Lava Jato

Palocci: “Socorro” a empresas era usado no “limite do limite da lei”

Ex-ministro de Dilma e Lula explicou como o governo agiu para salvar empresas; ele disse que a prática não era comum, mas emergencial

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Palocci explicou ao juiz Sérgio Moro como o governo fazia para socorrer empresas
Palocci explicou ao juiz Sérgio Moro como o governo fazia para socorrer empresas (Antonio Palocci)

Brasília - Na audiência desta quinta-feira, 20, em que foi interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro como réu em ação penal da Operação Lava Jato, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antônio Palocci dedicou alguns minutos - até ser interrompido pelo magistrado - ao "socorro" que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestava a empresas.
"Foi assim, por exemplo, na crise de 2008 (segunda administração de Lula). O governo salvou empresas. O sr. vai falar: 'Isso é uma prática normal do governo?'. Eu digo não. São práticas emergenciais em que se usa o limite do limite da lei para salvar empresas e ativos do País. Então, nós fizemos, na construção civil, com redução de impostos e grandes ganhos para o País."
Nesta ação, Palocci tem a companhia, no banco dos réus, do empreiteiro Marcelo Odebrecht e do casal João Santana e Mônica Moura, marqueteiros das campanhas presidenciais do ex-presidente (2006) e da ex-presidente Dilma Rousseff (2010-2014) - o empresário, condenado a 19 anos e 4 meses de prisão; os publicitários, a 8 anos e 4 meses.
No interrogatório, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil respondia às indagações sobre o suposto papel de captador de propinas milionárias da Odebrecht para abastecer o caixa do PT - uma planilha apreendida na empreiteira indica o repasse de pelo menos R$ 128 milhões para o codinome "Italiano", que a força-tarefa da operação sustenta ser Palocci, o que ele nega taxativamente.
"Jamais faria isso. Eu fui ministro da Fazenda", afirmou, ao ser indagado sobre pagamentos na campanha presidencial de 2010. Palocci negou, "peremptoriamente", a Moro que tenha operado recursos de campanha no exterior. Na audiência, o advogado dele, o criminalista José Roberto Batochio, fez a pergunta. "O sr. interferiu, gerenciou, administrou, autorizou qualquer pagamento na campanha de 2010 no exterior?"
"Absolutamente, não, digo de forma peremptória", respondeu. Batochio insistiu. "Isso se aplica a João Santana, Mônica Moura ou qualquer fornecedor de qualquer campanha?
Palocci foi incisivo. "Isso se aplica a João Santana, Mônica Moura. Eu nunca tratei onde seria pago, com ninguém, ninguém."

Pedido para eleição

Em outro trecho do relato, Palocci admitiu como fazia a abordagem. "Sempre dizia para o empresário: 'Olha, atenda o tesoureiro da campanha, atenda... veja se você pode ajudá-lo'", confessou. "Evidentemente, eu pedia recursos para as empresas acreditando que elas iriam tratar da melhor maneira possível. Eu falava, inclusive: 'Olha, vou falar para o tesoureiro levar os recibos, os bônus para você contribuir', sempre falei nesses termos."

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