Tensão

Após EUA abaterem jato sírio, Rússia corta comunicação e ameaça retaliar

Moscou disse que passará a tratar aviões da coalizão que voem a oeste do rio Eufrates como alvos em potencial

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38

MOSCOU - Um dia depois de a coalizão liderada pelos Estados Unidos derrubar um jato do regime sírio, a Rússia anunciou ontem a interrupção do canal de comunicação com Washington para evitar colisões aéreas sobre o país árabe.

O governo de Moscou também disse que passará a tratar aviões da coalizão que voem a oeste do rio Eufrates como alvos em potencial, sujeitos a serem derrubados.

O anúncio da Rússia representa uma nova deterioração nas relações militares com os Estados Unidos e pode agravar a situação política na Síria.

No domingo (18), a coalizão liderada pelos Estados Unidos, que realiza bombardeios contra a organização terrorista Estado Islâmico na Síria e no Iraque, derrubou um avião do regime do ditador Bashar al-Assad a cerca de 40 quilômetros da cidade de Raqqa. O piloto se ejetou sobre território controlado pelos extremistas e está desaparecido.

É a primeira vez desde o início da guerra civil na Síria, em 2011, que os Estados Unidos derrubam um avião do regime de Assad –o país financiava rebeldes que lutam para derrubar o ditador. A Rússia, principal aliada de Assad, classificou o abatimento de "violação cínica" da soberania da Síria e da lei internacional e cobrou Washington a tomar medidas corretivas.

Por sua vez, os Estados Unidos justificaram a derrubada com base no princípio de "autodefesa coletiva", dizendo que o jato sírio estava jogando bombas perto de posições das Forças Democráticas da Síria (FDS), coalizão de milícias curdas e árabes que luta contra o EI com apoio americano.

Retomada

Com o apoio da Rússia, o regime sírio retomou nos últimos meses territórios do EI a oeste do rio Eufrates. Por sua vez, as FDS têm liderado a campanha contra os extremistas a leste do rio e atualmente conduzem uma operação por terra para expulsar o EI de Raqqa, bastião dos extremistas no país.

Embora não colaborem entre si, as tropas pró-Assad e as FDS mantêm um pacto de não agressão. Caso se confirme que o regime sírio está bombardeando os combatentes, é possível que a guerra civil se agrave, com a abertura de novas frentes de batalha.

Do ponto de vista internacional, as novas tensões entre Estados Unidos e Rússia sobre a Síria podem recrudescer as relações entre os países.

Em abril, os dois países chegaram a reduzir temporariamente sua colaboração militar após o Exército americano bombardear posições do regime sírio em retaliação a um suposto ataque químico ordenado por Assad no noroeste do país.

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