Decisão

Trump pensava em demitir Comey do FBI desde o dia em que foi eleito presidente dos EUA

Governo afirma que presidente perdeu a confiança no ex-diretor e nega que decisão tenha a ver com investigação sobre a Rússia; Comey pediu mais recursos para investigar sobre a suposta ligação da campanha do republicano

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Comey foi demitido por Trump sob alegação de que não fazia um bom trabalho
Comey foi demitido por Trump sob alegação de que não fazia um bom trabalho ( James Comey foi demitido por Trump sob alegação de que não fazia um bom trabalho)

WASHINGTON - ​Então diretor do FBI (polícia federal dos Estados Unidos), James Comey pediu ao Departamento de Justiça, poucos dias antes de o presidente Donald Trump demiti-lo, mais recursos para conduzir a investigação sobre a suposta ligação de integrantes da campanha do republicano com a Rússia antes das eleições, informou a imprensa americana.

Comey foi demitido na terça-feira,9, de maneira abrupta. Questionado ontem sobre o motivo da demissão, Trump afirmou que "ele não estava fazendo um bom trabalho". Mais cedo, o vice-presidente Mike Pence havia dito que a saída de Comey não tem relação com as investigações sobre a Rússia.

A porta-voz interina da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, afirmou que Trump vinha avaliando a possibilidade de demitir Comey desde que foi eleito, em novembro, e que a Presidência estimula o prosseguimento do inquérito do FBI sobre a Rússia.

De acordo com autoridades ouvidas pelo jornal "New York Times", o pedido de Comey por mais recursos para o inquérito sobre a Rússia foi direcionado ao vice-secretário de Justiça, Rod J. Rosenstein, o mesmo que escreveu a carta de demissão de Comey, datada de terça-feira.

No documento, Rosenstein argumentou que o Departamento de Justiça considerou "errada" a decisão de Comey de não recomendar o indiciamento da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, em 2016, após investigar o uso de um e-mail particular para tratar de assuntos do Departamento de Estado. Na época, a democrata disputava a Presidência contra Trump, e Comey passou a ser encarado pelos republicanos como inimigo.

Para Rosenstein, o diretor do FBI "usurpou a autoridade" do secretário de Justiça ao anunciar que o caso seria encerrado.

Correção

Poucas horas antes do anúncio da demissão de Comey, o FBI havia enviado ao Congresso uma correção de declarações oficiais de seu então diretor sobre os e-mails de Hillary, segundo as quais uma auxiliar da ex-chanceler passara ao marido "centenas de milhares de e-mails", incluindo alguns confidenciais.

O órgão depois afirmou que encontrou apenas um pequeno número de mensagens no laptop do ex-deputado Anthony Weiner, investigado em um escândalo sexual.

Opositores criticaram a decisão do governo de demitir Comey, afirmando que ela faz parte de um plano para tentar abafar as investigações sobre a Rússia. Congressistas democratas, e também alguns republicanos, exigiram a indicação de um investigador imparcial para chefiar o inquérito.

As supostas relações entre auxiliares de Trump e autoridades da Rússia provocaram turbulências nos primeiros meses do governo do republicano.

Em fevereiro, Trump demitiu o então conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, por ele ter mentido a seus superiores sobre contatos com o embaixador da Rússia em Washington. No mês seguinte, o secretário de Justiça, Jeff Sessions, anunciou seu afastamento das investigações do departamento que chefia sobre a Rússia devido a indícios de que ele havia mantido contato com autoridades do país durante a campanha eleitoral.

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