Filhos do coração

Construindo uma família: pais contam experiências com a adoção

Na quinta-feira, foi comemorado o Dia Nacional da Adoção, e durante a semana que passou O Estado conversou com algumas famílias, que contaram as boas experiências e muito amor na adoção de uma criança

Leandro Santos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38

[e-s001]SÃO LUÍS - Pai é quem cria. A frase pode até parecer um clichê, mas se aplica perfeitamente quando o assunto é adoção. Na quinta-feira, dia 25, foi comemorado o Dia Nacional da Adoção e O Estado conversou com alguns pais que relataram as alegrias e boas experiências em ter um filho adotado. Em seus novos lares, essas crianças encontraram todo amor e proteção que uma família pode oferecer.

O processo de adoção não é tão simples. Ao mesmo tempo, ele não é tão demorado e burocrático como muitas pessoas acreditam que seja. Muitas vezes, a família já está com a criança em sua casa muito antes do que possa imaginar.

Adoção
Em São Luís, atualmente existem 21 crianças disponíveis para adoção e 105 pretendentes aptos para adotar. Há alguns anos, a professora Dulciane Aguiar Barbosa integrava essa última lista, mas já saiu desde o momento em que o pequeno João Matheus, hoje com 9 anos, passou a fazer parte da sua família.

Ela contou que sempre sonhou em ser mãe, mas esse sonho foi interrompido no momento em que ela perdeu a criança que esperava durante a gestação. Superado o trauma, muitas pessoas a aconselharam a adotar uma criança, ideia que, inicialmente, ela recusou. “Eu queria engravidar e passar por todas as emoções de um parto”, contou a professora.

No entanto, conversando com outras pessoas, a possibilidade de adotar uma criança começou a amadurecer. Na sua família, já existiam pessoas que haviam sido adotadas, como o seu ex-companheiro com quem ela vivia na época, e a mãe dele. Convencida da situação, ela decidiu entrar na fila da adoção para ter uma criança.
No dia 14 de outubro de 2010, ela recebeu a ligação da Vara da Infância e Juventude lhe informando que havia crianças para adoção. Foram apresentados uma de nove meses e outra de um 1 e cinco meses, esse último era o João Matheus. “Foi uma angústia ter de escolher entre esses dois. Fui para casa, mas o meu coração já tinha escolhido o Mateus”, disse.

Desde então, ela, juntamente com o seu companheiro na época, passaram por um período de convivência no abrigo onde a criança estava, por um período de 15 dias. Em dezembro daquele ano, o juiz lhe deu a guarda provisória do João Matheus.

Em maio de 2010, ela conseguiu a guarda permanente da criança. “Nós consideramos que ele foi abençoado por Deus”, afirmou Dulciane Aguiar. Três meses depois, ela se separou e ficou temerosa com a possibilidade de perder a criança, mas isso não aconteceu.

Hoje, pode-se dizer que a criança conta com dois pais, que são o ex-marido de Dulciane Aguiar e o atual companheiro da professora, e duas mães, a Dulciane e a atual esposa do seu ex-marido. A relação dos cinco é harmoniosa e um exemplo a ser seguido por todos.

Acolhimento
A chegada de uma nova criança ao lar enche a família de alegria, seja essa criança adotada ou não, uma vez que o amor oferecido pelos pais é o mesmo.

A arquiteta Carla Veras adotou a pequena Kyara, quando ela tinha 1 ano e três meses e hoje, aos 4 anos, a garotinha já faz parte definitivamente de sua família.

“Eu tive vontade de adotar uma criança e hoje ela é completamente integrada à família”, relatou a arquiteta, que destacou também a boa relação existente entre as suas duas filhas, uma biológica e a outra adotiva.

[e-s001]A funcionária pública Cleidiane Andrade Bandeira, moradora do município de Cajapió, adotou uma recém-nascida há cerca de três meses e hoje a pequena Sarah Costa Bandeira tem um lar, onde está sendo muito amada.
“Após uma cirurgia, meu marido não pode mais ter filhos então decidimos pela adoção”, afirmou que Cleidiane Andrade, que relatou ainda que sempre nutriu o sonho da maternidade. “Está sendo maravilhosa a experiência. É um amor sem medida”, frisou.

Perfil das crianças é um entrave para adoção

Para adotar uma criança, é necessário fazer o cadastro na Vara da Infância e Juventude, preencher algumas exigências e entrar na fila de adoção. Atualmente, em São Luís existem 21 crianças disponíveis para adoção e 105 pretendentes disponíveis para adotar. Com base nessas proporções, de imediato pode-se imaginar que todas essas crianças serão adotadas, uma vez que a quantidade de pessoas dispostas a acolhê-las é bem maior. Contudo, a realidade é diferente, pois muitos preferem certo “perfil” de criança, enquanto outros meninos e meninas acabam não sendo escolhidos.

“O grande entrave na adoção não são os prazos, mas o perfil. A maioria dos pretendentes quer crianças de até 2 anos, que sejam saudáveis e não estejam em grupos de irmãos”, disse Luciana Melo, que é gestora do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) na 1ª Vara da Infância e Juventude de São Luís.

Das crianças disponíveis para adoção hoje na capital maranhense, uma tem 2 anos; uma tem 3 anos; uma tem 6 anos; uma tem 8 anos; duas tem 10 anos; uma tem 11 anos; uma tem 12 anos; cinco têm 13 anos; quatro têm 14 anos; uma tem 15 anos; duas têm 16 anos e uma tem 17 anos.

As crianças com idade mais avançada têm possibilidades menores de serem adotadas. Elas permanecem nos abrigos disponíveis para adoção até os 18 anos e, passado esse prazo e não sendo adotadas, esses jovens são encaminhados para outros programas, como o Apadrinhamento Afetivo.

SAIBA MAIS

Para entrar na fila da adoção, os interessados devem ir à Vara da Infância e Juventude para obter a relação de documentos para iniciar o processo. O passo seguinte é a entrevista com os assistentes sociais e psicólogos e visita domiciliar. Os interessados devem fazer curso preparatório para adoção. Em seguida, existe a manifestação do Ministério Público e o juiz, dando a sentença favorável, os interessados entram no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Quando há uma criança disponível, a Vara da Infância entra em contato com os interessados para a formação do vínculo entre a criança e a sua nova família.

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