Censo da educação

Apesar de esforços de inclusão, aluno com deficiência avança menos

Participação de estudantes com deficiência cai a cada etapa, só 0,5% do total dos estudantes do ensino superior são deficientes

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Censo da Educação Básica de 2016 mostra que a participação de estudantes com deficiência cai a cada etapa
Censo da Educação Básica de 2016 mostra que a participação de estudantes com deficiência cai a cada etapa (SINDROME DE DOWN )

SÃO PAULO - Alunos com deficiência têm avançado em menor proporção na "escada" do sistema educacional, apesar dos esforços de inclusão. O Censo da Educação Básica de 2016 mostra que a participação de estudantes com deficiência cai a cada etapa. Nos anos iniciais do ensino fundamental (1.º ao 5.º ano), 3% têm alguma deficiência - física e/ou intelectual. Nos finais, 2%. Já no ensino médio, essa taxa cai para 0,9%.

Especialistas afirmam que todos, não importa o tipo de deficiência, devem ter o direito de concluir estas etapas. Já no ensino superior, que não é obrigatório, há ainda menos alunos com deficiência: só 0,5% do total, segundo o Censo da Educação Superior mais recente, de 2015.

Inclusão

As dificuldades, em todas as etapas, passam principalmente pela falta de formação docente e de infraestrutura. "É importante que no Brasil haja debate mais aprofundado sobre formação docente para educação inclusiva", diz Priscila Cruz, do Todos pela Educação.

Para ela, houve avanço no país desde a implementação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva - quando as redes educacionais tiveram de matricular alunos com deficiência em salas regulares, não mais em escolas especiais, consideradas "segregadas" por especialistas.

Dados comprovam que a política se efetivou: em 2007, só metade dos alunos com deficiência estava em escolas regulares, 12% em classes especiais - salas adaptadas em colégios regulares - e 38% em escolas exclusivas. No ano passado, eram 96,3% em classes comuns.

Batalha

A dona de casa Márcia Maria Batista, de 39 anos, enfrenta uma batalha para manter os filhos na sala de aula. Thamirys, de 9 anos, e Renan, de 11, têm paralisia cerebral. Ele foi para um colégio regular, mas não se adaptou. "Como tem baixa visão e audição, tentei colocá-lo em escola comum. Não deu certo. Ele é diferente, tem quadro mais grave." Então ela optou pela escola especial, onde diz que há "atendimento melhor".

Mesmo no caso de Thamirys, que conseguiu manter em escola municipal regular, há reclamações. "Tenho de brigar quase todo dia, pois ela tem dificuldade para comer e não dão comida na boca nem trocam fralda”, diz.

Como a menina não fala nem escreve sozinha - alguém precisa segurar em sua mão - a maior queixa da escola, diz a mãe, é de que há poucos profissionais. "Ela é inteligente, faz lições de casa, sabe distinguir as coisas. Mas os professores têm dificuldade e não sabem ensinar".

A Secretaria Municipal de Educação diz que "não há registro de queixa da família" e que Thamirys tem "apoio de auxiliar de vida escolar para locomoção, higiene e alimentação". Há 1.109 alunos na escola - 33 com deficiência.

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