas que passaram em seus veículos no local. Tanto que gerou uma grande mobilização nas redes sociais, por conta de um exame de saúde que precisava fazer. “Nos últimos dias, as vendas melhoraram. Eu consegui vender até mais”, confessou.

Para quem pensa que, apesar da idade e das baixas arrecadações em alguns dias, o vendedor vai “aposentar” o carrinho de vendas do suco, está enganado. “Nem penso em parar no momento. Até quando Deus me permitir, vou continuar fazendo o que gosto”, disse.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.