Lava Jato

Audiência de Lula a Moro pode Gerar conflitos ideológicos

Depoimento do ex-presidente no âmbito da lava Jato está marcado para o dia 3 de maio; militantes de esquerda e de direita prometem ir à Curitiba

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39

CURITIBA - Curitiba vive dias de expectativa. Um dos principais cenários das manifestações a favor do impeachment de Dilma Rousseff há exatamente um ano, a capital do Estado do Paraná se mobiliza agora por outro assunto: o depoimento que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusado de praticar crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro, irá prestar na Justiça Federal do Paraná diante do juiz Sérgio Moro, no dia 3 de maio. Nas ruas, esta data é um dos principais temas em conversas e comentários dos curitibanos. Muitos deles prometem comparecer à sede da Justiça Federal do Paraná no dia do depoimento para "recepcionar" o ex-mandatário e apoiar a Lava Jato. Apoiadores do PT de várias cidades brasileiras também planejam atos e caravanas para o mesmo dia. Enquanto isso, a guerra aberta entre Moro e Lula ganhou um novo componente nesta segunda-feira, quando o magistrado determinou que o ex-presidente acompanhe presencialmente os depoimentos de 87 testemunhas de defesa.

No despacho publicado no início da noite, Moro explica que a medida foi tomada para "prevenir a insistência na oitiva de testemunhas irrelevantes, impertinentes ou que poderiam ser substituídas, sem prejuízo, por provas emprestadas".

O magistrado também disse que o número de testemunhas convocadas pela defesa de Lula é "bastante exagerado" e que é "absolutamente desnecessário" escutar todas elas. Ele recordou ainda que em outra ação da Lava Jato na qual o ex-presidente é réu, várias das mesmas testemunhas foram dispensadas ou fizeram depoimentos "de caráter eminentemente abonatório ou sem conhecimento específico dos fatos que eram objeto da acusação". Ainda assim, Moro acatou o requerimento "para evitar alegações de cerceamento de defesa", segundo o magistrado.

A defesa de Lula respondeu em um comunicado que a decisão de Moro "configura mais uma arbitrariedade contra o ex-presidente, pois subverte o devido processo legal, transformando o direito do acusado (de defesa) em obrigação". Além disso, continua a nota, uma vez "presente o advogado, responsável pela defesa técnica, a presença do acusado nas audiências para a oitiva de testemunhas deve ser uma faculdade e não uma obrigação". O ex-presidente é réu em cinco ações, três delas no âmbito da Operação Lava Jato, sem contar os cinco novos pedidos de investigação encaminhados pelo STF.

Ainda não há informações sobre as novas datas nas quais Lula teria que comparecer em Curitiba. A única certeza, por enquanto, é a de sua vinda no dia 3 de maio. A data do depoimento foi definida há pouco mais de um mês por Moro. Desde então, vários eventos nas redes sociais vem sendo programados para “receber a jararaca” — termo usado por Lula para se referir a si mesmo em um discurso após ser levado, no ano passado, para depor coercitivamente. Outros atos também foram agendados para prestar apoio ao ex-mandatário. O EL PAÍS contou 12 eventos no Facebook contra o petista e outros 12 a favor.

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