Ligue 180

Mais mulheres têm sido encorajadas a denunciar violência

Este ano, quase mil boletins de ocorrência foram registrados na Delegacia da Mulher, e os casos de abusos têm ganhado repercussão na mídia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Casos de violência contra a mulher devem ser denunciados na DEM ou pelo 180, um canal direto
Casos de violência contra a mulher devem ser denunciados na DEM ou pelo 180, um canal direto (Violência contra mulher)

SÃO LUÍS - De janeiro a março deste ano, 965 mulheres registraram boletim de ocorrência na Delegacia Especializada da Mulher (DEM). Os casos de violência contra a mulher estão ganhando cada vez mais repercussão na mídia. Em São Luís, recentemente vários protestos aconteceram na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) após o estupro de duas estudantes em um intervalo de apenas quatro dias. Segundo a coordenadora das delegacias especializadas no Atendimento à Mulher do Maranhão, a delegada Kazumi Tanaka, mais mulheres têm se sentido encorajadas a denunciar casos de violência, mas ainda é preciso fortalecer as políticas públicas de atendimento às vítimas.

De acordo com a delegada, os tipos mais comuns são as violências psicológicas cometidas por meio de ameaças e injúria. “Muitas vezes, a mulher que está no relacionamento não identifica que está vivendo situações de violência. Ela acredita que aquela manipulação, aquelas humilhações são naturais e fazem parte da relação. Mas não é assim. Por isso é tão importante que a vítima identifique que está em situação de violência para que a gente comece a reverter esse caso”, informa.

Intervenção
Ainda segundo a delegada, não é apenas a polícia que pode intervir nos casos de violência contra a mulher. Atualmente, em São Luís, existe uma rede articulada de atendimento institucional, a Rede Amiga da Mulher, que reúne vários organismos, como a Delegacia da Mulher, Casa Abrigo, Defensoria Pública, Judiciário, Ministério Público Estadual, Hospital Clementino Moura (Socorrão II), Centro de Referência no Atendimento à Mulher em Situação de Violência, entre outros.

Toda mulher está suscetível a sofrer violência porque a nossa sociedade é machista, é patriarcal. O problema da violência da mulher é uma questão cultural. Não se pode esperar que ela mude apenas por causa de uma lei”
Kazumi Tanaka, coordenadora das delegacias especializadas no Atendimento à Mulher do Maranhão

“Qualquer outra instituição desta rede pode começar esse atendimento. Muitas vezes, a mulher não quer procurar a polícia porque isso dá a ideia de processo na Justiça e nem sempre é isso o que elas querem. As vítimas muitas vezes querem que o agressor mude seu comportamento, e em muitos casos elas sequer conseguem acessar o serviço de proteção, porque elas estão depressivas, muito machucadas emocionalmente por causa do ciclo de violência a que estão submetidas. Esse atendimento multidisciplinar ajuda a dar à mulher o fortalecimen­to necessário para que ela identifique que está em um relacionamento abusivo e se libertar desta violência”, destaca Kazumi Tanaka.

Em muitos crimes, só a denúncia da mulher pode dar início ao atendimento jurídico necessário para a punição do agressor. “Os crimes de estupro e violência doméstica não têm testemunha. São apenas a vítima e o agressor. Então, não há testemunhas dessas agressões. A palavra da vítima nestas situações é muito relevante e vai se juntar às provas judiciais, sendo fundamental para a decisão da Justiça. Mas, independentemente de qualquer coisa, precisamos da colaboração da vítima”, afirma.

Fortalecimento
Kazumi Tanaka frisa que a violência contra a mulher sempre ocorreu e que as ocorrências registradas na DEM se mantém em um patamar muito próximo ano após ano, mas agora há um grande estímulo para que haja a denúncia.
“Com essa cultura de identificação dos relacionamentos abusivos, violentos, as mulheres estão procurando mais ajuda, têm conversado mais entre si, buscando mais informações e denunciando estes casos com mais frequencia”, diz.
Por isso, ela acredita que é preciso fortalecer as políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher.

“Vamos mudar esse quadro à medida que as políticas forem fortalecidas, fazendo com que a mulher identifique as situações de violência e acreditem que suas denúncias serão levadas a sério e com respeito, elas serão estimuladas a se libertar dessa situação”.

FIQUE ALERTA E DENUNCIE:

Ligue 180
O Ligue 180 foi criado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), em 2005, para servir de canal direto de orientação sobre direitos e serviços públicos para a população feminina em todo o país (a ligação é gratuita).

Delegacia Especial da Mulher
A Delegacia Especial da Mulher (DEM) fica localizada na Avenida Beira-Mar. Os telefones de contato são: 0800 280 6060 e 3221-2338

Casa Abrigo
3246-4370

Conselho Municipal da Condição Feminina
Rua dos Afogados, Centro. Telefone: 3212-8309

Número

965 ocorrências foram registradas na Delegacia Especializada da Mulher (DEM)

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