Lava Jato

Lula depõe por mais de quatro horas sobre triplex

Juiz Sérgio Moro fez perguntas por duas horas seguidas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Lula carrega bandeira do Brasil ao chegar a Curitiba, onde prestaria depoimento a Sérgio Moro
Lula carrega bandeira do Brasil ao chegar a Curitiba, onde prestaria depoimento a Sérgio Moro (Lula em Curitiba)

CURITIBA - Durou quatro horas e meia o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz federal Sérgio Moro, na sede da Justiça Federal de Curitiba. Lula chegou na capital paranaense acompanhado da ex-presidente Dilma Rousseff e de parlamentares do PT e iniciou a oitiva no âmbito da Lava Jato às 14h10.

Não houve transmissão ao vivo. Também não haviam sido divulgadas, ainda, até o fechamento desta edição, imagens da audiência. Logo após encerramento do depoimento, o ex-presidente participou de atos públicos na capital paranaense. Seus advogados concederam coletiva de imprensa.

Lula é acusado de receber propina da empreiteira OAS por meio das reformas de um apartamento triplex no Guarujá, litoral de São Paulo, e de um sítio em Atibaia, no interior do estado. A defesa do ex-presidente nega que ele seja dono dos imóveis.

Menos de duas horas depois de iniciado o depoimento, Moro já havia feito todas as suas perguntas. Na sequência, o Ministério Público Federal (MPF) e a defesa do ex-presidente iniciaram seus questionamentos. Contudo, Moro decidiu voltar a fazer perguntas no decorrer do depoimento. Houve ainda uma pausa para um breve descanso dos participantes.

O grupo a favor de Lula estava reunido em um grupo de 5 mil pessoas, de vários estados, no "acampamento pela democracia", na rodoferroviária. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, 20 ônibus com manifestantes já tinha chegado a Curitiba na terça, e mais 36 chegaram ontem esperados.

Para João Pedro Stédile, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), o processo judicial tornou-se um processo político. "Nós, dos movimentos populares, somos frontalmente contra qualquer corrupção, conta toda corrupção. Achamos importantes as investigações da Lava Jato. O que condenamos na Lava Jato é essa promiscuidade […]. Essa clara perseguição ao Lula politizou isso”, disse o líder do MST.

Para Camila Georg, que saiu do Rio Grande do Norte e foi ao museu, é preciso se mobilizar para que as mudanças aconteçam. “Eu vim porque acho que é um marco na história, como o impeachment do [presidente Fernando] Collor. Sentados em casa, nada vai acontecer. Tenho dois filhos e estou lutando pelo futuro deles. Já votei em Lula, por incrível que pareça, e hoje vejo que foi um erro. Eu quero uma coisa melhor para os meus filhos.”

Mais

Os manifestantes que se colocam contra o ex-presidente Lula estão reunidos do lado de fora do Museu Oscar Niemeyer, no Centro Cívico. Uma das organizadoras do ato, Narli Rezende, integrante do Movimento Curitiba contra a Corrupção, diz que objetivo do grupo é "fazer um contraponto com a situação do PT e do vermelho". "Curitiba, tradicionalmente, é uma cidade verde e amarelo. E, em sua grande maioria, Curitiba é a favor da Lava Jato. Então, não queremos passar uma imagem falsa de que Curitiba é vermelha, de que Lula é muito bem-vindo em Curitiba […] O que irrita a gente é a corrupção, independente do partido. Errou, tem que pagar. Roubou, tem que devolver e ser preso”, afirmou Narli.

Audiência altera rotina de Curitiba

O depoimento de Lula, que não foi transmitido ao vivo e cujo teor ainda não foi divulgado, alterou a rotina de Curitiba. Milhares de manifestantes favoráveis ao ex-presidente já estavam na cidade na terça-feira. Há também manifestantes contra Lula nas imediações do prédio.

A cidade preparou um esquema especial que teria como objetivo garantir a segurança de todos os que pretendem acompanhar o depoimento. Será a primeira vez que Lula ficará frente a frente com o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da operação Lava jato na primeira instância.

Um perímetro de 150 metros ao redor do prédio da Justiça Federal será bloqueado a partir do fim da noite desta terça-feira. Apenas moradores, imprensa credenciada e comerciantes do local poderão passar pela área bloqueada.

Uma das moradoras da região, Aracelis Solarewicz, disse que vive ali há cerca de 20 anos e nunca viu situação semelhante. "A gente tem que se adaptar, acho que não vai ter impacto nenhum. Por isso, vim antes para não ser pega desprevenida. Eu tenho outras alternativas de sair e não passar pelo bloqueio”, afirmou.

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