Ataque em Paris pode influenciar a eleição presidencial na França

Atirador matou um policial e deixou outros dois feridos em incidente quinta-feira, 20, às vésperas do primeiro turno da disputa, que acontece neste domingo, 23; questão da segurança pode pesar em voto de eleitores

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Marine Le Pen poderia se beneficiar nas urnas por defender segurança
Marine Le Pen poderia se beneficiar nas urnas por defender segurança ( A candidata Marine Le Pen poderia se beneficiar nas urnas por defender segurança)

PARIS - Neste domingo, 23, os eleitores franceses vão às urnas para o primeiro turno das eleições presidenciais, três dias após um ataque extremista em Paris - o terceiro neste ano.

O autor do ataque, que saiu de um carro no centro da cidade, abriu fogo contra um ônibus da polícia, matando um e ferindo dois, mas a mídia diz que seria um homem de 39 anos que morava nos subúrbios da cidade e era visto como islâmico radical.

O primeiro-ministro, Bernard Cazeneuve, disse que as forças de segurança - incluindo unidades de elite - foram mobilizadas para as eleições de domingo. Ele pediu que os eleitores não se deixassem intimidar e disse que nada impedirá "o processo fundamental democrático do nosso país".

Não está claro se o ataque influenciará a votação. Para Katya Adler, editora para Europa da BBC News, seria fácil presumir que a candidata da extrema-direta Marine Le Pen poderia se beneficiar nas urnas, já que os principais temas de sua campanha eram segurança, imigração e fundamentalismo islâmico.

Mas Adler diz que os eleitores mais preocupados com a segurança poderiam tender a votar no experiente político conservador e ex-primeiro-ministro François Fillon.

Até agora, a corrida está bastante apertada. Quatro dos onze candidatos aparecem quase que empatados no topo das pesquisas de intenção de votos: François Fillion, Marine Le Pen, o candidato de extrema-esquerda Jean-Luc Mélenchon, e o centrista Emmanuel Macron.

Adler diz que Macron e Mélenchon podem perder votos por não serem vistos como pesos-pesados nas áreas de política de segurança e imigração.

Campanha

O ataque no centro de Paris lançou incertezas sobre a corrida presidencial da França, que está em sua reta final.

Enquanto o ataque se desenrolava, os 11 candidatos à Presidência participavam do último debate na TV e prontamente reagiram ao atentado.

Da meia-noite de sábado,22, até o encerramento das urnas no domingo, está proibido fazer campanha ou publicar pesquisas de intenção de voto. O segundo turno da eleição ocorrerá em 7 de maio.

Os principais candidatos à Presidência fizeram declarações sobre o atentado em Paris e cancelaram eventos de campanha que fariam no sábado,22.

O centrista Emmanuel Macron, líder nas pesquisas, disse na sexta-feira,20, que a França "não deve ceder ao medo" e à "intimidação". "A democracia é mais forte", afirmou.

O conservador François Fillon, que aparece em terceiro lugar nas pesquisas, adotou um tom mais rígido, refletindo seu programa linha-dura para a segurança. "O radicalismo islâmico está ameaçando nossos valores (...) Estamos em guerra, não há alternativa, somos nós ou eles."

Já a ultradireitista Marine Le Pen, conhecida por sua retórica xenófoba e anti-imigração, reagiu ao atentado em Paris pedindo o fechamento das fronteiras do país. "Precisamos de uma Presidência que aja e nos proteja", afirmou.

Pouco depois, o primeiro-ministro Cazeneuve acusou Le Pen de se referir ao ataque para se beneficiar politicamente, "explorando o medo sem ter qualquer vergonha". Ele também disse que não há indícios de relação entre o incidente e a imigração.

O extremismo islâmico foi um dos principais temas destas eleições após ataques recentes no país perpetrados pelo Estado Islâmico. Segundo a agência de notícias AFP, 238 pessoas foram mortas na França por jihadistas desde 2015.

No incidente mais grave deste período, uma série de ataques coordenados à boate Bataclan, cafés e restaurantes e à região do Estádio da França em novembro de 2015, resultou na morte de 130 pessoas.

Em fevereiro deste ano, uma grande operação de segurança foi deflagrada após um homem atacar com um facão um soldado próximo ao Museu do Louvre.

O presidente François Hollande fez uma reunião de emergência na sexta-feira,21, para tratar da segurança do país às vésperas das eleições. Hollande disse estar convencido de que o atentado de quinta,20, está "relacionado ao terrorismo".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na sexta no Twitter que o ataque em Paris irá afetar as eleições. "Mais um ataque terrorista em Paris. O povo da França não vai tolerar mais isso. Terá um grande efeito na eleição presidencial!", escreveu.

O atentado

Pouco antes das 21h locais (16h00 em Brasília), um carro parou ao lado de um ônibus da polícia parado na conhecida avenida Champs-Élysées. Um homem saiu do veículo e abriu fogo contra o ônibus usando um rifle automático. Ele tentou fugir enquanto atirava contra policiais.

O atirador matou um policial e deixou outros dois feridos. Ele foi morto por forças de segurança francesas. Um outro homem possivelmente ligado ao ataque se entregou à polícia belga.

O atirador foi identificado pela polícia a partir de documentos encontrados no carro usado no ataque, mas seu nome ainda não foi divulgado.

A mídia local diz se tratar de um homem de 39 anos que vivia no subúrbio de Paris e esteve preso por vários anos após trocar tiros com a polícia no início dos anos 2000.

Serviços de inteligência o identificaram recentemente como um possível extremista. O Estado Islâmico disse que ele era um de seus "combatentes".

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