Uma dose

Maranhão produz 15 milhões de litros de cachaça, diz Sebrae

Principal região produtora é o Sertão Maranhense; entidade fez estudo sobre produto para subsidiar a atuação da instituição para o mercado de bebidas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39

[e-s001]SÃO LUÍS - A produção de cachaça artesanal maranhense nos últimos anos fez com que o produto fosse redescoberto pelo seu potencial de geração de riqueza e pela diversidade que a bebida alcoólica tem se apresentado no estado, inclusive com marcas premium e tipo exportação.

De acordo com o Estudo de Mercado da Cachaça do Sertão Maranhense, feito pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Maranhão (Sebrae) como parte de um projeto de atendimento coletivo no sul do estado, os 450 alambiques maranhenses produzem anualmente cerca de 15 milhões de litros de cachaça, e metade da produção é oriun­da da região do Sertão e Sucupira do Riachão, distante 573 quilômetros da capital, é um dos municípios que se destacam na produção da bebida.

“A produção de cachaça no sertão maranhense representa mais de 50% da produção do Maranhão. É um produto que tem alta significância no movimento econômico da região’’, comentou Maurício Leite, gerente da Unidade Regional de Balsas que atende MPEs dos municípios do Sertão Maranhense e os produtores de cachaça da região.
Segundo o levantamento, atualmente os municípios que mais produzem cachaça na região do Sertão são: Colinas, Pastos Bons, São Domingos do Azeitão, São João dos Patos, Sucupira do Norte e Sucupira do Riachão.

Apenas a região dos Sertões abriga 216 engenhos que produzem cerca de 12 mil litros cada um. No entanto, a demanda de consumo dos municípios é estimada em 15,5 milhões de doses por ano. O mesmo estudo mostra que mais da metade da preferência de consumo da região é pela cachaça, seguido pela cerveja, que aparece em segundo lugar, com 28,42% da preferência.

“A produção de aguardente no estado é uma oportunidade para desenvolver pequenos negócios rurais e a agroindústria no Maranhão. Mapeamos esta oportunidade desde a época em que trabalhamos os arranjos produtivos locais no início do século e agora estamos apostando neste segmento em outras regiões do estado como oportunidade para os pequenos produtores e para agricultura familiar com atendimento individual”, explicou o diretor superintendente, João Martins.

Produtores
O produtor José Morais de Almeida mora na cidade de São João dos Patos, localizada a 545 quilômetros de São Luís, e foi atendido pela Unidade Regional do Sebrae em Balsas. Ele contou que a produção de cachaça é uma tradição de família e que aprendeu a produzir a bebida com o pai e irmãos, quando ainda criança.

Já adulto montou o seu próprio engenho, iniciando as atividades de maneira informal e cheio de dúvidas. Em 2004, recebeu uma visita do Sebrae em seu engenho. “As visitas chegaram no momento certo. A consultoria foi muito proveitosa e pude melhorar a qualidade da cana, a diluição para aumentar a produção do produto, consegui melhorar também a qualidade e o manuseio de equipamentos novos. Acredito que mesmo com o mercado instável, tive um aumento de 40% nas vendas”, ressaltou Almeida.

Outro produtor de São João dos Patos, Antônio de Pádua Coelho e Silva, começou a produzir cachaça com o pai na sua juventude. Anos depois, assumiu o engenho da família. “Logo após as consultorias do Sebrae, busquei melhorar a qualidade e aproveitamento da cana. Hoje nossa produção está estável e tem uma boa aceitação no mercado. Acredito que, logo após as consultorias ofertadas pelo Sebrae, aconteceram pequenas melhorias no engenho, possibilitando o aumento nas vendas de 35%”, destacou Antônio.

Para o produtor Luís Fonseca Ribeiro, presidente da Associação dos Produtores de Cana-de-Açúcar e seus Derivados de Sucupira do Riachão, a participação no projeto foi muito importante, pois norteou os produtores para trabalharem juntos na Associação, continuando até hoje as atividades.

“Recebemos orientações sobre o plantio, moagem, identificando erros e avançando na qualidade. A experiência de participar de feiras em outros estados nos abriu os olhos e almejamos ainda conseguir o nosso reconhecimento nacional”, disse.

Segundo Luís Fonseca, a Cachaça Sucupira é um dos produtores que mais vendem na região, chegando a 1,2 mil litros por safra, o que melhorou significativamente a renda dos produtores.

Marcas
Apesar do otimismo dos números, o índice de informalidade no mercado da cachaça é grande. Segundo estudos recentes, cerca de 98% dos alambiques atuam na informalidade.

Segundo dados levantados pelo Sebrae em 2016, no Maranhão há apenas três marcas registradas de cachaça artesanal junto ao Ministério da Agricultura, Produção e Abastecimento (Mapa): Vale do Riachão, localizada em Riachão; Jacobina, de Balsas, que já teve contratos de exportação para a Alemanha; Capotira e Catiroba, em Brejo. No entanto, há uma outra marca de cachaça maranhense, a Azulzinha Maranhense, de Central do Maranhão, está em fase de registro junto ao Mapa. Com a exceção da cachaça produzida em Brejo, as marcas registradas já foram atendidas pelo Sebrae.
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A produção maior é a da marca Vale do Riachão, com capacidade máxima de produção de 150 mil litros por safra – a cana é uma cultura do tipo sazonal e a safra tem duração de seis a sete meses.

Estas marcas além de venderem produtos artesanais também envazam cachaças mais elaboradas, como é o caso da Jacobina Ouro, que é envelhecidas em barris de madeira ipê por 12 meses. Segundo o produtor da Jacobina, Valdemar Cabral de Paula, que também é consultor do Sebrae, neste período de armazenamento em barril, entra oxigênio e sai álcool. “Este tempo que a cachaça fica armazenada, entra em contato com a madeira, que modifica o sabor, cheiro e a cor da cachaça, pois acontece reações químicas, resultando em um produto mais elaborado”, explicou.

Outra marca que também produz cachaças premium é a Vale do Riachão. A linha ouro da empresa é armazenada e envelhecida em tonéis de carvalho, fazendo dela uma cachaça mais apurada ideal para se degustar pura. A linha prata é armazenada em tonéis de Amburana, sendo excelente para o preparo da tradicional caipirinha ou mesmo para ser tomada pura como aperitivo.

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