Senado

CCJ do Senado aprova projeto que atualiza lei do abuso de autoridade

Por unanimidade, membros da comissão aprovaram o relatório do senador Roberto Requião; proposta vai a plenário em regime de urgência

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Membros da CCJ aprovaram por unanimidade texto de parecer do relator, Roberto Requião
Membros da CCJ aprovaram por unanimidade texto de parecer do relator, Roberto Requião (Roberto Requião)

Brasília - Após mudanças nos pontos mais polêmicos do projeto que atualiza a lei do abuso de autoridade, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou por unanimidade o relatório do senador Roberto Requião (PMDB-PR). A proposta foi aprovada em caráter de urgência. Desta forma, o texto pode ser apreciado ainda nesta quarta-feira, 26, no plenário da Casa.

Requião alterou o trecho que trata do chamado crime de hermenêutica - a punição ao juiz por interpretar a lei de maneira não literal. Ele acatou emenda do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) à CCJ. Pelo novo texto, fica estabelecido no artigo 1º que: "A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura, por si só, abuso de autoridade".

Segundo Requião, ele atendeu apelos de diversos senadores, que defendiam um consenso maior sobre a matéria. "Esse projeto não é do senador Requião, é um projeto do Senado. Quem sabe com essa modificação a gente consiga aprovar o texto no plenário ainda hoje", declarou o parlamentar.

Na versão anterior de Requião, ele estabelecia que: "A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas, necessariamente razoável e fundamentada, não configura, por si só, abuso de autoridade". Para membros do Judiciário e do Ministério Público (MP), as expressões "razoável" e "fundamentada" eram subjetivas e abriam brechas para a criminalização de interpretações divergentes de autoridades.

Nesta terça-feira, 25, Requião já havia aceitado mudar o artigo 3º do projeto, que permite a cidadãos comuns processarem membros do Ministério Público. Neste caso, o senador reduziu de 12 para seis meses o prazo para que a ação seja proposta. O relator alterou seu parecer e adotou o mesmo texto do Código de Processo Penal (CPP). "Pelo novo texto, que é idêntico ao CPP, quando o Ministério Público não tomar providência, a parte que se considerar injustiçada tem seis meses para entrar com ação privada. Isso vai acabar com a possibilidade de uma enxurrada de ações", explicou Requião.

Após o anúncio de Requião na CCJ sobre o trecho do crime de interpretação, senadores contrários ao texto, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), pediram para retirar os seus destaques à proposta em sinal de apoio. O líder do PMDB e autor da proposta original sobre a lei do abuso, Renan Calheiros (AL), defendeu que já há entendimento para que o texto também seja aprovado nesta quarta no plenário.

Acordo

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), já demonstrou disposição para colocar o projeto da lei do abuso em votação no plenário da Casa na tarde desta quarta. Segundo Eunício, houve uma reunião entre PMDB, PT, PSDB, PP e PSD até a madrugada de hoje para buscar "um entendimento" para que a proposta fosse aprovada "sem atritos". "Se o texto vier em urgência (ao plenário), hoje é dia de Casa cheia, então é possível votar hoje sim", afirmou.

Eunício contou que houve uma "intensa" conversa com vários parlamentares até por volta das 3 horas da manhã sobre o abuso de autoridade. "Cheguei a conversar com a Procuradoria-geral da República (PGR) para fazermos entendimento no projeto. Buscamos conciliação, acho que construímos um bom entendimento", continuou o peemedebista. "Ninguém em sã consciência vai defender carteirada, o abuso de autoridade. É importante fazer a lei no mais amplo entendimento para termos votação consagradora", destacou.

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