Posse

Lenín Moreno assume como presidente do Equador

Promessa do novo presidente é de aprofundar mudanças propostas pelo ''socialismo do século 21'' de Rafael Correa

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38

EQUADOR - O novo presidente do Equador, Lenín Moreno, tomou posse do cargo ontem para o mandato 2017-2021 em uma cerimônia na Assembleia Nacional diante de centenas de convidados. Moreno prestou juramento ao presidente do Parlamento, o governista José Serrano, e recebeu a faixa de seu agora antecessor, Rafael Correa.

A Assembleia Nacional, em Quito, foi o palco da transferência de poderes entre Correa e Moreno, que em 2 de abril derrotou o conservador Guillermo Lasso no segundo turno das eleições. Após a posse de Moreno, Serrano tomou o juramento do vice-presidente Jorge Glas Espinel, que permanece no cargo.

Lenín Moreno assume com o objetivo de fazer avançar o modelo de esquerda conhecido como socialismo do século XXI, seguindo o rastro de Correa.

Moreno, de 64 anos e que sofre de paraplegia, foi empossado num Congresso unicameral, controlado pelo oficialismo - na presença de uma dúzia de presidentes latino-americanos.

'Aprofundar mudanças'

Formado em Administração Pública, Moreno argumenta que "a paixão pela vida nos obriga a aprofundar as mudanças alcançadas, defender os avanços sociais", conforme estabelece seu programa de governo.

Impulsionao pelo boom do petróleo, Correa privilegiou o investimento e a equidade social, mantendo os subsídios ao combustível e à eletricidade durante a década de sua "revolução cidadã", que agora enfrenta dificuldades econômicas.

A dívida externa subiu 150% (para 25,6 bilhões de dólares, 26,3% do PIB) na última década, segundo dados oficiais. A economia encolheu 1,5% em 2016 e o preço do petróleo, o principal produto de exportação, caiu de US$ 98 por barril em 2012 para 35 em 2016. No primeiro trimestre deste ano, o preço aumentou para US$ 45 o barril.

Modelo em crise

O modelo Correa, baseado em um Estado investidor e disciplinador da sociedade, está "em crise" e "requer uma bonança econômica para se sustentar", aponta Pablo Ospina, analista da Universidade Andina Simon Bolívar em Quito.

Para o cientista político Simón Pachano, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) em Quito, as perspectivas para Moreno "são difíceis, especialmente sobre a situação econômica", que levou o país à recessão nos últimos trimestres.

No entanto, as expectativas das classes mais pobres seguem intactas. "Espero que Lenín me ajude a ter minha casa. Não quero tudo dado, preciso de facilidades para pagar", disse à agência AFP Trellas Isabel, de 61 anos.

Moreno pretende alcançar uma economia sustentada na eficiência e uma gestão adequada dos recursos, de modo a sustentar a justiça social e equidade fiscal.

O novo presidente anunciou na terça-feira a composição do seu gabinete, integrado por empresários, líderes sociais e funcionários de Correa, como María Fernanda Espinosa e Miguel Carvajal, que serão chanceler e ministro da Defesa, respectivamente.

Moreno, que eliminou seis ministérios coordenadores como o de Política Econômica, entregou a pasta das Finanças a Carlos De la Torre, ex-assessor do Banco Central, e de Hidrocarbonetos a Carlos Pérez, ex-executivo da empresa petrolífera americana Halliburton.

A oposição recuperou terreno na última eleição, aumentando sua presença no Parlamento, onde o governo deixa de ter a maioria qualificada de dois terços para reformar a Constituição. O oficialismo dispõe agora de uma maioria frágil de 74 cadeiras, contra 100 do período 2013-2017.

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