Conferência

No Egito, papa pede a líderes não à violência em nome de Deus

Viagem de pontífice acontece após atentados contra cristãos no país; ele advertiu que os responsáveis religiosos precisam "desmascarar a violência que se disfarça de suposta sacralidade"

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
O papa Francisco encontra o grande imã da mesquita de Al-Azhar Ahmed al-Tayeb
O papa Francisco encontra o grande imã da mesquita de Al-Azhar Ahmed al-Tayeb ( O papa Francisco encontra o grande imã da mesquita de Al-Azhar Ahmed al-Tayeb )

Cairo - O papa Francisco chegou na sexta-feira,28, ao Cairo, capital do Egito, onde participou da Conferência Internacional de Paz ao lado de líderes muçulmanos, em uma visita de apenas 27 horas.

Em discurso feito durante a conferência, ele pediu aos líderes religiosos que digam "um não forte e claro" a toda violência cometida em nome de Deus e alertou contra a "instrumentalização" da religião por parte do poder.

"Vamos repetir um 'não' forte e claro a qualquer forma de violência, vingança e ódio cometido em nome da religião ou em nome de Deus", disse.

O papa também advertiu que os responsáveis religiosos precisam "desmascarar a violência que se disfarça de suposta sacralidade" e assegurou que a religião não é a causa dos conflitos, e sim sua solução, já que "os populismos demagógicos não ajudam a consolidar a paz".

Atentados

O Airbus da companhia italiana Alitalia, no qual o pontífice viajou, aterrissou no Aeroporto Internacional do Cairo às 14h (horário local, 9h de Brasília) após decolar do aeroporto romano de Fiumicino três horas antes.

Francisco foi recebido pelo primeiro-ministro do Egito, Sherif Ismail, e por vários políticos e autoridades eclesiásticas.

A 18ª viagem internacional do pontífice acontece apenas 20 dias depois dos atentados contra os coptas no norte do Egito, para quem o papa pretende enviar um sinal de unidade dos cristãos.

Francisco é o segundo papa que visita Egito, após a viagem feita por João Paulo II em 2000, e em seu pontificado reiterou que não há uma "guerra de religiões", após os diversos atentados reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) que vitimaram cristãos e muçulmanos.

Na capital egípcia, o pontífice se reuniu com o papa copta, Teodoro II. A visita também tem caráter pastoral e Francisco se reunirá com representantes da reduzida comunidade católica do país, de aproximadamente 250 mil pessoas; os coptas, por sua vez, somam entre 10% e 12% dos quase 90 milhões de egípcios.

No Cairo, Francisco será recebido pelo presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi. Não se sabe ainda se o papa mencionará a respeito dos direitos humanos por parte do regime. Apesar da preocupação pela segurança, o papa se deslocará pela capital egípcia em um veículo normal, sem estar blindado.

No sábado, 29, o papa vai celebrar uma missa no Estádio do Exército e depois vai almoçar com bispos e clérigos egípcios, antes de deixar o Cairo e retornar para Roma.

Segurança

A Catedral copta de São Marcos no Cairo foi enfeitada para receber o papa. O templo, situado no bairro de Al Abasiya, foi adornado com três cartazes com a bandeira egípcia nas quais se vê a imagem de Francisco junto ao máximo representante da Igreja copta, Teodoro II, além do lema da visita: "O papa da paz em um Egito de paz".

Na praça da catedral começaram a ser distribuídas bandeiras de boas-vindas às pessoas que esperam impacientes a chegada do papa, 20 dias depois que dois atentados terroristas, assumidos pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI), em duas igrejas coptas do norte do Egito sacudiram o Domingo de Ramos.

As autoridades egípcias montaram um amplo esquema de segurança em torno da nunciatura vaticana no Cairo, situada no bairro de Zamalek, onde o papa Francisco se hospedará esta noite.

Desde o dia 25 de abril, os veículos não podem estacionar nas principais vias de Zamalek por onde previsivelmente o pontífice passará e há várias ruas fechadas ao tráfego, além de um amplo esquema policial nos arredores da nunciatura, em coincidência com a visita.

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