Deficiência

Corte de verbas da Saúde em São Luís pode levar sistema ao colapso

De acordo o presidente da entidade, Abdon Murad, os pacientes e os profissionais da saúde serão ainda mais prejudicados com o corte dos investimentos na área

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38
Abdon Murad teme pela saúde da população
Abdon Murad teme pela saúde da população

O sistema de saúde em São Luís pode entrar em colapso com o corte de verbas na ordem de R$ 2 milhões por mês no setor. Foi o que afirmou o presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM), Abdon Murad, a O Estado. Atualmente, a rede de saúde municipal não está sendo suficiente para atender a demanda e, com o corte de investimentos e demissão de profissionais, a situação pode ficar ainda mais crítica.

A denúncia sobre os cortes foi feita pela Associação dos Médicos dos Socorrões (Amess). De acordo com a entidade, será reduzida a capacidade da Prefeitura de São Luís em investir no setor como também em quitar compromissos básicos, como o pagamento de fornecedores de materiais e repasse dos salários dos funcionários. A redução no orçamento está em vigência desde o primeiro dia de junho deste ano. A justificativa para a queda no investimento é a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que deve ser seguida pelos orçamentos municipais.

Orçamento

Com a diminuição do orçamento, poderá ter a demissão de médicos dentro das unidades de saúde municipais. No fim de semana, a Amess divulgou uma nota afirmando ser “veemente contra a redução do número de médicos nas unidades hospitalares de urgência e emergência de São Luís”. Ainda de acordo com a associação, o corte na quantidade de profissionais “poderia acarretar na desassistência, com repercussão inclusive no aumento na morbimortalidade dos pacientes na rede municipal de saúde”.

Hospitais da capital, como o Hospital Djalma Marques, Socorrão I, são constantemente alvo de reclamações
Hospitais da capital, como o Hospital Djalma Marques, Socorrão I, são constantemente alvo de reclamações

Colapso

Em contato com O Estado, o presidente do CRM, Abdon Murad, voltou a denunciar a situação crítica em que se encontra a rede de saúde municipal, o que causa prejuízos para a população e para os profissionais da saúde, que ficam sobrecarregados por causa do aumento da demanda e falta de investimentos.

Os dois hospitais de urgência do município, o Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I) e o Hospital de Urgência e Emergência Doutor Clementino Moura (Socorrão II), já não suportam mais a demanda de pacientes não apenas da Região Metropolitana de São Luís, mas também aqueles vindos do interior do estado. Constantemente nessas duas unidades de saúde faltam matérias básicos, como medicamentos, gases e equipamentos cirúrgicos, o que inviabiliza a realização de qualquer tipo de procedimento.

“A Prefeitura de São Luís quer economizar dinheiro às custas da saúde e isso é um verdadeiro absurdo. Isso é prejudicial para a rede municipal de saúde, para a população e para os médicos”, destacou Abdon Murad.

Uma das consequências do corte de investimentos aconteceu na semana passada no Socorrinho do bairro do São Francisco. Segundo Murad, na sexta-feira, dia 2, por causa da deficiência de profissionais na unidade, o único médico que estava no plantão teve de se ausentar para fazer a transferência de pacientes para o Socorrão I e para o Hospital Infantil Juvêncio Mattos e, quando retornou para a sua unidade de saúde, quase foi agredido fisicamente por outros pacientes que lhe aguardavam.

O Estado entrou em contato com a Prefeitura de São Luís em busca de um posicionamento sobre o corte de investimentos para a área da saúde, mas até o fechamento desta reportagem nenhuma resposta foi obtida.

SAIBA MAIS

Conforme a Amess, o orçamento da saúde extrapolou em mais de 50% o teto permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o que impossibilita não somente a aquisição de novos recursos, como obriga o poder público a reduzir gastos. Além dos cortes, a prefeitura também deverá enxugar o quadro de médicos das unidades de saúde. De acordo com a Amess, a diminuição do número de profissionais, em alguns casos, chegaria a 50%, ou seja, restaria apenas um médico para atender, nas unidades mistas, a todas as demandas dos pacientes.

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