Problema antigo

Com maioria de pacientes do interior, Socorrões mantêm macas em corredor

Grande demanda de pacientes dificulta resolução de problemas estruturais nas duas unidades, que, segundo a Semus, já receberam melhorias nos últimos anos, incluindo a ampliação da capacidade de atendimento

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38

[e-s001]SÃO LUÍS - Os dois grandes hospitais de urgência e emergência de São Luís, os Socorrões, são constantemente alvo de críticas por parte da população, por causa da superlotação. Entretanto, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Semus), pelo menos 60% dos pacientes atendidos nas duas unidades são oriundos do interior do estado e vêm à capital maranhense em busca de atendimentos de saúde de média e alta complexidade. Esta grande demanda de pacientes dificulta a resolução de problemas estruturais nas duas unidades, que já receberam melhorias nos últimos anos, incluindo a ampliação da capacidade de atendimento, conforme informa a Semus.

Helena Duailibe, secretária municipal de Saúde, informou que já foram feitos diversos investimentos para melhorar o atendimento em média e alta complexidade na capital. Mas o fato de os Socorrões terem portas abertas no atendimento em saúde, ou seja, receberem todos os pacientes que vão às unidades em busca de atendimento médico, e a falta de um serviço de regulação de leitos melhor estruturado nas cidades do interior tornam constantes os problemas antigos, muitos visíveis já na entrada das unidades.

O Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I), localizado no centro da capital, tinha 20 leitos de pediatria e muitos pacientes em macas nos corredores. Em parceira com o Governo do Estado, a Semus ocupou o piso superior da Maternidade Benedito Leite, criando 35 leitos de pediatria. “Com isso, ampliamos o número de leitos de pediatria, e os 20 leitos do Socorrão I foram destinados aos pacientes que estavam em macas no corredor do piso superior. Hoje, na parte de cima do Socorrão I não tem mais uma maca no corredor”, garantiu a secretária.

Macas nos corredores
Entretanto, conforme O Estado mostrou esta semana, no piso térreo do Socorrão I pacientes ainda são atendidos em macas no corredor. Helena Duailibe informou que este problema persiste em razão da grande demanda de atendimento. “Até abril do ano passado, quando foi planejada a retirada de todas as macas do corredor do piso inferior, a demanda de pacientes nesta situação era bem menor. A média era de 60 pacientes”, contou.

Os serviços prestados nos dois Socorrões são de referência e isto provoca a alta demanda de pacientes vindos do interior, seja transferidos em ambulâncias ou vindos por conta própria”Helena Duailibe, secretária municipal de Saúde

Uma medida tomada foi a criação de 60 leitos na Santa Casa com equipes, material de uso hospitalar e medicamentos custeados pela Prefeitura de São Luís, mas a falta da regulação organizada dos outros municípios faz com que a Prefeitura tenha dificuldade de retirar as macas do corredor inferior. “Na segunda-feira à noite [dia 5], uma paciente chegou de Vargem Grande e foi direto para o Socorrão I, em busca de atendimento. Nós não podemos deixar de atender essa paciente, mas se ela tivesse vindo com um leito regulado, seria mais fácil”, explicou.

Conforme Helena Duailibe, muitos pacientes do interior do estado chegam a São Luís em busca de atendimento sem que antes seja feita a regulação do leito, e eles buscam o Socorrão I. “A Prefeitura é porta aberta e atende a todos os municípios. Quando o paciente entra no Socorrão I, só pode ser transferido para o Hospital Dutra, Geral, Aldenora Bello ou Carlos Macieira após fechado todo o seu diagnóstico. Enquanto isso não acontece, ele fica no Socorrão I, embora o hospital não seja para este tipo de atendimento”, frisou.

[e-s001]Atendimento clínico
O Socorrão I, segundo a Semus, é um hospital de trauma para atender pacientes esfaqueados ou baleados que precisam ir direto para o centro cirúrgico. Mas a maioria dos pacientes nas macas nos corredores do piso inferior são de internação clínica. “No piso inferior do Socorrão I, nós temos a internação clínica e o atendimento em neurocirurgia.
A média hoje são 10 pacientes no corredor, o que não deixa de ser um grande avanço, se a gente lembrar que eram 60, mas ainda é problema que precisamos resolver”, disse a secretária municipal de Saúde.

Conforme informou Helena Duailibe, o atendimento clínico que esses pacientes recebem no Socorrão I pode ser prestado no hospital do seu município de origem, e a transferência só ocorreria se realmente necessário e após a regulação do leito. “Muitos pacientes pegam seu carro e vêm direto para São Luís, porque sabem que aqui serão atendidos. Nós já temos estruturadas todas as diretrizes para a regulação adequada dos leitos e iremos discutir isso com o Governo do Estado e os demais municípios”, explicou a secretária.

Socorrão II
No caso do Hospital de Urgência e Emergência Dr. Clementino Moura (Socorrão II), localizado na Cidade Operária, a superlotação é decorrente do grande número de acidentes de trânsito. “Nos últimos anos, houve um crescimento no número dos acidentes envolvendo motocicletas. O Socorrão II é o hospital que atende a esse paciente que necessita de procedimentos ortopédicos como cirurgias, no caso de fratura exposta, por exemplo. Ali, nós atendemos todo o estado em ortopedia”, afirmou Helena Dualibe.

A superlotação acontece porque muitas cirurgias são de dois tempos, ou seja, o paciente passa pelo primeiro procedimento, mas precisa esperar alguns dias para a segunda cirurgia. Enquanto isso, ele fica na unidade de saúde, ocupando um leito, já que não há onde acomodá-lo.

[e-s001]Para tentar desocupar o Socorrão II, a Prefeitura de São Luís fez parceria com o Hospital Universitário Presidente Dutra para a realização de mutirões de cirurgias ortopédicas. São 10 cirurgias por semana, totalizando 40 por mês, desafogando a demanda do Socorrão II. Além disso, a Santa Casa foi credenciada pela Prefeitura para a realização de cirurgias ortopédicas. A unidade tem 40 leitos de ortopedia. “Mas tudo isso é pouco para o volume que atendemos”, observou Helena Duailibe.

SAIBA MAIS

Socorrão I
O Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I) recebe, em média, 12 mil atendimentos mensais, em urgências clínicas, cirúrgicas, ortopédicas, neurológicas e neurocirúrgicas com pacientes da capital e do interior do estado.

Socorrão II
O Hospital Municipal Dr. Clementino Moura (Socorrão II) atende na emergência ortopédica mais de 600 pacientes, provenientes tanto da capital quanto de municípios do interior do estado. Em média, são realizadas cerca de 300 cirurgias ortopédicas por mês.

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