Mapa da violência

CPT lança Caderno de Conflitos no Campo - Brasil 2016

Maranhão lidera número de ocorrências, como a verificada em Viana no último dia 30 contra indígenas da etnia Gamela; publicação será apresentada hoje, às 9h, no auditório do curso de História da Uema

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39

SÃO LUÍS - A Comissão Pastoral da Terra (CPT) apresenta hoje, às 9h, no Auditório do Curso de História da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), na Praia Grande (Rua da Estrela, s/n, Centro Histórico) seu relatório anual sobre os conflitos no campo brasileiro, com dados consolidados de 2016: é a 32ª edição do Caderno de Conflitos no Campo - Brasil 2016, com dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, neles inclusos camponeses, indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais.

Durante o lançamento, serão detalhados os números referentes ao Estado do Maranhão, que figura entre a unidade federativa com maior incidência desses casos ano passado. Os conflitos foram registrados em 75 municípios maranhenses (mais de um terço do território), com destaque para os ocorridos nas cidades de Codó, Matinha, Viana e mesmo na capital: dos 1.536 casos que o levantamento da CPT aponta ano passado, 196 ocorreram no Maranhão, superando estados como Rondônia, Bahia, Pará e Minas Gerais.

Entre as causas para a violência no campo, são apontados o avanço do agronegócio sobre a floresta e suas comunidades, a grilagem (falsidade de títulos apresentados ou registrados em cartório), a especulação imobiliária rural, a duplicidade ou multiplicidade de registros. A tudo isso, soma-se o desrespeito às comunidades e etnias, o preconceito racial e a devida falta de regularização fundiária.

Como dito, o relatório traz os números consolidados de 2016, mas a violência já registrada este ano deverá ser citada e denunciada durante a apresentação, como o ataque aos Gamela ocorrido em 30 de abril último, ou o assassinato de mais uma liderança do Quilombo Charco, o Raimundo da Silva, conhecido por Umbico, de São Vicente Férrer, também na Baixada Maranhense, ocorrido em emboscada no dia 12 de abril. Em 2010, a mesma comunidade perdeu o líder Flaviano Pinto Neto, também assassinado. Umbico foi uma das 20 vítimas registradas apenas entre janeiro e abril deste ano.

Enquanto o número de vítimas se multiplica do lado mais frágil da disputa, outro número que, caso avançasse, poderia dirimir essa questão, não avança: segundo o próprio Incra, órgão federal responsável pela regularização fundiária no campo, durante o ano passado não houve qualquer avanço na questão agrária no Estado. Essa questão também será abordada durante o lançamento do Caderno de Conflitos no Campo – Brasil 2016, que acontece hoje, em São Luís.

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