Lava Jato

Presidente do TSE diz que Lava Jato já foi além dos limites

Em seminário com líderes empresariais, ministro Gilmar Mendes entende que o objetivo das investigações é colocar medo e desacreditar as pessoas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38
Gilmar Mendes critica ações da Operação Lava Jato
Gilmar Mendes critica ações da Operação Lava Jato (Gilmar Mendes)

BRASÍLIA - Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e membro do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes criticou, nesta segunda-feira, 19, a expansão da Operação Lava Jato para "além dos limites". Em seminário do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em Pernambuco, o magistrado disse que operação foi "importante conquista", mas questionou resultados.

“Expandiu-se demais a investigação, além dos limites. Abriu-se inquérito para investigar o que já estava explicado de plano. Qual é o objetivo? É colocar medo nas pessoas. É desacreditá-las. Aí as investigações devem ser questionadas”, disse na palestra.

O ministro defendeu, ainda, uma reforma política, fez crítica direta a juízes que tomam decisões no âmbito político e rechaçou um governo comandado por juízes e promotores.

“Quem quiser fazer política, que vá aos partidos políticos e faça política lá. Não na promotoria, não nos tribunais (...) Deus nos livre disto. Os autoritarismos que vemos por aí já revelam que nós teríamos não um governo, mas uma ditadura de promotores ou de juízes. Vocês vão confiar a essa gente que viola o princípio de legalidade a ideia de gerir o País? Não dá”, afirmou, em referência ao benefícios pagos a juízes e promotores e ao descumprimento do teto salarial, que "só o Supremo", cumpre.

O ministro do STF voltou a criticar decisões liminares de suspensão de mandato parlamentar, sem citar seus pares e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foi afastado do cargo pelo Supremo, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), no âmbito das delações de executivos da JBS.

“Se está a banalizar. Dá-se uma liminar para suspender um senador do mandato. Onde está isso na Constituição? Não está, mas a gente inventa”, disse.

Mais

No início do mês, durante o julgamento de cassação da chapa Dilma-Temer, no TSE, Gilmar e Dino trocaram acusações e a sessão precisou ser suspensa. O vice-procurador eleitoral havia pedido o impedimento do ministro Admar Gonzaga, do TSE, por este já ter advogado pela a ex-presidente Dilma Rousseff. Na sequência, Gilmar subiu o tom e reagiu ao pedido: "O Ministério Público Eleitoral não pode surpreender o tribunal, precisa assumir seu papel e respeitar o tribunal. Não pode coagir e fazer o jogo da mídia".

Procurador diz que ministro

Presta desserviço ao país

Candidato a suceder em setembro o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o vice-procurador eleitoral Nicolao Dino rebateu a declaração do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de que a Lava Jato "se expandiu demais, além do limite".

Segundo Dino, que participou nesta segunda-feira (19), no Rio de Janeiro, de um seminário com os demais candidatos ao cargo de chefe do Ministério Público Federal (MPF), a declaração de Gilmar Mendes, que é também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), "é um desserviço à República".

"O trabalho da Lava Jato tem que continuar. A minha linha de atuação será no sentido de expandir [a Lava Jato] se houver a necessidade de expansão", afirmou Dino, em relação ao seu trabalho na PGR, caso seja indicado pelo presidente Michel Temer, acrescentando que o discurso de Gilmar Mendes, na manhã desta segunda-feira, 19, em Pernambuco, "não condiz com a verdade".

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