Violência

Um ano após ataque de Nice, polícia não prova vínculo com o EI

Atentado deixou 86 mortos e mais de 400 feridos em 14 de julho de 2016; o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, aparentemente não teve o comando dos jihadistas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37
Pessoas olham homenagem às vítimas do atentado em Nice
Pessoas olham homenagem às vítimas do atentado em Nice ( Pessoas olham homenagem às vítimas do atentado em Nice)

FRANÇA - A polícia não conseguiu estabelecer o vínculo com o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) do terrorista que jogou o caminhão sobre uma multidão no dia da festa nacional francesa, no 14 de julho de 2016, em Nice, balneário no sul da França. O atentado deixou 86 mortos e mais de 430 feridos.

O jornal francês “Le Monde” ressalta que a grande maioria dos atentados perpetrados na Europa foram feitos ou organizados por pessoas com algum vínculo com a região dominada pelo grupo terrorista no Iraque e na Síria.

Embora o EI tenha reivindicado a ação, o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, aparentemente não teve o comando dos jihadistas para passar com o caminhão no meio da festa na Avenida Passeio dos Ingleses, que fica à beira mar.

Em outros ataques em território francês, a polícia rapidamente identificou contatos através de mensagens criptografadas. Bouhlel não foi aparentemente treinado pelo grupo para executar a ação. Como acontece nos ataques do grupo terrorista, é comum encontrar um testamento ou indícios de contato do suspeito com a organização terrorista.

Investigação

O jornal francês ressalta que no atual estágio, os investigadores se questionam se Mohamed Lahouaiej Bouhlel é um perturbado, fascinado pela violência, inspirado pela propaganda do EI. A polícia buscou um psiquiatra que o consultou no início dos anos 2000. Na época do ataque, ele chegou a dizer que o agressor tinha um “início de psicose”.

O grupo terrorista lançou um apelo para que “soldados” e simpatizantes da sua causa, também conhecidos como “lobos solitários”, lancem ataques contra países da coalização que luta contra ele na Síria e no Iraque. O EI também costuma reivindicar ataques, mesmo sem ter nenhum envolvimento direto, como parte de sua estratégia de espalhar o terror.

O ataque fez vítimas de várias nacionalidades, entre elas, a brasileira Elizabeth Cristina de Assis Ribeiro e filha dela.

De acordo com o jornal francês “La Croix”, a equipe do hospital Lenval, em Nice, vive em estado de emergência desde o ataque e já tratou 1,2 mil crianças e adolescentes.

Homenagem

O presidente francês, Emmanuel Macron, homenageou na sexta-feira,14, em Nice as vítimas do ataque que feriu esta cidade da Riviera Francesa há um ano, após ter comemorado em Paris o feriado nacional ao lado do presidente americano, Donald Trump.

Como recordou a equipe de Macron, o 14 de Julho "tem agora a particularidade de ser também o aniversário de um ataque que enlutou a França".

Macron pousou à tarde em Nice, acompanhado dos ex-presidentes François Hollande e Nicolas Sarkozy, a quem convidou para participar das homenagens. Também estavam presentes o príncipe Albert II de Mônaco e vários membros do governo.

Sob um sol escaldante, Macron condecorou vários cidadãos e membros das forças de segurança que tentaram parar o autor do ataque, o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos.

'Herói da scooter'

Franck Terrier, conhecido como "o herói da scooter" foi condecorado com a Legião de Honra, a mais alta distinção francesa, em meio a aplausos. Este homem havia jogado sua moto contra o caminhão e se agarrou à porta, batendo no atacante numa tentativa de pará-lo. "Eu estava pronto para morrer", havia dito esse pai de família que arriscou sua vida para salvar a de outros em uma entrevista em julho passado.

Os moradores de Nice deram início aos eventos na quinta-feira à noite,13, com uma cerimônia religiosa ecumênica. Macron pronunciou um discurso às 16h30 GMT (13h30 de Brasília) e se reuniu com feridos e familiares das vítimas do ataque.

"É verdade que a vida continua, mas é terrível", afirmou, com os olhos cheios de lágrimas, Florence, de 52 anos, que insistiu na importância de que "todos se lembrem" das vítimas.

12 mil azulejos

Na parte da manhã da sexta-feira, 14, uma multidão silenciosa, com muitos sobreviventes, depositou, um por um, os 12 mil pequenos azulejos azul-branco-vermelho que formaram o lema da França, "Liberdade, Igualdade, Fraternidade", na calçada.

Em Paris, durante o desfile militar, a banda do Exército entoou as notas de "Nissa La Bella", o hino da cidade, em frente à tribuna oficial.

A França, onde o estado de emergência decretado em novembro de 2015 acaba de ser renovado pela sexta vez, celebra seu feriado nacional sob forte esquema vigilância. Para a data, foram mobilizados cerca de 86 mil policiais e gendarmes, além de sete mil soldados e 44 mil bombeiros.

A sangrenta onda de ataques extremistas já deixou 239 mortos em oito atentados desde janeiro de 2015. Várias tentativas foram frustradas pelas forças de segurança ao longo dos meses.

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