Editorial

Incertezas da economia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37

Se a economia brasileira teve o que comemorar no primeiro trimestre, com o aumento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), depois de dois anos de recessão, deve-se especialmente ao setor agropecuário, mesmo que o governo queira assumir a autoria por essa tímida melhora.

Aliás, o setor agropecuário, ainda que o clima nem sempre seja favorável, é que tem sustentado a economia nas duas últimas décadas no Brasil. As safras recordes de grãos, como esta agora estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento em 232 milhões de toneladas, têm feito a diferença.

A recessão no país não foi ainda pior porque a agropecuária resistiu, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pelo produtor rural em todas as regiões do país. Quando não é seca é chuva em excesso.

Mas, voltando ao primeiro trimestre deste ano, o PIB da agropecuária cresceu 13,4% em relação ao trimestre anterior, índice que representa a maior expansão dos últimos 20 anos e maior crescimento desde o 4º trimestre de 1996.

Se tirasse a agropecuária, com certeza o Brasil continua com dados negativos, em clima de recessão. Ressalte-se que a agropecuária pesar somente 5,5% no valor adicionado da economia (participação do setor no cálculo do PIB). Os outros setores da economia ainda apresentam números tímidos. A indústria, por exemplo, cresceu 0,9%, enquanto a atividade de serviços, que representa mais de 73,3% do PIB brasileiro teve crescimento nulo.

A agropecuária, apesar do temporal com trovoadas de corrupção que estão abalando o país, tem se modernizado e é isso, além da força de vontade do produtor rural, seja ele do mundo do agronegócio ou mesmo da agricultura de subsistência, que tem feito a diferença. Que se faz acreditar que o país tem jeito e pode retomar o crescimento.

Bom que se ressalte que os números positivos da agropecuária tem efeito maior no primeiro trimestre, que é o ápice da colheita de grãos, período em que toda a cadeia é movimentada, desde a porteira das fazendas até o consumidor final.

O resto do ano e não pouco, são três trimestres, o desenvolvimento da economia depende do comportamento da indústria e de serviços.

O problema é que apesar do país ter saído tecnicamente da recessão, a recuperação da economia brasileira ainda é uma incógnita, posto que o momento ainda é de indefinição quanto ao futuro do presidente Michel Temer. E isso é consenso entre boa parte dos economistas e analistas de mercado.

Ou seja, o Brasil continua refém da crise política que se instalou em Brasília e que nas últimas semanas se agravou com a delação da JBS que alcançou Michel Temer.

Todo esse cenário de incertezas - se Michel Temer renuncia ou se vai ser cassado, ou se permanece no cargo - mantém a desconfiança dos investidores quanto ao futuro da economia.

O que se espera é que essa crise seja debelada o quanto antes, doa a quem doer, no sentido de evitar que o país continue mergulhado nessa conjuntura de dúvidas e que o otimismo volte a exortar a vida do brasileiro, que tem sentido na pele as agruras de uma economia cambaleante. Que assim seja.

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