Editorial

História e vandalismo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38

A preservação do patrimônio histórico é um item levado a sério em qualquer cidade, seja no Brasil, ou no mundo. Trata-se de um elemento cultural, que merece e deve ser cultuado, inclusive para que as gerações futuras saibam a importância que cada nome representa das letras, das artes, etc., no contexto histórico de cada cidade, cada país.

São Luís, além do título de Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela Unesco, no final dos anos 90, também ganhou o epíteto de Athenas Brasileiras. Este, sobretudo, pelo grande número de homens das letras que a cidade produziu entre os séculos XIX e XX. E o Brasil passou a ver com outros olhos a cidade fundada pelos franceses (outro aspecto relevante para a cultura local).

Mas, com o passar dos anos, à proporção que os avanços tecnológicos, por exemplo, vem oferecendo ao mundo novas conquistas, parece que a preservação cultural não merece ser tratada com a importância que lhe é devida. Um exemplo é o descaso dos poderes públicos com os principais elementos que formam a nossa cultura, principalmente no mundo das letras. Que fim levaram os bustos dos principais nomes que formavam o Pantheon Maranhense? Por causa das práticas de vandalismo contra esses monumentos, os bustos tiveram que ser guardados no Museu Histórico do Estado. O mesmo ocorreu com a estátua da mãe d’água, que ficava na Praça Pedro II.

Entretanto, praças e avenidas da cidade ainda ostentam com alguns nomes das letras maranhenses, na forma de estátuas de bronze (em sua maioria). Mas a sanha dos vândalos não tem limites. E deitam em depredar esses monumentos, como se se tratasse apenas de um pedaço de ferro sem nenhuma importância cultural, ou mesmo sem nenhuma utilidade prática. Claro que são importantes, por isso, foram erguidas estátuas na Praça João Lisboa, do escritor homônimo, na Praça Benedito Leite, e sem falar no busto do fundador da cidade, La Ravardière, instalado em frente à sede do Poder Executivo municipal.

Realçando o problema da sanha de vandalismo que vez por outra ataca esses monumentos, a última ocorrência se deu contra a estátua de Benedito Leite, na semana passada. Os vândalos simplesmente arrancaram o livro instalado nos pés da estátua, onde estavam os dados que identificam quem foi o homem público para a história do nosso estado. Talvez o fizeram sem sequer saber o mal que estavam causando, ou mesmo da importância de Benedito Leite no contexto histórico maranhense.

Imediatamente, o presidente da Academia Maranhense de Letras (AML) se comprometeu em arca com os custos para reparar os estragos causados pela depredação da estátua de Benedito Leite. “Se não aparecer, vamos repor a placa o mais urgente possível”, informou o presidente da AML, Benedito Buzar.

Por sua vez, e por meio de nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) informou que o caso já está sendo apurado pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF). O órgão deve fazer um levantamento com base em depoimentos de testemunhas, entre elas, comerciantes que trabalham nas proximidades da praça. Além disso, serão verificadas as gravações das câmeras de segurança da localidade, para auxiliar na identificação dos autores do crime.

Urge que medidas sejam tomadas, principalmente pelas autoridades, para que tais ações contra a cultura maranhense não se tornem rotina. E que os vândalos sejam punidos.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.