Proliferação

Aranhas infestam Lagoa da Jansen e espalham teias na área

Fenômeno chama atenção pela quantidade de teias que pendem de cabos de energia, placas e sobre as folhas ou gramado; especialista afirma que população não precisa ficar com medo de acidentes, pois o veneno é inócuo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38
TEIAS de aranha cobrem folhagem ao longo da Lagoa da Jansen
TEIAS de aranha cobrem folhagem ao longo da Lagoa da Jansen

SÃO LUÍS - Quem passa pela Avenida Ana Jansen, na Lagoa da Jansen, e observa a copa das árvores que margeiam o espelho d’água, tem a impressão de que se esqueceram de tirar o pó por causa do aspecto acinzentado. É que em cabos de energia, pendendo de placas, sobre as folhas ou mesmo no gramado, teias de aranha espalhadas chamam atenção.
Segundo especialista, há uma proliferação de aranhas na lagoa por casa do desequilíbrio ecológico da região.

O fenômeno começou a chamar atenção porque a grande quantidade de aranhas na área não é algo comum e começou a ser observado por moradores e frequentadores da área há algumas semanas quando a quantidade de teias aumentou consideravelmente. Por se tratar de aranhas, muita gente ficou assustada.

Segundo o biólogo e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Maurício Mendonça, a proliferação de aranhas na lagoa é causada por um desequilíbrio ecológico na área. “Os problemas ambientais que causam distúrbios na qualidade da água propiciam o crescimento exagerado da população de insetos na área. Estes insetos servem de alimento para as aranhas e disso resulta um fenômeno natural. Quanto maior a quantidade de alimento, maior a presença da espécie que se alimenta desses insetos”, explica.

No dia 27 de maio, O Estado publicou reportagem sobre uma infestação de mosquitos que estão invadindo as residências situadas às margens dessa reserva natural. Apesar de considerados inofensivos, ou seja, não transmitirem doenças, os insetos têm provocado uma série de transtornos aos moradores. Maurício Mendonça esclarece que, na verdade, não são mosquitos, mas animais semelhantes, que não se alimentam de sangue.

[e-s001]Desequilíbrio ambiental
Ainda de acordo com o biólogo, esse desequilíbrio é causado pelas obras de troca das comportas da lagoa. “A falta de boa circulação de água na lagoa criou condições para os insetos se desenvolverem”, afirmou. Com os serviços de troca da comporta, a água - que antes obedecia a um ciclo contínuo entre a Lagoa da Jansen e o mar para minimizar o acúmulo de sedimentos que causam mau cheiro no local - está temporariamente represada, o que contribui para a concentração maior de substâncias prejudiciais à saúde e, em consequência, para a proliferação das larvas do mosquito.

Maurício Mendonça informou ainda que a presença tanto dos insetos que se assemelham a mosquitos quanto das aranhas indica poluição da área. “Alguns animais são adaptados a águas poluídas. Esses animais são indicadores biológicos da qualidade ambiental onde proliferam e sobrevivem”, conclui.

O biólogo já esteve no local analisando a situação, tentou colher amostras dos insetos e das aranhas que proliferam, mas não conseguiu. Ele afirmou que precisaria fazer uma análise minuciosa para poder identificar com exatidão as espécies, mas informou que se trata de dois tipos de aranhas de famílias biológicas bem próximas.

Maurício Mendonça destacou ainda que a população não precisa ficar com medo de acidentes. “Os dois grupos de aranha que estão se proliferando na lagoa não oferecem riscos à população humana, pois seus venenos são inócuos em nós”, garantiu.

Ainda segundo ele, não há possibilidade de outros animais se proliferarem na área. “São poucas as espécies que podem se reproduzir e sobreviver em áreas poluídas. O mosquito Aedes aegypti (transmissor das doenças dengue, febre chikunhunya e zika vírus), por exemplo, não tem como se proliferar naquelas condições”, informou.

Acidentes
Apesar disso, quem passa ou mora na região fica apreensivo, já que os animais costumam ser temidos por muita gente. Até o começo de maio deste ano, três pessoas foram internadas após serem picadas por uma aranha-marrom, em São Luís.

A picada dessa aranha não dói, mas seus efeitos causam grandes problemas à saúde, principalmente na pele, que pode até necrosar (morte de células da região atacada). Só nos últimos três anos, foram registrados seis casos de mortes no Maranhão por picadas de aranhas.

Em São Luís, o Hospital Municipal Djalma Marques, o Socorrão I, é o único especializado no tratamento de infectados e que possui o soro antiaracnídico, fabricado pelo Instituto Butantan, em São Paulo, e sua distribuição é feita pelo Ministério da Saúde.

[e-s001] A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) informou, em nota, que realiza constantemente vistorias na região e que já está analisando a situação.

SAIBA MAIS

Aranhas

As aranhas são artrópodes da classe dos aracnídeos (ordem Araneida). Apresentam cores variadas, e, quanto ao tamanho, vão do quase invisível a olho nu até espécies de mais de 20 centímetros. Todas as aranhas são predadoras e sua dieta inclui insetos, tais como: moscas, mosquitos, grilos, gafanhotos, baratas etc. Apesar de poucas aranhas possuírem a capacidade de intoxicar o homem, todas são venenosas. No Maranhão, os tipos de aranha mais comuns são as caranguejeiras, a aranha-marrom e a aranha de jardim.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.