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Copa das Confederações começa sob forte esquema de segurança

Torneio acontecerá em quatro cidades da Rússia e terá clima tenso, pois os russos não apoiam a competição e protestam contra as suspeitas de superfaturamento

Gazetapress

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38
O estádio de San Petersburgo será um dos palcos do torneio que serve como teste para a Copa do Mundo de 2018
O estádio de San Petersburgo será um dos palcos do torneio que serve como teste para a Copa do Mundo de 2018

Moscou - Nos últimos anos a Copa da Confederações foi tratada com grande importância, pois se tornou um laboratório para a Copa do Mundo, disputada no ano seguinte sempre no mesmo país. Isso vai se repetir na Rússia, que recebe a competição a partir deste sábado. Porém, o torneio começa muito esvaziado pela ausência da Seleção Brasileira, que não fica de fora desde a edição de 1995, deputada na Arábia Saudita.

Desta vez o Brasil não ganhou a Copa América, nem a Copa do Mundo e muito menos sedia o torneio. Os russos terão que aguardar a Copa do Mundo para ver os canarinhos em campo. Porém, esse não é o único motivo do esvaziamento da competição. O torneio corre o risco de ter essa como a sua última edição, embora alguns países asiáticos lutem para receber o torneio daqui a quatro anos.

“Não vejo desvalorização e sim uma competição que segue atraente. Os russos vão mostrar isso”, tenta defender o suíço Gianni Infantino, presidente da Fifa.

Os escândalos de corrupção envolvendo a Fifa nos últimos anos não ajuda na defesa de seu presidente.

As sedes escolhidas são as de San Petersburgo, Kazán, Moscou e Sochi. Porém, todas terão um forte esquema de segurança, pois os russos não apoiam a competição e protestam contra as suspeitas de superfaturamento. Os gastos com o torneio e com a Copa do Mundo do próximo ano já superam em mais de quatro vezes as cifras previstas inicialmente.

ALEMANHA

A Alemanha chega bem renovada para esta Copa das Confederações. De olho nas férias de seus principais atletas, o técnico Joachim Löw poupou quase todo o time titular e apenas quatro atletas, todos reservas, estavam na Copa do Mundo de 2014, conquistada no Brasil com direito a 7 a 1 nas semifinais. Apesar disso, não é possível descartar a competitividade dos germânicos.

“Posso assegurar que vamos a campo com o pensamento de conquistar o título. Somos a Alemanha”, disse Löw.

O zagueiro Shkodran Mustafi pode ser considerado um dos destaques do time, e deve liderar em campo sua equipe. No ataque a atração fica por conta de Timo Werner. Os alemães garantiram o direito de jogar a Copa das Confederações por serem os atuais campeões do mundo.

O FORMATO

A atual edição respeita o regulamento dos anos anteriores, com os oito times sendo divididos em dois grupos de quatro. No Grupo A estão a Rússia, a Nova Zelândia, Portugal e México. Já o Grupo é composto por Alemanha, Austrália, Camarões e Chile.

As equipes se enfrentam dentro de seus respectivos grupos em turno único e os dois primeiros colocados se garantem nas semifinais, onde há o cruzamento do primeiro de A x segundo de B e primeiro de B x segundo de A. Os vencedores fazem a final e os perdedores decidem a terceira posição.

OS PARTICIPANTES

PORTUGAL

O português Cristiano Ronaldo, umas das estrelas do Real Madrid, será a grande atração desta Copa das Confederações
O português Cristiano Ronaldo, umas das estrelas do Real Madrid, será a grande atração desta Copa das Confederações

Com a Alemanha desfalcada, Portugal surge como um dos principais favoritos ao título. O técnico Fernando Santos não quis saber de preservar ninguém e manteve a base que conquistou o título da Eurocopa, torneio que o credenciou a jogar a Copa das Confederações.

“Portugal sabe que este título tem grande importância junto à comunidade internacional e por isso mesmo o nosso pensamento é ganhar”, disse Fernando Santos.

A principal estrela da companhia é Cristiano Ronaldo, que atravessa o melhor momento de sua carreira, tendo conduzido o Real Madrid aos títulos do Campeonato Espanhol e da Liga dos Campeões da Europa.

RÚSSIA

A anfitriã Rússia disputa pela primeira vez a Copa das Confederações, direito adquirido apenas por ser a sede do torneio. As expectativas não são das melhores e a luta é para conseguir passar da primeira fase, evitando um vexame e um ambiente hostil para o Mundial do próximo ano.

O técnico Stanislav Cherchesov, ex-goleiro da seleção nacional, assumiu o comando no ano passado, após a demisão do italiano Fabio Capello.

“Nós estamos cientes de que a luta será complicada, mas não fugimos de uma boa batalha e podemos surpreender”, disse Cherchesov.

As principais estrelas russas são o goleiro Igor Akinfeev, o meia Denis Glushakov e o atacante Fyodor Smolov. Porém, a força da equipe reside mesmo no coletivo e na enorme vontade mostrada pelos jogadores em campo.

MÉXICO

A campeão da Copa Ouro da Concacaf é também a única participante a ter sentido o gostinho de ser campeã da Copa da Confederações. O México foi campeão em 1999, superando a Seleção Brasileira em uma histórica final por 4 a 3.

O time é dirigido pelo técnico Juan Carlos Osorio, que já passou pelo São Paulo. Seus números são excelentes e o país está praticamente clasificado para a Copa do Mundo do próximo ano.

“Temos um time sólido e que chega para esta Copa das Confederações pensando em falar alto”, disse Osorio.

A equipe é muito experiente e conta com algumas estrelas, como o goleiro Guillermo Ochoa, do Granada, da Espanha, e os atacantes Carlos Vela, da Real Sociedad, e Chicharito Hernández, do Bayer Leverkusen.

CHILE

O Chile atravessa seu melhor momento e pela primeira vez disputa a Copa das Confederações. Se credenciou por ser o atual bicampeão da Copa América. A equipe conseguiu manter um bom conjunto apesar da saída do treinador Jorge Sampaoli, atualmente no comando da Argentina.

O atual treinador é Juan Antonio Pizzi, que sabe que sua equipe precisa deixar uma boa impressão. “O Chile representa a América do Sul e isso lhe obriga a ter uma boa participação”, disse Pizzi.

Talento não falta ao time que tem Claudio Bravo, goleiro do Barcelona debaixo das traves. Arturo Vidal, do Bayern de Munique, é quem lidera o meio-de-campo, capaz de abastecer Alexis Sánchez e Eduardo Vargas em um ataque avassalador.

CAMARÕES

Camarões é a seleção que traz mais lembranças tristes para a Copa das Confederações. Não por conta de seu alegre futebol, mas pela lembrança da edição de 2003, quando o meia Marc-Vivien Foé caiu morto em campo durante as semifinais contra a Colômbia, vencida pelos africanos por 1 a 0. Naquele mesmo ano o time seria finalista, perdendo a final para a França também pela contagem mínima. Foi a melhor participação camaronesa no torneio.

Para este ano o técnico belga Hugo Broos aposta em retomar o bom futebol que levou o país a conquistar a Copa Africana de Nações em janeiro. Porém, o que se tem visto é um futebol apático. Prova disso foi a goleada de 4 a 0 sofrida para a Colômbia em amistoso no meio da semana. O time também periga não conseguir vaga na próxima Copa do Mundo.

“Vamos encontrar dificuldades, mas podemos surpreender”, disse Broos.

O goleiro Fabrice Ondoa, do Sevilla, pode ser considerado o jogador mais importante de um elenco, que tem ainda o equilíbrio do meia Andre Zambo, que joga no francês Olympique de Marselha.

AUSTRÁLIA

A Austrália chega para a Copa das Confederações credenciada por ter conquistado a Copa da Ásia, porém, não é uma das favoritas. A equipe, porém, não pode ser chamada de sem tradição, pois foi finalista em 1997, sendo goleada por 6 a 0 pela Seleção Brasileira na grande final. Em 2001 o time deu o troco no Brasil e venceu por 1 a 0 na disputa pelo terceiro lugar.

Ange Postecoglou, atual treinador da equipe, aposta no coletivo. “Temos um time muito sólido na defesa e que atua de forma operária”, disse o treinador.

A grande estrela da companhia é o experiente atacante Tim Cahill, que joga no local Melbourne. O goleiro Mat Ryan, do Gelk, da Bélgica, também tem grande relevância para a sua seleção.

NOVA ZELÂNDIA

A campeã da Oceania chega sendo tratada como o time mais fraco da competição. Já disputou a Copa das Confederações em cinco ocasiões, mas nunca conseguiu passar da primeira fase, tendo apenas um empate e oito derrotas. Portanto, a ordem é buscar a primeira vitória.

O técnico é o inglês Anthony Hudson, conhecido por ser ousado em suas declarações. “A Nova Zelândia não teme nenhum adversário, pois sabe que qualquer coisa pode acontecer dentro de campo”, disse o treinador.

O jogador mais perigoso do time é o atacante Chris Wood, que atualmente defende as cores do Leeds United, da Inglaterra.

HISTÓRICO DE CAMPEÕES

Copa das Confederações, que é um evento teste para Copa-2018, será disputada nas cidades de San Petersburgo, Kazán, Moscou e Sochi
Copa das Confederações, que é um evento teste para Copa-2018, será disputada nas cidades de San Petersburgo, Kazán, Moscou e Sochi

A primeira seleção que foi campeã da Copa das Confederações foi a Argentina, que ergueu a taça em 1992. Naquela ocasião a Copa do Rei Fahd não contava com prestígio nenhum, tanto que a Europa sequer enviou representante. Na decisão do torneio, que teve apenas quatro participantes, os argentinos fizeram 3 a 1 nos anfitriões árabes. Resultado justo para quem mais valorizou o torneio, mandando incluive nomes de ponta, como o volante Fernando Redondo e os atacantes Claudio Caniggia e Gabriel Batistuta.

Três anos depois a Argentina foi novamente finalista, mas, fragilizada pela má campanha na Copa do Mundo dos Estados Unidos, quando foi eliminada pela Romênia nas oitavas de final, a equipe sul-americana não foi páreo para a Dinamarca que, comandada pelos irmãos Michael e Brian Laudrup, fez 2 a 0 na decisão.

Ainda na Arábia Saudita, mas já sob o nome de Copa das Confederações, o torneio de 1997 marcou o primeiro título da Seleção Brasileira. Naquela ocasião o time dirigido por Zagallo não teve dificuldades para humilhar a Austrália na decisão, com uma sonora goleada de 6 a 0. O volante e capitão Dunga fazia parte do grupo, que ficou marcado por ter raspado os cabelos. Ronaldo e Romário brilharam na final, marcando três gols cada um.

Em 1999, já sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, o Brasil foi derrotado pelo México na final, por 4 a 3. Os mexicanos fizeram prevalecer o mando de campo e a força de sua torcida. O Brasil enviou um time misto, com atletas que disputariam os Jogos Olímpicos do ano seguinte, na Austrália. Dentre seus atletas o que foi eleito o melhor da competição, Ronaldinho Gaúcho.

Nos anos de 2001 e 2003 a França assumiu o poder da Copa das Confederações, ganhando o bicampeonato. A edição de 2001 foi marcada pela queda do técnico da Seleção Brasileira, Émerson Leão, que acreditou na promessa da diretoria da CBF, dizendo que o torneio não seria levado em consideração. Leão não pôde convocar os atletas que atuavam no exterior e nem os de clubes brasileiros envolvidos nas fases decisivas da Copa do Brasil e da Copa Libertadores. Fiasco total e Leão demitido.

Já em 2003 a mais triste edição da história, vencida pela França, que superou Camarões por 1 a 0 na final. O meia camaronês Marc-Vivien Foe teve uma parada cardíaca na partida contra a Colômbia e deixou o estádio já morto.

Em 2005, na Alemanha. A Seleção Brasileira, comandada por Carlos Alberto Parreira, teve um início complicado, mas viu Adriano brilhar nas semifinais, na vitória de 3 a 2 sobre os anfitriões. Na decisão um show canarinho, com direito a goleada de 4 a 1 sobre a rival Argentina.

Em 2009, a competição foi disputada na África do Sul. A tão esperada final entre Brasil e Espanha não aconteceu, uma vez que os espanhóis ficaram pelo meio do caminho, sendo eliminados pelos Estados Unidos nas semifinais. Na grande decisão os Ianques deram um susto nos brasileiros, fazendo 2 a 0 no primeiro tempo. Porém, na volta para o intervalo o time comandado por Dunga conseguiu uma incrível virada com gols de Luis Fabiano (2) e Lúcio.

A última edição foi em 2013, no Brasil, e o time de Felipão teve grande participação. O Brasil conseguiu se impor frente a todos os seus adversários e na grande decisão goleou a Espanha por 3 a 0, dando a falsa esperança de que em 2014 o tão sonhado hexa chegaria. O que não aconteceu.

Abaixo a relação de campeões:

ANO - LOCAL - CAMPEÃO - VICE - RESULTADO

1992 - Arábia Saudita - Argentina - Arábia Saudita - 3 x 1

1995 - Arábia Saudita - Dinamarca - Argentina - 2 x 0

1997 - Arábia Saudita - Brasil - Austrália - 6 x 0

1999 - México - México - Brasil - 4 x 3

2001 - Japão/Coréia - França - Japão - 1 x 0

2003 - França - França - Camarões - 1 x 0

2005 - Alemanha - Brasil - Argentina - 4 x 1

2009 - África do Sul - Brasil - Estados Unidos - 3 x 2

2013 - Brasil - Brasil - Espanha - 3 x 0

OS PRIMEIROS JOGOS (Respeitando o horário de Brasília)

17/6 - 12h Rússia x Nova Zelândia (Grupo A)

18/6 - 12h Portugal x México (Grupo A)

15h Camarões x Chile (Grupo B)

19/6 - 12h Austrália x Alemanha (Grupo B)

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