Coluna do Sarney

Juros Zero? Olha o calote

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37

O Maranhão está cada vez mais mudando mesmo, só que somente na conversa. Começou uma coisa impossível: ressuscitar a Revolução Russa de 1917, que implantou o comunismo na Rússia e depois fundou a União Soviética, ocupando militarmente os países do Leste europeu. Agora, depois que a mesma acabou e acabou o comunismo - ficando como a maior mancha da História por ter causado mais de 20 milhões de mortos -, o Maranhão resolveu ressuscitá-lo: mandou pintar escolas e muros do estádio de vermelho, abriu uma concorrência para fardar o funcionalismo que tivesse contato com o público com camisas vermelhas. Parece que a reação do público fez o colorido não pegar, tantas foram as críticas. Mas ficaram os editais de concorrência para a compra das “fardas vermelhas”.

Hoje o único foco comunista no mundo é a Coreia do Norte, que se dedica a construir bombas atômicas. O Maranhão da mudança bem que podia fazer um “convênio” para participar desse grande projeto.

Agora o governo quer mudar as leis econômicas, só que na mesma forma de mentira, criando um programa “Juros Zero”. Quem primeiro se dedicou a essa tarefa de transformar as leis de mercado através de decreto foi um governador de São Paulo, que foi reclamar do seu secretário da Fazenda sobre o aumento de preços. O secretário da Fazenda respondeu-lhe: “Governador, isso é impossível. É a lei da inflação.” Ele retrucou: “Então, vamos mandar para a Assembleia um projeto revogando essa tal Lei da Inflação, a Assembleia é nossa, temos grande maioria.” Depois tivemos o episódio grotesco da Constituição de 1988, que fixava os juros em 12%, como se os juros fossem capazes de fugir às leis do mercado e ao controle do Banco Central. Pois não que é um deputado, também de São Paulo, queria revogar essas leis?

E aqui no Maranhão, como engodo para o povo, anuncia-se juros zero. Seria ótimo se fosse verdade, mas não é nada disso. É o Banco do Brasil emprestando com juros de mercado e o Maranhão, com dinheiro do povo que paga impostos, se comprometendo a pagar esses juros. Sabe quanto já destinou para isso? Cinco milhões, isto é, apenas cinco milhões! Isso não daria para nada, se fosse para atender de verdade aos pequenos empresários. Só micro e pequenas empresas o Maranhão possui 200.000! Se dividíssemos cinco milhões pelas 200.000 empresas dariam 25 reais para cada empresa! Mas o governo limitou o seu programa a apenas 18.500 empresas, deixando 181.500 de fora. Isto é, 90,75% ficarão chupando pirolito!

Mas o que é pior é que o governo só se compromete a depositar na conta dos tomadores, esses pobres tomadores de 20.000 reais - o máximo que podem tomar emprestado -, depois deles pagarem os tais juros zero de seu bolso, aguardando para um dia receber do governo o dinheiro de volta.

Quem vai confiar nisso? O governo não paga nem os aluguéis das casas que aluga nem as obras que contrata sem atraso. O resultado é o calote do governo. Neste caso dos juros zero depende de abrir crédito no Orçamento, com um ano de antecedência. Por isso é preciso cuidado com o calote desses poucos 270 reais de juros - que é o que o governo promete reembolsar em média por tomador de empréstimo (5 milhões de reais que ele diz que já destinou divididos pelos 18 mil e quinhentos empresários que poderão ser beneficiados).

Destinou - palavra de governo que nunca cumpriu. Melhor seria se desse, a cada microempresário, cinco mil reais de ajuda, que eles estão precisando muito, em vez desse tal programa de juros zero.

Quem empresta? O Banco do Brasil, nada do governo do Estado. Quem dá o aval? O governo não, que já na própria medida provisória garante que não dará aval. Quem paga os juros? O calote que nenhum gerente de banco vai arriscar.

O Maranhão mudou: ressuscitou o comunismo, zerou a lei de mercado e tenta enganar o pobre e sofredor empresário que ele tem massacrado com impostos e perseguição.

José Sarney

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