Queda nas vendas

Crise econômica provoca fechamento de revendas de veículos em São Luís

Entre 2009 e 2010, o mercado local comercializava, por mês, uma média de 3.600 veículos novos; agora, queda nas vendas afetou concessionárias tradicionais

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Dalcar, que já respondeu por 30% do mercado local, teve de se ajustar à nova realidade e fechou lojas
Dalcar, que já respondeu por 30% do mercado local, teve de se ajustar à nova realidade e fechou lojas

A crise, que já resultou no fechamento de mais de 1.200 pontos de revenda de veículos no Brasil, também bateu às portas do setor automotivo maranhense. A queda acentuada nas vendas de veículos novos, em torno de 53,5% nos últimos três anos no país, afetou revendas tradicionais instaladas em São Luís como a Dalcar (GM), Automoto (Volkswagen) e Taguatur (Fiat), que, na fase mais crítica de ajustes e reestruturação, estão sendo obrigadas a fechar filiais.

Entre 2009 e 2010, o mercado automotivo maranhense vendia, por mês, uma média de 3.600 veículos novos, de todas as marcas. Segundo dados do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam), o Maranhão apresentou maior alta na frota de carros (32,5%) e motos (63,9%) proporcionalmente de 2009 a maio de 2012, em comparação com os demais estados do Nordeste e com o país (carros 18,2% e motos 30,3%).

Fechamento

Nesse bom tempo para a atividade de venda de veículos no estado, somente a Dalcar respondia por 30% do mercado. Com o agravamento da crise, hoje a realidade é outra. A concessionária teve de se ajustar e uma das medidas adotadas foi o fechamento de lojas. Assim aconteceu com as revendas da Areinha, Cohab e Holandeses e, mais recentemente, a loja da Avenida Jerônimo de Albuquerque, próximo ao Viaduto do Trabalhador.

Resta apenas a loja Cauê, na Avenida Daniel de La Touche, na Cohama. Mas essa última revenda pode fechar em breve, pois deve ser consolidado nos próximos dias o encerramento de contrato de representação do Grupo Dalcar na capital maranhense com a General Motors (GM).

Com a saída do Grupo Dalcar da bandeira GM em São Luís, o Grupo Saga, que responde por revendas das marcas Fiat, Renault e Jeep, na Avenida Carlos Cunha, estaria interessada em também representar a montadora norte-americana.

Com pouco tempo de mercado no Maranhão, a Automoto fechou suas duas lojas localizadas em São Luís
Com pouco tempo de mercado no Maranhão, a Automoto fechou suas duas lojas localizadas em São Luís

Impactos

Automoto - Automóveis e Motos do Amapá, revendedor Volkswagen, foi outra concessionária que sofreu os efeitos da crise econômica, agravada por desemprego, falta de crédito e juros altos - resultando em queda nas vendas de veículos. As duas lojas da empresa, localizadas nas avenidas Jerônimo de Albuquerque e Daniel de La Touche, fecharam as portas.

A concessionária Automoto fincou bandeira na capital maranhense juntamente com a Bremen, em 2010, depois do escândalo envolvendo a Euromar do empresário Alessandro Martins, acusado de comandar um esquema de fraude na compra e venda de veículos da montadora alemã Volkswagen. Teve, portanto, pouco tempo no mercado maranhense.

A Taguatur, concessionária Fiat, também tem sentindo os impactos da crise no setor automobilístico. A empresa, que possui uma grande revenda na Cohama, fechou a filial localizada na Avenida São Luís Rei de França, no Turu.

Encerramento de atividades gera mais desemprego

O presidente do Sindicato das Concessionárias de Veículos, Paulo Cesar Oliveira, reforçou que, com o agravamento da crise, alguns grandes grupos não suportaram a queda nas vendas e simplesmente encerraram suas atividades em São Luís, o que gerou mais desemprego no setor. No entanto, ele disse que certamente outros grupos assumirão estas bandeiras, mas a recuperação dos empregos será lenta.

“Esta queda tem provocado o fechamento de diversas lojas filiais para adequar o tamanhos da rede de concessionários ao tamanho do mercado e, consequentemente, a demissão de centenas de funcionários”, observou.

Paulo Cesar Oliveira disse que o mercado de veículos continua em queda e informou que, em abril, houve um recuo em relação a março não apenas pelo período menor de vendas, mas pela situação frágil da economia. “No primeiro trimestre de 2017, as vendas de veículos novos caíram 1,9% quando comparadas com o mesmo período de 2016”, assinalou.

De acordo com o presidente do sindicato, se já não bastasse a crise econômica, outro fator tem contribuído para a crise no setor: as vendas diretas efetuadas pelas montadoras, principalmente para as locadoras, que têm um tratamento tributário diferente e compram veículos muito mais baratos que as próprias concessionarias autorizadas.

Elas, por sua vez, alugam os veículos por um curto período de tempo e depois os comercializam em lojas próprias, concorrendo com as concessionárias, chegando a vender os veículos por preços superiores ao de aquisição do fabricante. O volume de vendas diretas chega a superior a 30% do total da indústria automobilística.

Soma-se a isso que grandes empresas, órgãos da administração direta e indireta dos Estados, Municípios e até o Governo Federal, aderiram à locação de veículos de forma generalizada, agravando ainda mais a crise nas concessionarias que perderam grandes clientes, encolhendo cada vez mais suas operações e gerando mais desemprego, sem contar com a queda na arrecadação de impostos para os estados.

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