Na Síria

Forças apoiadas pelos EUA avançam sobre bastião do EI

Combatentes tentam invadir Raqqa, na Síria, considerado reduto do grupo extremista Estado Islâmico; desde novembro, as FDS vêm avançando sobre vilarejos e pontos estratégicos ao redor da cidade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38
Combatente das FDS observa cidade de Tabqa, no norte da Síria
Combatente das FDS observa cidade de Tabqa, no norte da Síria ( Combatente das FDS observa cidade de Tabqa, no norte da Síria)

SÍRIA - As Forças Democráticas da Síria (FDS), coalizão de milícias árabes e curdas apoiada pelos Estados Unidos, iniciaram ontem uma ofensiva para expulsar os extremistas do Estado Islâmico (EI) da cidade de Raqqa, bastião da facção no país.

"Declaramos hoje o início da grande batalha para liberar a cidade de Raqqa, autoproclamada capital do terrorismo e dos terroristas", disse Talal Sillo, porta-voz das FDS. "Nosso moral está alto e nossa preparação é total para implementar o plano militar em coordenação com a coalizão liderada pelos Estados Unidos."

Durante a tarde, as FDS anunciaram que seus combatentes estavam tentando invadir Raqqa pelo leste, provocando enfrentamentos intensos com os extremistas. Na noite de segunda-feira,5, bombardeios liderados pelos Estados Unidos na cidade deixaram ao menos 12 mortos, incluindo crianças e mulheres, segundo a SANA, agência de notícias estatal síria.

Desde novembro, as FDS vêm avançando sobre vilarejos e pontos estratégicos ao redor de Raqqa com o apoio de bombardeios dos Estados Unidos. Na semana passada, a coalizão chegou aos limites ao norte e ao leste da cidade.

Raqqa foi uma das primeiras cidades a serem tomadas pelo EI, em janeiro de 2014, e atualmente abriga alguns dos principais líderes da facção.

A batalha por Raqqa, considerada crucial para acuar o EI na Síria, deverá se estender por meses. Junto à operação lançada em outubro pelo Exército iraquiano para expulsar os extremistas da cidade de Mossul, a ofensiva deverá limitar muito as capacidades materiais da milícia na região.

Golpe decisivo

A ofensiva contra Raqqa representará um "golpe decisivo" à ideia de "califado" do Estado Islâmico, afirmou ontem o comandante da coalizão internacional que combate os jihadistas, o general norte-americano Stephen Townsend.

"É difícil convencer novos recrutas de que o EI é uma causa vencedora quando o grupo perde suas duas 'capitais gêmeas', tanto na Síria como Iraque", informou Townsend em um comunicado, em referência às cidades de Raqqa, na Síria, e Mossul, no Iraque. Essa última está prestes a ser reconquistada pelas forças militares do governo iraquiano.

O general afirmou que a luta para recuperar a cidade síria será "longa e difícil", mas representará um duro golpe aos jihadistas.

"O Estado Islâmico ameaça todas as nossas nações, não só o Iraque e a Síria, mas também nossos países. Ele não pode ser tolerado", afirmou Townsend, citando os últimos ataques terroristas ocorridos no Reino Unido.

No texto, o general disse que a FSD e a coalizão iniciaram as operações na província de Raqqa em novembro. Desde então, as tropas se aproximaram e cercaram a cidade. Além disso, a nota destaca que a milícia curda pediu aos civis para deixarem a região para que não fossem sequestrados ou usados como escudos humanos pelos milicianos do EI.

A FSD afirmou que, após a conquista de Raqqa, um órgão representativo dos habitantes da região ficará encarregado da segurança e do governo local.

Em maio, o presidente Donald Trump aprovou o envio de armas pesadas dos Estados Unidos às FDS para reforçar o combate contra o EI. A decisão irritou a Turquia, que teme que um fortalecimento dos curdos na Síria estimule a insurgência da minoria étnica no sul de seu próprio território.

Civis

A coalizão internacional que realiza bombardeios contra o EI estima que entre 3.000 e 4.000 combatentes da milícia permaneçam em Raqqa, onde montaram barricadas e armadilhas para se proteger da ofensiva das FDS. Não está claro quantos civis continuam na cidade, estimados pela ONU em torno de 160 mil.

Dezenas de milhares de pessoas já fugiram da cidade, deslocando-se para campos de refugiados na região. Agências humanitárias temem que, com a chegada das FDS a Raqqa, o número de deslocados aumente, piorando a crise humanitária na região.

Teme-se, também, que os civis remanescentes na cidade sejam alvos de ataques aéreos e que sejam usados como escudos humanos pelos extremistas.

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