Tensão

Coreia do Norte afirma ter testado míssil intercontinental com sucesso

A Coreia do Norte anunciou ontem que testou com sucesso um míssil balístico intercontinental (ICBM), "capaz de alcançar qualquer parte do mundo"

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37
O míssil intercontinental Hwasong-14 foi lançado em teste norte-coreano
O míssil intercontinental Hwasong-14 foi lançado em teste norte-coreano ( O míssil intercontinental Hwasong-14 foi lançado em teste norte-coreano)

PYONGYANG - A Coreia do Norte afirmou ter testado com sucesso pela primeira vez um míssil balístico intercontinental na na noite de segunda-feira,3, no país, o qual seria "capaz de atingir qualquer ponto da Terra".

Segundo o regime do ditador Kim Jong-un, o míssil, do modelo Hwasong-14, subiu a uma altitude de 2.802 quilômetros antes de cair no mar do Japão em um ponto localizado a 933 quilômetros da base de lançamento de Banghyon, no oeste do país. O tempo de voo foi de 39 minutos.

Este é o lançamento mais longo já realizado pelos norte-coreanos e o que alcançou maior altitude, mas o Japão ainda estuda os dados do disparo para descobrir se este é mesmo um míssil balístico intercontinental.

Caso se confirme a eficácia do lançamento, o míssil representaria uma evolução considerável no programa nuclear norte-coreano.

Com base nos dados da trajetória do projétil lançado na segunda, especialistas estimam que o Hwasong-14 poderia atingir alvos a até 8.000 quilômetros de distância, pondo o Estado americano do Alasca em seu raio de alcance.

Em desrespeito a sanções impostas pela Organização das Nações Unidas, o regime de Pyongyang tem realizado nos últimos anos diversos testes na busca de um míssil capaz de carregar uma ogiva nuclear miniaturizada.

Em 2016, por exemplo, o país conduziu dois testes com bomba atômica –em um deles, conseguiu produzir sua explosão mais poderosa desde que começou a conduzir esse tipo de teste, em 2006. Apesar dos recentes avanços da Coreia do Norte, ainda não está claro se o país tem tecnologia suficiente para produzir uma bomba atômica capaz de ser usada em combate.

Reação

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou o teste de míssil norte-coreano: "Este cara [Kim Jong-un] não tem nada melhor para fazer da vida? É difícil acreditar que a Coreia do Sul e o Japão vão aguentar isso por muito tempo. Talvez a China pressione a Coreia do Norte e acabar com este absurdo de uma vez por todas!"

Um porta-voz do governo da China pediu calma a todas as partes envolvidas e voltou a pedir uma solução pacifica para as tensões na região. O país é o único a manter relações mais próximas com a Coreia do Norte. A China também defendeu os seus "esforços incessantes" para resolver a crise.

Em comunicado conjunto, a Rússia e a China pediram que Coreia do Norte, Coreia do Sul e Estados Unidos concordem com um plano para reduzir as tensões sobre o programa de armas do regime norte-coreano.

O plano levaria a Coreia do Norte a suspender seu programa de mísseis balísticos, enquanto os EUA e a Coreia do Sul declarariam simultaneamente moratória nos exercícios de grande escala com mísseis. As medidas têm o objetivo de abrir caminho para conversas multilaterais.

"Rússia e China irão trabalhar em coordenação próxima para fazer avançar uma solução para o complexo problema da Península Coreana de todas as maneiras possíveis", afirmam os governos no comunicado.

Moscou e Pequim usaram o mesmo comunicado conjunto para pedir aos EUA a suspensão imediata da instalação do sistema antimísseis na Coreia do Sul.

O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, ordenou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional.

O novo teste de míssil norte-coreano ocorre realizado poucos depois de uma visita de Moon a Washington, onde discutiu com Trump a "ameaça" representada por Pyongyang. Após o encontro, o líder americano declarou que a "paciência estratégica" com a Coreia do Norte acabou.

O lançamento também ocorreu horas antes das celebrações de 4 de Julho nos Estados Unidos para o Dia da Independência e a poucos dias da cúpula de líderes do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, que será realizada na Alemanha. No encontro, os líderes de EUA, China, Japão e Coreia do Sul devem discutir maneiras de controlar os testes nucleares e antimísseis norte-coreanos.

Atingir o Alasca

O físico americano David Wright, da Union of Concerned Scientists (UCS), organização sem fins lucrativos de cientistas para proteção ambiental com sede nos Estados Unidos, diz acreditar que o míssil poderia atingir o Estado do Alasca.

"Se as informações estiverem corretas, esse mesmo míssil poderia ter um alcance máximo de 6,7 mil km em uma trajetória padrão", avalia Wright. "Esse alcance não seria suficiente para atingir os 48 Estados americanos ou o arquipélago do Havaí, mas poderia atingir todo o território do Alasca", acrescenta.

Além do alcance, outra dúvida é se a Coreia do Norte tem capacidade para evitar que o míssil exploda ao entrar novamente na atmosfera terrestre. Nos últimos meses, Pyongyang vem realizando testes balísticos com maior frequência, elevando a tensão na região.

O anúncio sobre o lançamento desta terça-feira, supervisionado pelo líder do país, Kim Jong-um, foi veiculado pela TV estatal norte-coreana.

Em meio aos supostos avanços de Pyongyang, especialistas avaliam que a Coreia do Norte não tem capacidade para atingir alvos com precisão ou criar uma ogiva suficientemente pequena que caiba em tal projétil.

MAIS

O programa de mísseis da Coreia do Norte começou com os Scuds (míssil balístico móvel, de origem soviética, com curto alcance), importados via Egito em 1976.

Mas, menos de dez anos depois, em 1984, o país já estava construindo sua própria versão do projétil, chamada de Hwasong.

Esses mísseis tem um alcance estimado de cerca de 1 mil km, e carregam ogivas convencionais, químicas ou possivelmente biológicas.

Em uma análise publicada em abril de 2016, o Instituto Internacional para Estudos Estratégicos avaliou que os mísseis podem "atingir todo o território da Coreia do Sul e grande parte do Japão".

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