Sem foco

Adultos também têm Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)

Mais de 60% dos pacientes que têm a doença na adolescência continuam sintomáticos na idade adulta

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38
Adultos com TDAH enfrentam problemas como dificuldades em prestar atenção, inquietação mental constante, desorganização, falta de concentração e de memorização
Adultos com TDAH enfrentam problemas como dificuldades em prestar atenção, inquietação mental constante, desorganização, falta de concentração e de memorização (depressão)

RIO - Adultos também podem ter transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, embora, na maior parte dos casos, os mais acometidos são as crianças e jovens. Mais de 60% dos pacientes que têm a doença na adolescência continuam sintomáticos na idade adulta. Menos de 20% dos adultos são diagnosticados. Mas nem todos os casos da doença em adultos são decorrentes da sintomatologia na adolescência. Segundo o psiquiatra brasileiro Luis Augusto Rohde, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e presidente da Federação Mundial de TDAH, o transtorno pode aparecer pela primeira vez na vida adulta.

Um dos maiores desafios do diagnóstico adulto de TDAH são os sintomas que podem ser facilmente confundidos com outros transtornos, como ansiedade e impulsividade. O Déficit de Atenção, doença que atinge aproximadamente 10 milhões de pessoas no Brasil, afeta pacientes de todas as idades, incluindo adultos e mesmo idosos. Este foi um dos temas de discussão da sexta edição do Congresso Mundial de TDAH, que aconteceu no fim de abril em Vancouver, no Canadá. O encontro foi organizado pela World Federation of ADHD, que é presidido pelo psiquiatra brasileiro Luis Augusto Rohde.

Embora muito se fale desse transtorno em jovens, mais de 60% dos pacientes que têm a doença na adolescência continuam sintomáticos na idade adulta. Menos de 20% dos adultos são diagnosticados. “Estudos apresentados no Congresso Mundial de TDAH confirmaram a base biológica do transtorno. Uma pesquisa norte-americana identificou 12 genes associados ao transtorno. Outro estudo mostrou alterações nas estruturas cerebrais em pacientes com TDAH. Esperamos com essas evidências reduzir o preconceito que existe com relação ao diagnóstico de TDAH”, afirma o psiquiatra.

Comorbidades

TDAH em adultos é bem complexo, pois a maior parte dos pacientes apresentam comorbidades, ou seja, mais de um transtorno associado ao TDAH. Segundo a pesquisa National Comorbidity Survey Replication (NCS-R), conduzida pela Universidade de Sidnei e apresentada no evento, mais da metade dos pacientes adultos com TDAH já passaram por tratamentos para outros quadros psiquiátricos, enquanto apenas um em cada cinco receberam cuidados para o déficit de atenção.

O TDAH é uma doença neurobiológica, de causas genéticas, que pode afetar crianças, adolescentes e adultos. Mundialmente, acredita-se que 5% das crianças e adolescentes e 2,5% dos adultos sofrem do transtorno, que tem como principais sintomas a falta de atenção, hiperatividade e impulsividade.

Como o diagnóstico nem sempre é simples, se não tratados adequadamente os portadores do transtorno enfrentam ao longo da vida problemas como dificuldades em prestar atenção, inquietação mental constante, desorganização, falta de concentração e de memorização.

Esse quadro, além de prejudicar a qualidade de vida do indivíduo, leva a problemas de aprendizado e pode afetar o relacionamento com parentes, amigos, professores -- com risco de prejuízos nos âmbitos familiar, amoroso, escolar, profissional e social. Entre adultos com TDAH não tratados são frequentes os registros de menos formação no ensino médio; menor obtenção de diploma universitário; menos chances de se estar empregado; maior rotatividade de emprego; mais chance de divórcios; limitações na condução de veículos, entre outras dificuldades.

Diagnóstico

Para ser diagnosticado de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5 (DSM-5), um adulto deve mostrar sintomas de falta de atenção ou impulsividade e hiperatividade, ou os dois, que comprometam o funcionamento em pelo menos dois ambientes ao longo de um período de seis meses.

A falta de atenção, por exemplo, pode se manifestar como dificuldade em manter o foco, cumprir prazos, completar relatórios ou formulários, pagar contas, manter compromissos ou queixas de perder coisas. Sintomas de hiperatividade e impulsividade geralmente incluem sensações de inquietude, dificuldade em manter-se parado, tendência a intrometer-se ou assumir tarefas que outros estão fazendo.

Estudos mostram que tratamentos para adultos com TDAH reduzem os sintomas e melhoram a qualidade de vida; eles podem envolver opções farmacológicas e não-farmacológicas e geralmente exigem uma abordagem individualizada e multidisciplinar.

O tratamento adequado é multiprofissional, com uma equipe que deve fazer parte do acompanhamento do paciente, composta por médicos, psicólogos, psicopedagogos. O adulto com TDAH pode ser eficientemente tratado com medicação e psicoterapia, além de informações que permitam maior compreensão sobre o transtorno. O objetivo é reconhecer o problema como um quadro crônico e tratar os sintomas, deixando o paciente com comportamento e função comparáveis aos de indivíduos sem a doença.

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