Perda

Morre Liu Xiaobo, Nobel da Paz chinês

Nobel da Paz de 2010 sofria de câncer em fase terminal; anúncio da morte é delicado para Pequim porque expõe o tratamento reservado a dissidentes políticos no país

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37

PEQUIM - O dissidente chinês morreu ontem, no nordeste da China. O Prêmio Nobel da Paz de 2010 tinha um câncer de fígado em fase terminal e sofria de falência múltipla dos órgãos. A família não aceitava que ele recebesse respiração artificial.

O Gabinete de Assuntos Jurídicos da cidade de Shenyang, onde fica o Hospital Universitário Nº1, afirmou que a morte de Liu, de 61 anos, aconteceu três dias depois começar a receber tratamento intensivo.

De acordo com o hospital, o paciente sofreu um choque séptico, uma infecção abdominal e foi submetido à diálise. O Prêmio Nobel da Paz, que estava preso, só teve a liberdade condicional em 26 de junho.

O anúncio da morte é delicado para Pequim porque expõe o tratamento reservado a dissidentes políticos no país. Mais cedo, nesta quinta, a China voltou a negar os apelos internacionais para que o opositor recebesse tratamento no exterior.

Para o comitê do Nobel norueguês, a China tem uma "grande responsabilidade" na morte "prematura" de Liu Xiabo ao privá-lo de cuidados médicos adaptados. "Consideramos profundamente perturbador que Liu Xiaobo não tenha sido transferido a um estabelecimento onde poderia ter recebido um tratamento médico adequado antes que sua doença entrasse em estágio terminal", declarou a presidente do comitê, Berit Reiss-Andersen.

Em 2009, o ativista foi condenado a 11 anos de prisão, acusado de "subversão" após reivindicar reformas no país. Ele foi um dos autores da Carta 08, um texto que defendia a democracia na China. O professor, intelectual e dissidente ainda tinha três anos de sua condenação a cumprir. Os governos dos Estados Unidos, Alemanha e Taiwan ofereceram tratamento a Liu.

Direitos humanos

Antes da morte de Liu, ativistas chineses dos direitos humanos questionaram os boletins médicos divulgados pelas autoridades e temiam uma possível manipulação das informações.

"Como as autoridades controlam todas as informações relativas ao estado de saúde de Liu Xiaobo é difícil verificar a veracidade dos comunicados publicados pelo hospital na internet", disse à AFP Patrick Poon, diretor chinês da Anistia Internacional.

"Alguém poderia perguntar de maneira legítima se as autoridades não publicam estas informações para justificar sua recusa a permitir que deixe o país", completou.

"Não sabemos em que medida são boletins médicos profissionais ou informações manipuladas com fins políticos", declarou Maya Wang, da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.