Editorial

Um domingo colorido de direitos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38

Neste domingo, será realizada a 21ª edição da Parada Gay de São Paulo, que acontece na região central da capital paulista, com a participação de Anitta, Daniela Mercury, Naiara Azevedo, entre outros artistas. O tema de 2017 é “Independente de nossas crenças, nenhuma religião é Lei! Todas e todos por um Estado Laico”.

Os números relacionados à parada são superlativos: 19 trios elétricos; uma estimativa de cerca de 3 milhões de pessoas, segundo a administração municipal; aproximadamente R$ 1,5 milhão na infraestrutura do evento somente da prefeitura.

A 21ª edição da Parada Gay de São Paulo deve movimentar a economia da capital paulista em aproximadamente R$ 45 milhões. Segundo as projeções, 20% do público deve ser de turistas - são cerca de 600 mil pessoas que devem sair de outras cidades. Os hotéis perto da Avenida Paulista estão lotados desde o meio da semana.

São Paulo é o estado brasileiro que mais acumula registros de união estável entre pessoas do mesmo sexo. De janeiro a maio deste ano, São Paulo foi responsável por 20% do total de escrituras (735) lavradas, de acordo com o levantamento do Colégio Notarial do Brasil - Seção São Paulo (CNB/SP). Foram celebradas 144 uniões homoafetivas no período.

Os números chamam a atenção e mostram o impacto da festa na cidade de São Paulo, mas também escondem, apesar do brilho e colorido da ocasião, números tristes. De acordo com um levantamento realizado em 2016 pelo Grupo Gay da Bahia, a cada 25 horas, um gay é vítima de homofobia no país.

No Maranhão, por exemplo, dois casos somente em 2017 podem estar relacionados a crimes de homofobia. Em 23 de abril, as travestis Thais (Pedro da Silva Paixão) e Eliezio Pereira Vale (nome social não revelado) foram esfaqueadas em casa por um grupo de três a quatro homens.

Antes disso, no dia 26 de fevereiro, a travesti Lorrane foi assassinada com um tiro na cabeça e outro nas nádegas, em um dos principais pontos turísticos do Centro de São Luís, a Praça Pedro II. Na época, o delegado Wang Chao, da Delegacia de Homicídios, revelou que a polícia trabalha com três linhas de investigação, e uma delas é a de crime de gênero.

No ano passado, quatro travestis foram mortos no Maranhão, segundo dados da Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos.

O tradicional arco-íris e a festa que se forma na Parada pode passar a ideia equivocada de que tudo está bem, mas é um protesto sim, uma forma de dar visibilidade às questões LGBT e a uma luta antiga por reconhecimento de direitos. É um porto seguro para que homossexuais, transgêneros e travestis se sintam à vontade e seguros para mostrar ao mundo o que são e o que querem.

Muitos dizem que não são contra, mas não demoram a questionar: e os seios desnudos? Os atos escandalosos? Bem, no carnaval a exposição dos corpos acontece da mesma forma, mas ninguém protesta contra isso. Na Parada, os LGBT encaram seus atos como atos políticos, de exibição e protesto de sua identidade de gênero.

No dia que pessoas de qualquer identidade de gênero forem respeitadas, aí sim a Parada do Orgulho Gay unicamente uma festa. A festa da diversidade.

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