Mantendo a festa

Tradição mantida por gerações

Em São Luís, crianças participam de brincadeiras juninas, como bumba-boi e tambor de crioula, garantindo assim a continuidade do folclore maranhense; além de manter vivo o folclore, as crianças gostam da brincadeira e se divertem

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37

[e-s001]Os festejos juninos são a mais tradicional manifestação da cultura popular maranhense. Em junho, grupos de bumba meu boi, tambor de crioula, cacuriá, entre outros, espalham-se pelos arraiais de São Luís, entretendo o público e prestando suas homenagens a Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal. E por se tratar de manifestações populares, é preciso o esforço das comunidades para que as festividades não deixem de ser realizadas. Em São Luís, crianças participam das brincadeiras, garantindo assim a continuidade do folclore maranhense. E muita dessa tradição passa de pai para filho.

Com apenas 2 anos, a pequena Rizla Maria já chama a atenção no Tambor de Crioula Lírio de São Benedito. Sediado na Liberdade, o tambor foi fundado há mais de 30 anos por Maria da Conceição Madeira, a dona Mocinha, que é bisavó de Rizla Maria. Há três anos, ela faleceu, e o tambor passou a ser comandado pela filha de dona Mocinha, que já dançava no grupo, e por Raíza Najara, mãe de Rizla Maria e que desde os 6 anos é coreira do tambor.

Com três gerações da família participando da brincadeira, Rizla Maria vestiu a primeira saia de coreira ainda aos 7 meses. “Toda as mulheres da minha família dançam no tambor. Então, desde que ela nasceu eu a levava para o tambor e quando ela tinha 7 meses coloquei uma saia de coreira nela. E no ano passado, quando ela já tinha um ano, dançou pela primeira vez com a gente em uma apresentação na Praça Maria Aragão”, conta orgulhosa a mãe da criança.

Logo a menina tomou gosto pela dança e começou a pedir para sua mãe vesti-la e colocá-la na roda de tambor. “Ela gosta muito de dançar. No meio da roda, ela fica olhando as mulheres dançando e gira a saia igual. Ela quer até dar a pungada com as demais mulheres, mas é muito pequena ainda. Este ano, ela tem participado de todas as apresentações”, conta Raíza Najara. A filha dela é, por enquanto, a única criança que se apresenta com o tambor.

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Raíza Najara, que também é uma das responsáveis pelo grupo, vê na pequena Rizla Maria a garantia da continuidade do tambor de crioula. “Ela já gosta muito de tambor e nós estamos incentivando este gostar. Eu não quero ver esse tambor acabar e espero que milha filha toque o tambor em frente, no futuro, mantendo esta tradição”, afirma.

“Quando vejo minha filha dançar, sinto que estou dando uma contribuição importante para o folclore do estado, pois vejo minha filha perpetuando a nossa cultura”Igor Pinheiro, pai de Ellen Sophia, 4 anos, índia-mirim do Boi de Axixá.

Índia mirim
Quem também não perde uma apresentação, apesar da pouca idade, é Ellen Sophia, de 4 anos. Ela é índia mirim do Bumba Meu Boi de Axixá, grupo do sotaque de orquestra que conta com mais duas crianças no grupo. Ellen
Sophia é filha do jornalista Igor Almeida, que durante 15 anos foi vaqueiro do Boi de Morros, grupo no qual sua esposa também dançou durante dois anos como vaqueira. “Ela segue uma tradição familiar. No ano em que eu e a mãe dela nos casamos, saímos do Boi de Morros e fomos para o Boi de Axixá. No São João seguinte, minha esposa já estava grávida e ela conta que Ellen ficava muito agitada na barriga dela quando estávamos nos arraiais”, afirma Igor Almeida.

[e-s001]Ellen Sophia começou a se apresentar quando tinha apenas 1 ano e não quis mais parar. “Ela nasceu e está se criando em meio ao bumba meu boi. É característico dela dançar. Ela gosta muito, pede para participar. Ela é muito animada. Você percebe a empolgação e a felicidade dela quando está dançando”, conta Igor Almeida que junto com a esposa Mayara faz parte da diretoria do Boi de Axixá, o que ajuda a acompanhar a filha nas apresentações.

SAIBA MAIS

Personagens

O auto do Bumba Meu Boi não tem personagens infantis. Além do boizinho, personagem central da apresentação, fazem parte da brincadeira Pai Francisc e Mãe Catirina, o dono da fazenda ou amo, vaqueiros, índias, índios e caboclos, além do cazumbá. De acordo com o sotaque do grupo de bumba meu boi um alguns personagens podem ou não fazer parte da apresentação.

Patrimônio

Em agosto de 2011, o Complexo Cultural do Bumba Meu Boi do Maranhão recebeu o título de Patrimônio Cultural do Brasil. A proposta de foi apresentada em 2008 ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em 2007, o Iphan já tinha reconhecido o tambor de crioula como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.

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