Venezuela

Oposição realiza plebiscito simbólico contra Maduro

Iniciativa não tem o reconhecimento do Poder Eleitoral.; para opositores, consulta mostrará que maioria se opõe à realização de assembleia constituinte que foi proposta pela presidente da Venezuela

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37
Mulher vota em plebiscito convocado pela oposição contra Nicolás Maduro
Mulher vota em plebiscito convocado pela oposição contra Nicolás Maduro (Mulher vota em plebiscito convocado pela oposição contra Nicolás Maduro)

CARACAS - A oposição venezuelana realizou ontem um plebiscito simbólico contra o projeto para reformar a Constituição, proposto pelo presidente Nicolás Maduro. A consulta foi validada pelo Parlamento da Venezuela, mas não conta com o reconhecimento do Poder Eleitoral. O plebiscito foi classificado de ilegal pela presidência.

A oposição espera que o comparecimento seja maciço para exigir que Maduro convoque eleições presidenciais antes do fim de seu mandato. Para os opositores, a consulta, que não tem caráter vinculante, "mostrará ao mundo" que a maioria se opõe à iniciativa de Maduro de convocar uma assembleia constituinte.

Os eleitores responderam a três perguntas: se rejeitam a assembleia constitucional, se eles querem que as forças armadas defendam a constituição existente e se querem a realização de eleições antes do mandato de Maduro, segundo a Reuters. As cerca de 2 mil urnas se abriram às 7h (horário local) e venezuelanos que moraram no exterior também votaram.

Em entrevista coletiva no sábado,15, o deputado Juan Andrés Mejía confirmou que as atas de votação serão destruídas para resguardar a identidade dos participantes e evitar represálias do governo, segundo a France Presse.

Analistas calcularam que o comparecimento estaria em torno de 10 milhões de pessoas, segundo a Reuters. Nas últimas eleições, as parlamentares de 2015, 7,7 milhões de pessoas votaram na oposição e permitiram que ela rompesse a supremacia chavista no Congresso.

"Espera-se 62% de participação para o domingo. Podemos chegar a 11 milhões de pessoas", afirmou o líder opositor Henrique Capriles, citando números do Datanálisis. Segundo o instituto de pesquisa Datanálisis, 70% dos venezuelanos rejeitam a Constituinte.

Maduro considera o plebiscito ilegal e defende que apenas o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) pode realizar processos desse tipo.

Em paralelo, o CNE fará no domingo um simulacro da votação da Constituinte. Seus 545 membros serão eleitos em 30 de julho. A oposição considera a consulta uma "provocação".

'Paz é o que eu peço'

Baixando o tom em relação aos últimos dias, Maduro pediu que os dois eventos aconteçam "pacificamente, com respeito às ideias do outro, sem qualquer incidente". "Paz é o que eu peço", insistiu, durante um ato transmitido em emissora de rádio e televisão.

Considerou, porém, que a chegada de "mais de 500 veículos (internacionais) à Venezuela" para cobrir o plebiscito faz parte de um "show midiático" para justificar uma intervenção estrangeira contra ele e derrubá-lo.

No sábado, cinco ex-presidentes da região chegaram para participar, junto com especialistas eleitorais de vários países, como observadores do processo organizado pela oposição. São eles: o colombiano Andrés Pastrana, o boliviano Jorge Quiroga, o mexicano Vicente Fox e os costa-riquenhos Miguel Ángel Rodríguez e Laura Chinchilla.

Na sexta-feira,14, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu ao governo e à oposição que dialoguem para erradicar a violência e acertar um "caminho constitucional".

Já o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, convidou os venezuelanos a participar da "consulta popular para deter o colapso definitivo da institucionalidade do país".

Crise na Venezuela

Maduro se diz vítima de uma tentativa de golpe de Estado apoiado por Washington e de uma guerra econômica que leva à escassez de bens básicos e a uma voraz inflação. Ele enfrenta uma onda de protestos desde 1º de abril, que já deixou 95 mortos, segundo a France Presse.

Os principais dirigentes da oposição afirmam que, após o plebiscito, vai-se ativar a "hora zero", ou seja, a fase decisiva dos protestos para tirar Maduro do poder. Não descartam convocar uma greve geral.

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