Cúpula do G20

Em encontro longo, Trump e Putin discutem interferência eleitoral

O presidente dos EUA e o seu colega russo se reuniram na sexta-feira,7, durante o encontro do G20, em Hamburgo, na Alemanha

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37
Os presidentes Putin (à esq.) e Trump conversam durante G20 em Hamburgo
Os presidentes Putin (à esq.) e Trump conversam durante G20 em Hamburgo ( Os presidentes Putin (à esq.) e Trump conversam durante G20 em Hamburgo)

HAMBURGO - Os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, da Rússia, se reuniram pessoalmente pela primeira vez na sexta-feira,7. O encontro, que durou duas horas e 15 minutos, aconteceu durante a cúpula do G20 em Hamburgo, na Alemanha.

Na conversa, Trump questionou seu colega em mais de uma ocasião sobre a suposta interferência da Rússia na eleição presidencial americana em 2016, relatou o secretário de Estado americano, Rex Tillerson.

Putin, que é acusado pelos serviços de inteligência dos EUA de ter ordenado ciberataques contra o Partido Democrata na campanha em favor da candidatura de Trump, negou envolvimento e pediu que fossem apresentadas evidências que liguem o Kremlin aos hackers.

Tillerson disse que as divergências entre os dois lados sobre o tema podem ser "intratáveis" e que deve haver um esforço para "seguir em frente".

Os líderes demonstraram otimismo após a conversa, que se estendeu por duas horas e 15 minutos, bem mais que os 30 minutos originalmente previstos. Trump disse que estava "honrado", e Putin afirmou que espera que o diálogo traga "bons resultados" para ambos os países.

Tillerson afirmou que houve uma "química positiva" entre os dois e que "nenhum deles queria parar", pois "havia muito sobre o que conversar". Ele relatou que, após mais de uma hora de encontro, assessores enviaram a primeira-dama Melania Trump para tentar encerrar a conversa, mas que ela "claramente fracassou".

O fato de Trump pressionar Putin sobre a suposta interferência eleitoral causou surpresa. O republicano vem chamando de "notícias falsas" as informações divulgadas na imprensa sobre o assunto e, na véspera, em discurso na Polônia, ele disse que "ninguém sabe" se o Kremlin está por trás dos ciberataques contra os democratas.

Segundo relatos de autoridades que acompanham o G20, também foram discutidos por Trump e Putin temas como Síria, Ucrânia, terrorismo e cibersegurança.

Além de Putin, Trump conversou com o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto. Segundo o presidente dos EUA, houve progresso nas relações com o país vizinho. "Nós estamos negociando o Nafta e algumas outras coisas com o México", disse Trump, que chamou Nieto de "amigo".

Mais cedo, o republicano conversou rapidamente com a chanceler alemã, Angela Merkel, e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May. Ele também cumprimentou o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, além do presidente Emmanuel Macron, da França.

Cessar-fogo na Síria

Trump e Putin concordaram em promover um cessar-fogo no sudoeste da Síria, anunciou o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov. A trégua, pactuada durante a primeira reunião entre os presidentes na Alemanha, começará a valer a partir das 12h (hora de Damasco) deste domingo,9.

Os presidentes selaram um memorando de entendimento, que também envolve a Jordânia, com interesse em respeitar a "soberania" da Síria e levar adiante o processo para um "acordo politico", acrescentou Lavrov. Os dois líderes se comprometeram ainda a garantir que "todas as partes" envolvidas no conflito respeitem o cessar-fogo.

De acordo com a agência Efe, Lavrov explicou que especialistas de Rússia, EUA e Jordânia concluíram seu trabalho em Amã e "pactuaram um memorando sobre a criação de uma zona de distensão no sudoeste da Síria, nas regiões de Deraa, Al Quneitra e As-Suwayda".

Um centro de monitoramento será estabelecido na Jordânia, e a polícia militar da Rússia irá supervisionar a implementação, informa a Associated Press.

Para o ministro russo, Putin e Trump "se movem em primeiro lugar pelos interesses nacionais dos seus países", ainda que entendam "como interesse a busca de acordos em vez do confronto, sem tentar criar problemas onde não há".

Estados Unidos, junto com a Turquia e a Arábia Saudita, apoiam os rebeldes qu elutam na Síria para derrubar o governo de Bashar Al-Assad. Os EUA, junto com Reio Unido e França, também realizam ataques aéreos contra posições do Estado Islâmico no país. Já a Rússia, junto com o Irã e o movimento Hezbollah no Líbano, são aliados do governo sírio.

Eleições americanas

O encontro de Trump e Putin, que era um dos mais esperados da cúpula, ocorre em meio a investigações do FBI (a polícia federal dos EUA) sobre o suposto elo de assessores de Trump com autoridades russas durante as eleições norte-americanas em 2016.

Antes do primeiro encontro entre os presidentes, o porta-voz do Krelim, Dmitry Peskov, disse que Putin estava ansioso por uma conversa com Trump. Eles deveriam voltar a se reunir em separado nos bastidores da cúpula neste sábado,8. À noite, os líderes mundiais foram à uma apresentação da Nona Sinfonia de Beethoven na Filarmônica Elba.

Antagonista

Trump chegou ao seu primeiro G20 como maior antagonista da cúpula. Ele tem uma visão de comércio oposta à defendida pelo G20: reivindica uma ordem bilateral em vez do multilateralismo que está na gênese do grupo.

Outro tema em que o republicano fica isolado é o ambiente. Em junho, ele anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris, firmado em 2015 por quase 200 países, que é considerada a principal iniciativa global para conter as mudanças climáticas.

Líderes aumentaram a pressão para que Trump faça concessões em relação ao clima e ao comércio durante o G20.

Em um comunicado conjunto emitido enquanto os líderes mundiais se reuniam em um grande centro de convenções de Hamburgo, os países do Brics (grupo composto por Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul) divulgaram um comunicado oficial insistindo na importância de um mercado aberto e da implementação do Acordo de Paris.

Nas ruas de Hamburgo, manifestantes contrários ao G20 voltaram a entrar em confronto com a polícia nesta sexta-feira. Ao menos 160 policiais ficaram feridos e 70 pessoas foram detidas, segundo a agência de notícia Reuters. Dezenas de carros foram incendiados.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.