Mudanças

Líder do Irã é pressionado para promover direitos humanos

Aliados de Hasan Rowhani, que foi reeleito com mais de 57% dos votos, esperam que ele continue a fazer pressão por mudanças

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38

TEERÃ - Na semana que antecedeu a eleição presidencial de 19 de maio no Irã, o vencedor eventual, Hasan Rowhani, criticou o Judiciário e a poderosa Guarda Revolucionária, usando palavras raramente ouvidas em público na república islâmica. Agora, seus partidários consideram que é hora de ele mostrar a que veio. Milhões de seus seguidores esperam que ele continue a fazer pressão por avanços em questões de direitos humanos.

"A maioria dos iranianos deixou claro que quer melhorias nos direitos humanos", disse Hadi Ghaemi, diretor da ONG Center for Human Rights in Iran (CHRI), sediada em Nova York. "As expectativas são altas."

Essa mensagem foi transmitida claramente pouco depois de Rowhani, reeleito com mais de 57% dos votos, subir ao palco em Teerã na semana passada em evento com apoiadores.

"Ya Hussein, Mirhossein", repetiam as pessoas, aludindo a Mirhossein Mousavi, candidato presidencial na eleição de 2009. Ele e o também candidato Mehdi Karroubi contestaram o resultado da eleição, desencadeando protestos amplos.

Dezenas de manifestantes foram mortos e centenas detidos na repressão que se seguiu, segundo grupos de defesa dos direitos humanos.

Em 2011, depois de pedir por protestos no Irã em solidariedade com os levantes pró-democracia em outras partes do Oriente Médio, Mousavi, sua mulher, Zahra, e Karroubi foram colocados em prisão domiciliar.

Os três continuam detidos, e sua prisão é uma questão política que provoca divisões no Irã e que Rowhani prometeu resolver. Mas, se ele continuar fazendo pressão, dizem analistas, vai enfrentar uma reação contrária de seus adversários da linha-dura, algo que pode dificultar seu segundo mandato presidencial.

Mensagem clara

Um apresentador no evento levou vários minutos para acalmar a multidão, até que outro grito começou a ser repetido: "Nossa mensagem é clara, a prisão domiciliar tem que acabar".

Além dessas prisões, mais de 20 jornalistas e ativistas foram detidos antes das eleições, segundo o CHRI, uma questão que também foi levantada por seguidores de Rowhani.

Muitos presos políticos são mantidos em solitária e impedidos de receber a visita de seus familiares por longos períodos de tempo, segundo grupos de defesa dos direitos humanos.

O Irã tem um dos maiores índices mundiais de pena de morte. Pelo menos 530 pessoas foram executadas no país em 2016, segundo a Organização das Nações Unidas.

Os partidários de Rowhani também esperam que ele lute pelos direitos básicos que afetam a vida diária dos cidadãos, como impedir as forças de segurança de perseguir mulheres devido a seus trajes ou não deixar que o Judiciário cancele concertos.

A primeira prioridade de Rowhani em seu primeiro mandato foi a assinatura de um acordo com potências ocidentais, pelo qual muitas sanções foram levantadas em troca de restrições ao programa nuclear iraniano.

Analistas dizem que, com isso, as questões de direitos humanos ficaram em segundo plano. Mas, agora que o acordo nuclear está sendo implementado, a base de Rowhani espera por mudanças.

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